'Duas costelas quebradas, por isso não estava mais aguentando de dor. Diante de tanto sofrimento, continuei os resgates mesmo com a dor insuportável que estava. Mas teve uma hora que os remédios fortíssimos já não faziam mais efeito', contou ela.
Luisa também relatou que foi ao hospital e fez um exame que comprovou as fratura das costelas. 'Queria saber quando poderia voltar, mas o médico me proibiu', disse, em uma publicação nas redes sociais.
'Confesso que não sabia que era tão grave. Poderia ter perfurado algum órgão', completou a ativista.
Na mesma mensagem, ela confirmou que a equipe que estava com ela segue realizando resgates e contou que pretende lançar uma campanha de adoção para os animais que estiverem sem dono.
Desde o início do desastre, no fim de abril, muitas pessoas têm se unido para ajudar os animais que ficaram perdidos nas inundações em todo o estado do Rio Grande do Sul.
Por conta do trauma, tem sido comum ver os animais fazendo movimentos de natação mesmo quando estão fora da água no colo dos socorristas, depois de serem resgatados.
Uma imagem que viralizou e comoveu muita gente essa semana mostra um dos voluntários encontrando o próprio cachorro em meio às inundações.
No sábado (11/05), um cãozinho resgatado das enchentes surpreendeu um grupo de voluntários ao abraçar a perna de uma veterinária.
'Quando eu fui puxar a perna, eu senti que algo estava segurando. Ele estava chorando. Coisa mais amada. Eu falo que a minha cara de dó era maior que a cara dele de coitado, porque foi de cortar o coração realmente', contou Liandra Dall’Orsoletta, coordenadora do Núcleo de Atenção aos Pequenos Animais (NAPA).
A veterinária é responsável por cuidar dos cães resgatados em Canoas, uma das cidades mais afetadas pelas chuvas intensas no RS.
Na terça-feira (14/05), o resgate de um cavalo que estava preso no terceiro andar de um prédio de São Leopoldo, na região do Vale dos Sinos, ganhou os noticiários.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o resgate da égua começou por volta de 12h e só terminou 19h30. Ao todo, 15 socorristas participaram da operação. Eles precisaram içar o animal através de uma janela.
Segundo o síndico do condomínio, a égua estava lá há 10 dias. Ninguém sabe como ela conseguiu chegar ao apartamento.
De acordo com os bombeiros, o condomínio está totalmente vazio por causa das enchentes. Cerca de 100 mil pessoas estão desalojadas apenas em São Leopoldo. No estado esse número chega a 617 mil.
A situação lembrou o caso do cavalo Caramelo, que emocionou o Brasil. Ele foi resgatado na quinta-feira passada (09/05) depois de ficar preso em cima de um telhado por quatro dias.
Segundo especialistas, embora tenha superado o quadro de desidratação, Caramelo ainda precisa recuperar o peso que perdeu quando ficou ilhado.
Estimativas do Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) apontam que o cavalo foi resgatado com 50kg abaixo do ideal.
De acordo com a a secretaria estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), mais de 11 mil animais já haviam sido resgatados no Rio Grande do Sul até a tarde desta terça feira (14/05).
Além de cães e gatos, também foram recuperadas aves, guaxinins e cavalos. Ainda segundo a secretaria, os animais resgatados são examinados por veterinários e se estiverem saudáveis, são devolvidos aos donos.
Caso não seja possível identificar os donos, os animais são levados para abrigos públicos, ONGs ou clínicas veterinárias, se estiverem machucados.
Na cidade de São Leopoldo, que fica próxima de Porto Alegre, alguns dos animais resgatados estão sendo levados para um grande galpão que costumava ser um hipermercado.
Várias imagens mostram voluntários recebendo e organizando os suprimentos de comida e água para os animais.
Outro registro mostra um depósito de produtos veterinários que os socorristas têm à disposição.
“Essa missão está sendo uma das mais complexas de toda nossa história”, afirmou em nota o Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad).
'É fundamental reconhecer o empenho de todos os agentes envolvidos nos resgates, que formam uma rede integrada e organizada. Estas ações são essenciais para o salvamento das vidas dos animais”, analisou Marjorie Kauffmann, secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura.