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Pura ousadia: Nair de Teffé, a primeira caricaturista mulher do mundo


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REPRODUÇÃO/ARQUIVO CELSO UNZELT

Nascida em 1886, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, Nair foi educada na França, onde teve contato com diversas formas de expressão artística. Seu pai, o Barão de Teffé, era uma figura proeminente, graças ao seu posto de herói da Guerra do Paraguai (1864-1870).

AbnaderBrasil /Wikimédia Commons

De volta ao Brasil, em 1906, Nair renasce como Rian, pseudônimo sob o qual publicou caricaturas de personagens da alta sociedade. A primeira delas foi a da artista francesa Réjane, na revista Fon-Fon!, em 1909.

REVISTA FON-FON!/MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Ao longo da vida, foi pintora, cantora, atriz e pianista brasileira. No entanto, é notada por ter sido a primeira caricaturista mulher do mundo e primeira-dama do país, como a segunda esposa do Marechal Hermes da Fonseca, 8.º Presidente do Brasil.

REPRODUÇÃO/ARQUIVO CELSO UNZELT

Filha do Antônio Luís von Hoonholtz, 1.º barão de Teffé, e de Maria Luísa Dodsworth, baronesa de Teffé, Nair tinha mais três irmãos: Álvaro, Oscar e Otávio. Pelo lado paterno era neta de Frederico Guilherme von Hoonholtz, conde von Hoonholtz.

REVISTA FON-FON!/MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Pelo lado materno era sobrinha de Jorge João Dodsworth, 2.° barão de Javari, e prima-irmã de Maria Leocádia Dodsworth de Frontin, condessa de Frontin, esposa do engenheiro Paulo de Frontin, conde de Frontin.

Reprodução do Museu da República

Os periódicos O Binóculo, A Careta, O Ken, bem como os jornais Gazeta de Notícias e da Gazeta de Petrópolis publicaram suas caricaturas da elite da época. Ela tinha um traço ágil e transmitia muito bem o caráter das pessoas. Na imagem, a caricatura do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

REPRODUÇÃO/MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Ela deixou de exercer sua carreira como caricaturista em 8 de dezembro de 1913, ao casar-se com o então presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca.

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Embora já estivessem noivos desde 6 de janeiro do mesmo ano. Hermes era viúvo de Orsina da Fonseca (falecida em 1912). Depois de casada, a caricaturista alterou seu nome para Nair de Teffé Hermes da Fonseca.

Reprodução do Museu da República

No posto, escandalizou a classe política ao trazer música popular para o Palácio do Catete, antiga sede do governo federal no Rio de Janeiro. A primeira-dama promovia saraus no local, que ficaram famosos por introduzir o violão nos salões da sociedade.

Reprodução do Museu da República

O primeiro dos marcantes saraus organizados por Teffé contou com a presença de Catulo da Paixão Cearense, um dos maiores compositores da história da MPB. O segundo e mais famoso teve em sua programação a apresentação da canção Corta-Jaca, de Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra no país.

Reprodução Museu Histórico nacional

O pai proibia também a maior paixão de Nair, o teatro, como ela mesma conta em seu livro de memórias, 'A verdade sobre a revolução de 22', publicado em 1975.

Reprodução Museu da Repíblica

Em 1912, ela atuou em uma peça escrita especialmente para ela: 'Miss Love', de Coelho Neto. Nair também fundou sua própria trupe, a companhia Rian, que usava para obras sociais. Lançou no Brasil a moda de calças compridas para mulheres e a de montar a cavalo como homem.

Reprodução Arquivo Nacional

Neste mesmo ano, Nair teve sua primeira exposição com mais de 200 trabalhos exibidos na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro. Elas foram conferidas pelo presidente Hermes da Fonseca. Na foto, caricatura do ex-presidente Jânio da Silva Quadros.

Reprodução Museu Histórico nacional

Conforme foi construindo sua fama de caricaturista, passou a ser temida nos salões de baile. A elite temia ser retratada por sua pena mordaz. Na foto, caricatura do ex-presidente João Café Filho.

Reprodução Museu Histórico nacional

Durante a década de 1910, Rian publicou três séries de caricaturas na imprensa carioca. Entre elas, estão a Galeria das Elegâncias e a Galeria das Damas Aristocráticas, se dedicaram às mulheres.

REVISTA FON-FON!/MUSEU HISTÓRICO NACIONAL

Com a Galeria dos Smarts, voltada aos gentlemen, Nair não destacava apenas os vestuários, mas fez graça com traços da fisionomia dos políticos, artistas, militares e outros homens públicos.

Reprodução Museu Histórico nacional

Mais tarde, a artista continuaria a devotar sua atenção aos políticos, principalmente aos adversários do marido. Depois de um hiato entre os anos 1920 e 1940, ela retoma sua produção nos anos 1950 a convite de Herman Lima, um crítico de arte.

Reprodução Museu Histórico nacional

Nesta época, produziu caricaturas de figuras como Juscelino Kubitscheck, presidente entre 1956 e 1961, Fidel Castro, líder da revolução cubana, e Carlos Lacerda, jornalista e político.

Reprodução Museu Histórico nacional

Algumas ilustrações deste período fazem parte do acervo do Museu Nacional e foram lançadas online em parceria com o Google Arts no início de abril.

Nair de Teffé - Reprodução Museu Histórico nacional

Logo após o término do mandato presidencial, Nair mudou-se novamente para a Europa. Voltou para o Brasil por volta de 1921 e participou da Semana de Arte Moderna.

Reprodução Museu Histórico nacional

Em Petrópolis, foi eleita, em 1928, presidente da Academia de Ciências e Letras, que foi extinguido em 1929 e fundou em seu lugar a Academia Petropolitana de Letras, sendo presidente até 1932.

Reprodução Museu Histórico nacional

Em 9 de abril de 1929, Nair tomou posse na Academia Fluminense de Letras. Na sequência, fundou em 28 de novembro de 1932, o Cinema Rian, na Avenida Atlântica, em Copacabana.

Reprodução Museu Histórico nacional

Decidiu, então, morar em Pendotiba, em Niterói, adotou três crianças: Carmen Lúcia, Tânia e Paulo Roberto. Já viúva, Nair, aos 73 anos, voltou a fazer caricaturas de várias personalidades e participou das comemorações do Dia Internacional da Mulher.

Reprodução Museu Histórico nacional

Morreu de infecção pulmonar agravada por insuficiência cardíaca, no Rio de Janeiro, no dia de seu aniversário de 95 anos, em 10 de junho de 1981.

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