Criado por volta de 1870 no Rio de Janeiro, esse gênero musical brasileiro teve como principal expoente a canção 'Flor Amorosa', de Joaquim Callado.
A decisão unânime veio em 29/2/2024 depois de uma reunião entre os 22 membros do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
Ao contrário de objetos ou lugares, o patrimônio imaterial se refere aos conhecimentos culturais transmitidos de uma geração para outra, essenciais para a construção da identidade cultural de uma sociedade.
O pedido foi feito inicialmente pelo Clube do Choro, que fica em Brasília (foto), e ganhou o apoio de outras casas, como o Clube do Choro de Santos e o Instituto Casa do Choro, do Rio de Janeiro.
Reco do Bandolim é uma figura importante no Clube do Choro de Brasília, sendo o atual presidente. Outro músico relevante para a história do lugar é Hamilton de Holanda (foto), que começou lá sua trajetória musical.
'Eu recebo essa notícia como uma coisa justa, o reconhecimento da importância desse gênero pra cultura do Brasil. É importante dizer que quando isso acontece, o Estado passa a ter um cuidado maior com o Choro, ou seja, é uma maneira que a gente encontra de dar proteção, de continuar divulgando esse gênero', afirmou o músico.
'O choro tem uma grande capacidade de conexão e de integração social. É um bem cultural que irradia outros direitos, principalmente a cidadania. Agora, com esse reconhecimento, a missão é fazer o choro ser difundido e popularizado, chegando às escolas, aos espaços públicos e a todos os espaços do Brasil', declarou o presidente do Iphan, Leandro Grass.
Segundo a ministra da Cultura, Margareth Menezes, essa é uma etapa significativa para a música brasileira, conhecida por sua variedade de ritmos: 'O choro é uma construção do povo brasileiro e o Brasil precisa, cada vez mais, se apropriar do chorinho, que é nosso e lindo desde o seu surgimento'.
'Agora, como Patrimônio Cultural do Brasil, será mais um momento muito especial para todos os que gostam e valorizam a nossa cultura', concluiu.
O choro -- ou chorinho -- é caracterizado por uma formação instrumental flexível, mas geralmente composta por violão, cavaquinho, pandeiro e flauta.
O choro tem influências de diversos estilos musicais, como a polca, o lundu, o maxixe e a modinha, e é caracterizado por sua alegria e vivacidade.
As rodas de choro, encontros informais onde músicos se reuniam para improvisar e celebrar a música, foram fundamentais para o desenvolvimento do gênero.
O bandolim, instrumento de cordas dedilhadas, também é um dos pilares do gênero, com Jacob do Bandolim sendo um dos seus maiores expoentes. Veja alguns dos artistas que foram pioneiros do choro no Brasil!
Jacob do Bandolim: Virtuoso do bandolim, Jacob do Bandolim era conhecido por sua técnica impecável e por composições como 'Doce de Coco' e 'Brasileirinho'.
Joaquim Callado: Conhecido como o 'Pai do Choro', encantava com sua flauta virtuosa e melodias inesquecíveis. Uma de suas músicas mais famosas é 'Flor Amorosa', que é considerada uma das primeiras composições de gênero.
Chiquinha Gonzaga: A famosa 'Rainha do Choro', Chiquinha Gonzaga quebrava barreiras e revolucionou o gênero com suas composições inovadoras. É conhecida por clássicos como 'Corta-Jaca' e 'Atraente'.
Ernesto Nazareth: Era conhecido como o 'Poeta do Piano', com suas valsas e polcas que encantaram o mundo. Algumas de suas composições mais conhecidas incluem 'Odeon', 'Brejeiro' e 'Apanhei-te, Cavaquinho'.
Pixinguinha: Considerado um dos maiores compositores e instrumentistas da história do choro, Pixinguinha é conhecido por clássicos como 'Carinhoso' e 'Um a Zero'.
Waldir Azevedo: Conhecido por popularizar o choro na década de 1950 com sua composição 'Delicado', Waldir Azevedo foi um dos maiores cavaquinistas da história do gênero.
O gênero teve um papel importante na história da música brasileira, contribuindo para o desenvolvimento de outros estilos, como a Bossa Nova e a Música Popular Brasileira (MPB).