'Não pode haver paz no Oriente Médio se não houver reconhecimento [da Palestina]', disse o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store.
O primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris disse que considera o apoio 'histórico e importante'. 'É uma declaração inequívoca de apoio a uma solução de dois Estados como o único caminho crível para a paz e a segurança, para Israel e a Palestina e para os seus povos', declarou.
'Lutar contra o grupo terrorista Hamas é legítimo e necessário, mas Netanyahu [premier de Israel] está gerando tanta dor e tanta destruição, e tanto ressentimento em Gaza e no resto da Palestina, que a solução de dois Estados está em perigo', afirmou Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha.
Agora, as três nações europeias se juntam a cerca de 142 países -- incluindo o Brasil -- e um território que já reconhecem a Palestina como um Estado independente.
Antes do anúncio, apenas a Suécia e a Islândia, na Europa Ocidental, reconheciam a Palestina como Estado.
A Suécia, inclusive, era o único país da União Europeia a concordar com a independência da Palestina.
Até o momento, nenhum país-membro do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) reconhece o Estado da Palestina.
A Organização das Nações Unidas (ONU) também não reconhece totalmente a Palestina como um Estado.
Desde 2012, a Palestina recebe o status de 'Estado Observador Permanente', o que a permite participar dos debates e procedimentos da ONU, mas sem direito a voto.
Em entrevista à CNN, o acadêmico do Carnegie Endowment for International Peace em Londres, HA Hellyer, explicou que “para os palestinos individuais presentes nos Territórios Ocupados, isso não significará absolutamente nada no curto prazo, talvez no médio prazo”.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) chegou a pedir oficialmente à ONU para que aceitasse a Palestina como Estado pleno em 2011, mas o Conselho de Segurança acabou não dando andamento ao processo, que foi arquivado.
Em abril deste ano, os palestinos enviaram um novo pedido à ONU, reabrindo o processo de votação.
O pedido, no entanto, acabou vetado pelos Estados Unidos. Como um dos membros permanentes do conselho, os EUA têm o poder de vetar qualquer proposta.
Em uma votação seguinte na Assembleia Geral, a proposta foi aprovada e enviada de volta ao Conselho de Segurança, mas há a expectativa de que os EUA vetem novamente.
O reconhecimento dos países europeus aumenta a pressão sobre Israel, que está envolvido em um conflito controverso em Gaza.
Se mais nações apoiarem o reconhecimento, Israel pode ficar ainda mais isolado internacionalmente, já que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu continua a rejeitar a ideia de um Estado palestino independente como solução para o conflito israelo-palestino.
O anúncio causou indignação em Israel. A liderança política do país, incluindo membros da oposição, se opõe a discutir a criação de um Estado palestino no momento atual, acreditando que isso recompensaria o Hamas pelo ataque terrorista de 2023.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, criticou duramente a decisão dos países europeus por meio de uma postagem no X (antigo Twitter).
A manifestação dos países europeus gerou manifestações contra e a favor entre os membros da comunidade internacional. A Jordânia considerou 'um passo importante e essencial em direção a uma solução de dois Estados'.
A Arábia Saudita e o Catar exaltaram o apoio dos três países europeus.
O chanceler francês Stéphane Séjourné afirmou que, embora a França não se oponha ao reconhecimento do Estado Palestino, esse não é o momento ideal para fazê-lo.
A iniciativa da Irlanda, Noruega e Espanha pode ser seguida por outros países europeus. Em março, os líderes da Eslovênia e de Malta assinaram um comunicado conjunto com Madri e Dublin em Bruxelas, manifestando o desejo de tomar a mesma medida.
O governo da Eslovênia, inclusive chegou a assinar um decreto a respeito do tema no dia 9 de maio e deve enviá-lo ao Parlamento para aprovação até 13 de junho.