A exposição “Clara, Guerreira” trará documentação sobre a vida e a obra da cantora mineira, “de forma imersiva e interativa”. A atração é inspirada no livro “Clara Nunes, Guerreira da Utopia”, do jornalista Vagner Fernandes.
Clara Nunes nasceu em 12 de agosto de 1942 no distrito de Cedro, que hoje é um municipio emancipado de nome Caetanópolis, no interior de Minas Gerais. Foi lá que começou a cantar em corais de igreja.
Caçula de sete filhos, ela perdeu os pais muito cedo, ambos vítimas de problemas de saúde, e foi criada pela irmã mais velha, Maria Gonçalves.
Durante um período em que morou na capital Belo Horizonte, Clara Nunes deu início à carreira musical em programas de rádio locais. Nessas apresentações, a voz potente passou a fazer sucesso entre os ouvintes mineiros.
Mais tarde, em 1965, quando se mudou para o Rio de Janeiro, Clara começou a se envolver com o mundo do samba, gênero que a consagraria, deixando para trás as interpretações de boleros.
O universo do samba a aproximou também dos terreiros das religiões de matriz africana, o que teria enorme influência em seu estilo e musicalidade. Esse contato faria de Clara uma voz importante na luta contra o preconceito religioso.
A artista transportou para seus figurinos essa religiosidade. Em 2023, a exposição “Clara Nunes - Eu Sou a Tal Mineira”, em no Museu da Moda, em Belo Horizonte, mostrou em detalhes essa faceta da cantora.
Já na capital fluminense, Clara gravou seu primeiro disco, na Odeon. Mas o álbum que a guindou ao sucesso foi “Você Passa e Eu Acho Graça”.
No seu quinto álbum, “Clara Clarice Clara”, de 1972, a cantora direcionou definitivamente seu caminho pelo samba. Entre as faixas estão composições de Nelson Cavaquinho, Cartola e Caetano Veloso.
Entre canções que se eternizaram na voz de Clara Nunes estão “Feira de Mangaio”, “O Mar Serenou” e “Conto de Areia”
“Morena de Angola”, composição de Chico Buarque que Clara Nunes gravou no início dos anos 80, é outra canção de sucesso em seu repertório.
Um feito importante da carreira de Clara Nunes é que ela foi a primeira cantora brasileira a bater a marca de 100 mil discos vendidos.
Um dos shows marcantes da carreira de Clara Nunes foi “Poeta, Moça e Violão”, em que cantou ao lado de Toquinho e Vinícius de Moraes. Em 1991, foi lançado um disco com a gravação ao vivo da apresentação no Teatro Castro Alves, em Salvador.
Clara Nunes fez shows em Angola, na África, representou o Brasil no Midem (encontro musical de empresas ligadas à indústria da música), em Cannes, na França, e lançou álbum na Europa em 1974, que foi um sucesso de vendas.
Em 1975, Clara Nunes casou-se com o poeta e compositor Paulo César Pinheiro, autor de dezenas de letras marcantes da música brasileira, como “Lapinha”, Vou Deitar e Rolar” (ambas com Baden Powell), e “Canto das Três Raças” (com Mauro Duarte), que ficou bastante conhecida na voz da mineira.
Clara Nunes teve uma relação de amor com a Portela. Em 1975, ela foi a intérprete da escola no desfile com o samba “Macunaíma”. Além disso, sua gravação de “Portela na Avenida”, composição de Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte, tornou-se um clássico do samba.
Clara Nunes morreu de forma precoce, fato que consternou o universo da música brasileira, no dia 2 de abril de 1983, aos 40 anos, em um procedimento cirúrgico simples para remover varizes, na ClÃnica São Vicente, no Rio de Janeiro.
No período, houve muitas especulações sobre a causa da morte. Mas, em seu livro sobre Clara Nunes, o biógrafo Vagner Fernandes esclarece que a artista sofreu um choque anafilático - uma reação alérgica - na sedação para a cirurgia.