'Mas queria falar um pouco de meu irmão. Meus dois irmãos, o mais velho e o mais novo, foram meus companheiros de vida. O mais novo se foi em 2019', declarou a cantora, emocionada, em um vídeo.
Fafá de Belém completa 50 anos de carreira. A cantora, dona de uma das vozes mais marcantes da música brasileira, foi, inclusive, homenageada como enredo da escola de samba Império da Casa Verde neste último carnaval em São Paulo.
Nascida em 9 de agosto de 1959, em Belém, foi batizada como Maria Fátima Palha de Figueiredo. A artista é filha de portugueses e, com isso, adquiriu nacionalidade portuguesa em 2011 e tem fortes ligações com o fado.
Afinada desde jovem, Fafá chegou a residir em São Paulo, mas logo voltou para sua terra natal. Em 1970, se mudou com a família para o Rio de Janeiro, que vivia uma ebulição cultural. Três anos depois voltou para Belém, onde fugia de casa para se apresentar em saraus e serestas e já demonstrava todo seu talento.
Mesmo assim, pretendia ser psicóloga. Até que aos 16 anos, iniciou sua carreira artística ao conhecer o produtor baiano Roberto Santana, da Philips/PolyGram, responsável por artistas como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Quinteto Violado, Alcione, Emílio Santiago, etc.
Em 1973, estreou como atriz no musical 'Tem Muita Goma no meu Tacacá', que satirizou o cenário político da época no principal teatro de Belém, o Theatro da Paz. No ano seguinte, participou da peça 'Os Sete Gatinhos' e, em 1975, estreou como cantora ao assinar com a Polydor Records..
O primeiro sucesso da cantora foi 'Filho da Bahia'. Canção gravada para a trilha sonora da novela global Gabriela, que também originou um clipe no programa Fantástico. Na mesma época, lançou o primeiro compacto, que continha as canções 'Naturalmente' e 'Emoriô'.
Sua apresentação no Fantástico foi elogiada pelo célebre cronista Artur da Távola, que afirmou que sua aparição na TV fez 'o Brasil explodir a tela'. Ali, começou a crescer na carreira e ganhar fama no cenário nacional. O primeiro disco, em 1976, se intitula 'Tamba-Tajá', pela gravadora Polydor, com um repertório eclético.
No ano seguinte, produziu seu segundo álbum: Água, que vendeu mais de cem mil cópias. Entre os sucessos, estão a regravação do clássico 'Ontem ao Luar', 'Raça e Sedução' (ambas de autoria da dupla Milton Nascimento e Fernando Brant), 'Foi assim' e 'Pauapixuna'.
No fim dos anos 70, emplacou mais hits como 'Dentro de Mim Mora um Anjo', 'Maria Solidária' e 'Moça do Mar'. Além de 'Sob Medida', um dos maiores sucessos de sua carreira, composta por ninguém menos que Chico Buarque.
Durante as Diretas Já, a cantora participou ativamente dos comícios. Se apresentou gratuitamente em passeatas cantando 'O Menestrel das Alagoas', em homenagem a Teotônio Vilela, e o Hino Nacional Brasileiro. Fafá soltava uma pomba branca, gesto que se tornou símbolo do movimento e a transformou na 'musa'.
Em 1984, transferiu-se para a independente Som Livre, com hits como 'Você em minha vida', 'Aconteceu você' e 'Promessas'. Esta última foi o tema de abertura da última novela de Janete Clair, Eu Prometo. Na segunda metade dos anos 1980, adicionou ao repertório músicas relacionadas com os estilos carimbó, siriá, lambada e brega.
Emplacou, então, um sucesso atrás do outro. Nesse caminho prosseguiu com 'Atrevida' (1986), que vendeu mais de 500 mil cópias graças ao sucesso da canção 'Memórias'. Também cantou 'Meu Dilema' e 'Meu Disfarce'.
Em 1989, assinou com a gravadora BMG, que lançou o álbum Fafá, o qual englobou as lambadas 'Chorando se Foi' e 'Conversa Bonita'. Além dos sucessos românticos 'Nuvem de Lágrimas', 'Amor Cigano' e 'Coração do Agreste'.
Em 1991, publicou o álbum Doces Palavras, com destaque para 'Águas Passadas' e 'Coração Xonado'. A versão deste em CD trouxe três faixas-bônus, 'Eu Daria Minha Vida' (Martinha), 'A Luz é Minha Voz' e 'Dê uma Chance ao Coração' (Michael Sullivan e Paulo Massadas).
No ano seguinte, gravou em Portugal o disco Meu Fado. Enfileirou também grandes obras como 'Do Fundo do Meu Coração' (1993), 'Cantiga Pra Ninar Meu Namorado' (1994) e 'Pássaro Sonhador' (1996) e 'Coração Brasileiro' (1998).
Na década de 2000, lançou Maria de Fátima Palha Figueiredo (2000), que trouxe diversas canções consagradas românticas da MPB, bem como as regravações de 'Meu nome é ninguém', 'Foi assim' e 'Sob medida'. Depois, lançou Piano e voz (2002) e Fafá de Belém do Pará - O Canto das águas (2003), que destacou culturas nortistas.
Em 2007, lançou Fafá de Belém ao vivo, que rendeu seu primeiro DVD, pela gravadora EMI - única multinacional que ainda não havia editado um disco da cantora. Em 2012, fez parte da bancada de jurados da última temporada do programa Ídolos, exibido na Rede Record, ao lado de Marco Camargo e Supla.
A obra 'Do tamanho certo para o meu sorriso' marcou os 40 anos de carreira da cantora. É um álbum que celebra o brega paraense, reunindo canções clássicas e algumas inéditas, como a faixa 'Asfalto Amarelo'. Em 2019, seu disco 'Humana' foi eleito um dos 25 melhores álbuns brasileiros pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em 2011, Fafá de Belém obteve a nacionalidade portuguesa (dupla nacionalidade). A cantora sempre demonstrou o carinho que tem por Portugal, não só por ser proveniente de uma família de portugueses, mas também pelo enorme sucesso e grande popularidade que tem naquele país.
Em 5 de março de 1981, Fafá de Belém deu à luz sua única filha, Mariana Belém, nascida do relacionamento com o saxofonista Raul Mascarenhas. Com pouco tempo de namoro, Fafá engravidou, e eles foram viver juntos, mas poucos meses após o nascimento da filha, se separaram. Se tornou avó da Laura em 2011 e da Julia, em 2016.
Na carreira, Fafá de Belém tem 65 faixas em trilha de novelas. A mais recente foi em 2022, quando sua gravação de “Revelação” tocou em “Todas as flores” (“caí sentada, porque ela entrou numa cena fortíssima, do Fábio Assunção!”). Foi jurada da edição Mais do The Voice, da TV Globo, com participantes acima de 60 anos.