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Chegada do Kasato Maru: imigração japonesa no Brasil completa 116 anos


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A chegada de imigrantes fortalece a cultura local, que pode beber da fonte de outros costumes e ser afetada por vestimentas, culinárias e línguas diferentes. Além disso, a presença de indivíduos de outros países pode incrementar a economia nacional e impulsioná-la.

Flickr Arquivo Nacional do Brasil

A Embaixada do Japão vai realizar diversas atividades em comemoração ao Dia da Imigração Japonesa no Brasil. A programação inclui promoções em restaurantes japoneses locais, iluminação no Eixo Monumental, projeto de limpeza e outros.

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A chegada dos japoneses teve início oficialmente em 18 de junho de 1908, quando o navio Kasato Maru aportou em São Paulo, trazendo 781 lavradores para as fazendas do interior paulista.

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De acordo com dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão de 2023, há cerca de 2,7 milhões de descendentes e japoneses vivendo no Brasil, a maior comunidade nipônica fora do país oriental.

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Dessa forma, 18 de junho foi estabelecido como o dia nacional da imigração japonesa. O fluxo cessou quase que totalmente em 1973, com a vinda do último navio de imigração Nippon Maru, contando-se quase 200 mil japoneses estabelecidos no país, na ocasião.

Reprodução de vídeo G1

Os descendentes de japoneses chamam-se nikkei, sendo os filhos nissei, os netos sansei, os bisnetos yonsei, e assim por diante. Os nipo-brasileiros que mudaram-se para o Japão em busca de trabalho e lá estabeleceram residência. A partir do fim dos anos 80, foram denominados de dekasseguis.

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Historicamente, o Japão estava superpovoado no início século XX. Com isso, o país tinha ficado isolado do mundo durante os 265 anos do período Edo (Xogunato Tokugawa), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração.

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Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.

Reprodução de vídeo G1

Foi um período de forte isolamento político-econômico e rígido controle interno, regulando os feudos através do código de leis. Em 1868, o período terminou com a Restauração Meiji, quando o governo imperial (tenno) recuperou sua autoridade, marcando o fim das ditaduras feudais, iniciando a modernização.

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O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses, que, na era Meiji, passaram a ser cobrados em dinheiro, enquanto antes eram cobrados em espécie.

Reprodução de vídeo G1

No campo, os lavradores que não tinham tido suas terras confiscadas por falta de pagamento de impostos mal conseguiam sustentar a família. Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas.

Reprodução de vídeo G1

A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais.

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Assim, a partir da década de 1880, o Japão incentivou a emigração de seus habitantes por meio de contratos com outros governos. Antes do Brasil, já havia emigração de japoneses para os Estados Unidos (principalmente Havaí), Peru e México.

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No início do século XX, também houve grandes fluxos de emigração japonesa para colonizar os territórios recém-conquistados da Coreia e Taiwan. Praticamente todos os imigrantes que formaram grandes colônias retornaram ao Japão depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

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Em abril de 1905, chegou ao Brasil o Ministro Fukashi Sugimura, sendo bem recebido tanto pelas autoridades locais como pelo povo. Parte desse tratamento se deve a vitória japonesa na Guerra Russo-Japonesa, frente ao grande Império Russo.

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O relatório produzido por Sugimura aumentou o interesse do Japão pelo Brasil. Influenciados também pelas palestras proferidas pelo secretário Kumaichi Horiguchi, começaram a surgir japoneses decididos a viajar individualmente para a América do Sul.

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Com a expansão das plantações de café, havia demanda por mão de obra barata na zona rural paulista no final do século XIX e no início do século XX. A economia cafeeira foi o grande motor do Brasil desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920.

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A primeira visita oficial para se tentar buscar um acordo diplomático e comercial, com o Japão, ocorreu em 1880. No dia 16 de novembro daquele ano, o vice-almirante Artur Silveira de Mota iniciou, em Tóquio, as conversações para o estabelecimento de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação.

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Mota foi recebido pelo vice-ministro de Negócios Estrangeiros, Kagenori Ueno. Mas o tratado só seria assinado em 1885, pelo ministro plenipotenciário brasileiro Gabriel de Toledo Piza e Almeida e o ministro plenipotenciário japonês Sone Arasuke.

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A imigração de asiáticos foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional.

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Era o eurocentrismo da época, que imperava também no Brasil, que foi colônia de Portugal. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.

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Era o eurocentrismo da época, que imperava também no Brasil, que foi colônia de Portugal. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.

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Apesar do preconceito, o interesse na mão de obra era muito grande e a vinda de um navio com imigrantes japoneses começou a ser planejada para 1897. Por volta de 1901, os preços internacionais do café haviam se recuperado e o governo do Brasil voltou a estudar o recebimento de imigrantes japoneses

Reprodução de vídeo G1

As fazendas de café sentiram uma grande falta de trabalhadores com a diminuição da chegada de italianos, e o governo brasileiro aceitou o recebimento de imigrantes japoneses. Em 1907, o Brasil criou a 'Lei de Imigração e Colonização' que regularizou a entrada de todos os imigrantes.

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O contrato entre Ryo Mizuno, presidente da Kokoku Shokumin Kaisha (Companhia Imperial de Emigração), e o secretário de Assuntos da Agricultura, Carlos José de Arruda Botelho, representando o governo paulista, foi assinado em 6 de novembro de 1907.

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O Kasato Maru é considerado pela historiografia oficial como o primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses. A viagem de 52 dias começou no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos em 18 de Junho de 1908. Vieram 781 pessoas, sendo 186 mulheres que compunham 165 famílias.

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Esses imigrantes foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista. Naquela época, antes de embarcarem, todos eram obrigados a passar por um processo, no qual faziam exames médicos e tinham aulas básicas de português

- Flickr Eduardo PA

Somente em 28 de junho de 1910, chegou a Santos outro navio, o Ryojun Maru, trazendo mais 906 imigrantes japoneses, que constituíam 247 famílias, divididas entre 518 homens e 391 mulheres, que foram enviados para trabalhar em 17 fazendas de café no Estado de São Paulo.

Divulgação

Os anos 60 foram marcados, em muitos aspectos, pela integração dos nikkeis à sociedade brasileira. Além da participação ativa na vida política por meio de seus representantes nas casas legislativas, eles começaram a despontar nas áreas culturais, notadamente na grande imprensa

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A unidos do Porto da Pedra no Carnaval de 2008 entrou na Marquês de Sapucaí com o enredo '100 anos de imigração japonesa no Brasil - tem pagode no Maru'. A agremiação de São Gonçalo ficou na 11ª posição, à frente da rebaixada São Clemente.

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