Quem critica a realização das touradas sustenta os lemas “Tortura não é arte nem cultura” e “Sim aos touros, não à tourada”. Já a conta da Plaza México na rede social vibrou: “A tourada está mais viva do que nunca e nossos fãs estão aproveitando ao máximo a atmosfera familiar”,
A Plaza México é uma arena de touradas com capacidade para 42.000 pessoas, que é considerada a maior do mundo. No dia 30/01/2024, o Tribunal Federal da Cidade do México havia decidido por uma nova suspensão das touradas, a pedido da organização “Todos y Todos por Amor a los Toros”. Foi a segunda vez.
Pelas redes sociais, Jorge Gaviño, deputado do Congresso da Cidade do México e membro da Associação Parlamentar de Esquerda Liberal, compartilhou a nova medida. “A suspensão é concedida para que as autoridades se abstenham de realizar os atos contestados, bem como a concessão de licenças para esses espetáculos“, diz o documento.
Também conhecidas como tauromaquia, as touradas são uma tradição controversa com raízes profundas em diversas culturas, principalmente na Península Ibérica e em partes da América Latina.
A tradição enfrenta uma crescente oposição por parte de ativistas pelos direitos dos animais e de uma parcela da sociedade que a considera cruel e desnecessária.
A história das touradas é complexa e remonta a milhares de anos, com representações em pinturas rupestres e menções em textos antigos.
As primeiras representações de touradas em pinturas de que se têm registro datam de 3.000 a.C., em Creta, na Grécia.
Na Idade Média, torneios e jogos com touros eram populares entre a nobreza.
Ao longo do século 17, a tauromaquia se profissionalizou na Espanha com a criação de regras e técnicas específicas.
No século 19, foi a chamada 'Idade de Ouro' da tourada, com o surgimento de toureiros lendários como 'Lagartijo' (foto) e 'Frascuelo'.
Já ao longo do século 20, a popularidade da tourada declina em alguns países, enquanto se mantém forte em outros.
Hoje em dia, na Europa, as touradas são permitidas na Espanha, Portugal, no sul da Itália e em algumas regiões do sul da França.
Na América Latina, ainda são realizadas touradas no México, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia. Algumas regiões dos Estados Unidos, como a Califórnia, também mantêm a prática. No Japão, existe tourada, mas de outro jeito: é uma disputa entre touros.
Na França, as touradas foram reconhecidas como parte do Patrimônio Cultural e Imaterial do país, de acordo com a Convenção da UNESCO para proteger o patrimônio cultural.
Na Espanha, as touradas também foram declaradas como Patrimônio Cultural e Imaterial, mas foram proibidas pelas autoridades locais primeiro nas Ilhas Canárias em 1991 e depois na região autônoma da Catalunha, em 2012.
Entre os argumentos a favor das touradas, estão a manutenção da tradição cultural, a defesa da expressão artística e a geração de renda e turismo para as regiões onde a atividade é praticada.
Já quem contraria a prática cita a crueldade e o sofrimento imposto aos animais, a proibição crescente em diversos países, além de considerarem a prática ultrapassada e bárbara.
No Brasil, mais especificamente em Porto Alegre, já houve um tempo em que corridas de touros eram permitidas em uma arena localizada no Campo da Redenção, onde agora fica um parque com o mesmo nome.
Esses eventos eram vistos como sociais, recreativos e artísticos, e atraíam pessoas de diferentes classes sociais. Não há informações claras sobre se os touros eram sacrificados durante essas apresentações.
Praças de touros também foram comuns em São Paulo, Campinas, Santos, Cuiabá, Salvador e no Rio de Janeiro. Em 1934, o então presidente brasileiro Getúlio Vargas proibiu as touradas e as rinhas de galo no país, decisão que continua em vigor até hoje.