O membro do Congresso Juan Carlos Losada disse que a decisão serve de 'exemplo para o mundo' porque isso acarreta em uma 'sociedade menos violenta e, portanto, mais civilizada”.
Em fevereiro de 2024, foi a vez do México suspender -- pela segunda vez -- todas as touradas realizadas na Plaza de Toros México, na Cidade do México, depois de um pedido da organização 'Todos y Todos por Amor a los Toros'.
A Plaza México é uma enorme arena de touradas com capacidade para 42.000 pessoas, considerada a maior do mundo para essa finalidade.
Antes, as touradas haviam sido suspensas na Cidade do México em maio de 2022. Na época, o caso foi enviado à Suprema Corte do país, que chegou a suspender a proibição alegando 'motivos técnicos'.
Mesmo que protetores dos animais tenham considerado a proibição uma vitória, a prática ainda é considerada legal na maior parte do México.
Também conhecidas como tauromaquia, as touradas são uma tradição controversa com raízes profundas em diversas culturas, principalmente na Península Ibérica e em partes da América Latina.
A tradição enfrenta uma crescente oposição por parte de ativistas pelos direitos dos animais e de uma parcela da sociedade que a considera cruel e desnecessária.
A história das touradas é complexa e remonta a milhares de anos, com representações em pinturas rupestres e menções em textos antigos.
As primeiras representações de touradas em pinturas de que se têm registro datam de 3.000 a.C., em Creta, na Grécia.
Na Idade Média, torneios e jogos com touros eram populares entre membros da nobreza.
Ao longo do século 17, a tauromaquia se profissionalizou na Espanha com a criação de regras e técnicas específicas.
No século 19, foi a chamada 'Idade de Ouro' da tourada, com o surgimento de toureiros lendários como 'Lagartijo' (foto) e 'Frascuelo'.
Já ao longo do século 20, a popularidade da tourada declina em alguns países, enquanto se mantém forte em outros.
Hoje em dia, na Europa, as touradas são permitidas na Espanha, Portugal, no sul da Itália e em algumas regiões do sul da França.
Na América Latina, ainda são realizadas touradas no México, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia.
Algumas regiões dos Estados Unidos, como a Califórnia, também mantêm a prática. No Japão, existe tourada, mas de outro jeito: é uma disputa entre touros.
Na França, as touradas foram reconhecidas como parte do Patrimônio Cultural e Imaterial do país, de acordo com a Convenção da UNESCO para proteger o patrimônio cultural.
Na Espanha, as touradas também foram declaradas como Patrimônio Cultural e Imaterial, mas foram proibidas pelas autoridades locais primeiro nas Ilhas Canárias em 1991 e depois na região autônoma da Catalunha, em 2012.
Entre os argumentos a favor das touradas, estão a manutenção da tradição cultural, a defesa da expressão artística e a geração de renda e turismo para as regiões onde a atividade é praticada.
Já quem contraria a prática cita a crueldade e o sofrimento imposto aos animais, a proibição crescente em diversos países, além de considerarem a prática ultrapassada e bárbara.
No Brasil, mais especificamente em Porto Alegre, já houve um tempo em que corridas de touros eram permitidas em uma arena localizada no Campo da Redenção, onde agora fica um parque com o mesmo nome.
Esses eventos eram vistos como sociais, recreativos e artísticos, e atraíam pessoas de diferentes classes sociais. Não há informações claras sobre se os touros eram sacrificados durante essas apresentações.
Praças de touros também foram comuns em São Paulo, Campinas, Santos, Cuiabá, Salvador e no Rio de Janeiro. Em 1934, o então presidente brasileiro Getúlio Vargas proibiu as touradas e as rinhas de galo no país, decisão que continua em vigor até hoje.