Neste dia 14/06, completam-se 58 anos da abolição do Índice dos Livros Proibidos, também conhecido como 'Index Librorum Prohibitorum'. Conheça mais sobre artefato histórico e controverso!
O livro serviu como uma ferramenta de censura que vigorou por mais de 400 anos, de 1559 a 1966, marcando um período de controle rigoroso sobre o conhecimento e as ideias.
O surgimento do Índice se deu no contexto da Reforma Protestante e do Concílio de Trento (1545-1563).
A lista foi elaborada pela primeira vez em 1559 pelo então Papa Paulo IV.
O objetivo do índice era proteger a fé e a moral dos fiéis, evitando que eles fossem expostos a ideias consideradas heréticas ou imorais.
Entre outras coisas, o Index visava principalmente limitar o acesso a obras que questionavam a doutrina e a autoridade do Papa.
Além disso, o índice queria manter a hegemonia ideológica da Igreja em um período de surgimento de grandes intelectuais.
O Index era elaborado e atualizado periodicamente pela Congregação do Índice, um órgão da Cúria Romana.
A inclusão de um livro na lista significava a proibição total de sua leitura, tradução, posse e venda dessa obra.
O impacto do Index foi significativo, moldando o panorama cultural e intelectual da época. Vários autores renomados e obras conceituadas foram censurados, limitando o acesso ao conhecimento e à livre expressão.
Ao longo dos séculos, o Index incluiu uma vasta gama de obras e autores de diversas áreas do conhecimento. Conheça alguns dos principais!
Galileu Galilei: Físico e astrônomo italiano, proibido por defender o heliocentrismo, contrariando a visão geocêntrica da Igreja.
Nicolau Copérnico: Astrônomo polonês, autor da obra 'De Revolutionibus Orbium Coelestium', que propôs o heliocentrismo.
René Descartes: Filósofo francês, considerado um dos fundadores do racionalismo moderno.
John Locke: Filósofo inglês, precursor do liberalismo político e do empirismo.
Voltaire: Filósofo e escritor francês, um dos principais nomes do Iluminismo, crítico ferrenho da Igreja Católica.
Victor Hugo: Romancista, poeta e dramaturgo francês, conhecido por obras como 'Os Miseráveis' e 'O Corcunda de Notre Dame'.
Giordano Bruno: O filósofo italiano foi incluído no Índice por suas ideias cosmológicas e teológicas que desafiavam a doutrina católica, incluindo a pluralidade dos mundos e a infinitude do universo.
Immanuel Kant: O filósofo alemão teve algumas de suas obras incluídas no Índice, incluindo 'Critique of Pure Reason', devido a suas ideias sobre a autonomia da razão e a religião.
Jean-Jacques Rousseau: O filósofo suíço teve suas obras, como 'Emile, ou De l'éducation' e 'Du Contrat Social', incluídas no Índice devido às suas ideias sobre a educação e a política, que eram vistas como subversivas pela Igreja.
Com o passar do tempo, a efetividade do Index diminuiu gradativamente. O avanço da imprensa, a crescente contestação à autoridade da Igreja e a mudança no panorama cultural tornaram a censura cada vez mais insustentável.
Em 1966, o Concílio Vaticano II revogou o Index Librorum Prohibitorum, reconhecendo a importância da liberdade de expressão e a necessidade de diálogo com outras culturas e ideias.