Ele havia sido sentenciado à pena de morte há 56 anos e passou 48 na cadeia. As informações são da agência Associated Press (AP).
Com isso, Hakamada se tornou o prisioneiro que mais tempo aguardou no corredor da morte em todo o mundo antes de ser considerado inocente.
Absolvido pelo Tribunal Distrital de Shizuoka, Hakamada se tornou o 5º condenado à morte a ser inocentado em um novo julgamento na justiça criminal japonesa desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O juiz Koshi Kunii, presidente do tribunal, declarou que foram identificadas várias falsificações nas evidências, de acordo com informações da emissora japonesa NHK.
O homem havia sido condenado pelo assassinato a facadas do próprio chefe, da esposa e dos dois filhos do casal. Os corpos foram encontrados após um incêndio.
A sentença de morte do ex-boxeador, decretada em 1968, nunca ocorreu devido a sucessivos recursos e à tramitação de um novo julgamento.
O Tribunal Superior do Japão levou 27 anos para negar sua primeira apelação e a realização de um novo julgamento.
A segunda apelação, feita em 2008 pela irmã de Hakamada, finalmente resultou em uma decisão favorável em 2023, permitindo enfim um novo julgamento.
Em 2014, aos 83 anos, Hakamada chegou a ser solto quando surgiram novas evidências sugerindo que a condenação havia sido baseada em provas manipuladas pelos investigadores.
Libertado, ele permaneceu em prisão domiciliar devido à sua saúde debilitada e ao baixo risco de fuga em função da idade avançada.
Antes do veredicto final, os promotores insistiram novamente pela pena de morte em uma audiência no tribunal de Shizuoka, realizada em maio deste ano.
O pedido gerou críticas de grupos de direitos humanos, que acusaram as autoridades de tentarem prolongar o processo judicial.
Ao longo do processo de investigação, o ex-boxeador começou negando as acusações, mas depois confessou. Posteriormente, ele alegou que sua confissão foi extraída 'à força' pela polícia.
Seus defensores afirmam que os quase 50 anos de prisão teriam afetado gravemente sua saúde mental.
Praticamente todo o tempo que passou preso Hakamada ficou em uma solitária, temendo ser executado a qualquer momento.
Antes do veredicto, sua irmã Hideko Hakamada, de 91 anos, declarou que 'estava em uma batalha que parecia não ter fim'. Ela dedicou praticamente metade da vida lutando pela absolvição de Iwao.
Um elemento crucial para a absolvição de Hakamada foi a descoberta de cinco peças de roupas com manchas, que os investigadores alegaram ter sido usadas por ele durante o crime. Escondidas em um tanque de pasta de soja fermentada, essas roupas só foram achadas mais de um ano após sua prisão.
Em 2023, experimentos científicos comprovaram que roupas submersas na substância por tanto tempo escureceriam a ponto de tornar as manchas invisíveis, levantando a possibilidade de que as evidências tivessem sido manipuladas.
Além disso, as calças apresentadas pelos promotores como prova eram pequenas demais para ele, e não lhe serviram quando as vestiu durante o julgamento.
Entre os países do G7, apenas Japão e Estados Unidos ainda praticam a pena de morte. Segundo uma pesquisa feita pelo governo japonês, a maioria dos cidadãos apoia a manutenção das execuções.
No Japão, as penas de morte acontecem de forma sigilosa, e os prisioneiros só são informados de que serão enforcados na manhã da execução.