A Unidos de Vila Isabel escolheu o seu samba para o Carnaval de 2025. Na próxima edição da folia carioca, a escola da terra de Noel Rosa levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, do carnavalesco Paulo Barros.
O samba vencedor é resultado da união de seis compositores: Raoni Ventapane (neto de Martinho da Vila), Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva.
“A expectativa é a melhor possível. O enredo é maravilhoso, é bem alegre. Tô feliz pra caramba. Esperem a Vila Isabel na Avenida. A bateria tá afiada”, falou o mestre de bateria, Macaco Branco.
A Unidos de Vila Isabel será a última escola a entrar na avenida na segunda-feira de Carnaval (3 de março). Vale lembrar que por decisão da Liesa, em comum acordo com as escolas, os desfiles do Rio de Janeiro serão realizados em três dias.
Em 2024, a Vila ficou em 6º lugar e voltou ao desfile das campeãs, com a reedição de 'Gbala - Viagem ao Templo da Criação', enredo do Carnaval de 1993, de Martinho da Vila.
A Unidos de Vila Isabel é uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro. Atualmente, está sediada no Boulevard 28 de Setembro, no bairro de mesmo nome, e foi campeã do Grupo Especial do Carnaval em 1988, 2006 e 2013.
Em seu brasão, há a coroa da Princesa Isabel onde figuram, na parte de cima, um resplendor com uma fita azul e as iniciais da agremiação (GRESUVI). Na parte de baixo, uma clave de sol, um pandeiro e a pena de Noel Rosa.
Antônio Fernandes da Silveira, conhecido como Seu China, foi o mentor da Unidos de Vila Isabel. Ele era pintor e residia no Morro do Salgueiro, onde fundou o 'Bloco Verde e Branco', que mais tarde originou a escola de samba 'Depois Eu Digo'.
Em 1945, Seu China se mudou para o Morro dos Macacos e entrou em contato com o carnaval de Vila Isabel. Ele, então, achava que o bairro de Noel Rosa merecia ter uma escola de samba e, em 1946, se reuniu com os componentes do Acadêmicos da Vila, que aceitaram a ideia de fundar uma agremiação.
A Unidos de Vila Isabel foi fundada em 4 de abril de 1946, no quintal da casa de Seu China, na Rua Senador Nabuco, número 248, casa 3, na subida do Morro dos Macacos, onde funcionou a primeira sede da agremiação.
Os primeiros ensaios foram realizados no Campo do Andaraí. Já o primeiro enredo da Vila, 'Escrava Rainha', contou com apenas 100 componentes desfilando na Praça Onze: 27 ritmistas, 13 baianas e mais 50 pessoas.
Uma das figuras mais conhecidas da escola é, sem dúvida, Martinho da Vila. Sua entrada na agremiação aconteceu em 1965, quando fazia parte da Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato e já estava partindo para o Império Serrano, quando surgiu o convite para integrar a ala de compositores da Vila Isabel.
Em 1979, a Vila se saiu vitoriosa do Grupo 1B, com um enredo feito por Yêdda Pinheiro, Fernando Costa e Sylvio Cunha. Ele falava sobre 'Os dourados anos de Carlos Machado'.
Antes de Kizomba, a Unidos de Vila Isabel foi vice-campeã em 1980, com o enredo 'Sonho de um sonho', em um célebre samba composto por Martinho da Vila. Com Max Lopes, ficou em terceiro, em 1985, com o enredo 'Parece Até que Foi Ontem' e em quinto, em 1987, com 'Raízes'.
No Grupo Especial, a Vila Isabel conquistou seu primeiro campeonato em 1988, com o enredo 'Kizomba, a festa da raça'. O desfile marcou a passarela do samba, por abusar de materiais alternativos, como a palha e sisal, e pela garra dos componentes da escola.
Para muitos, Kizomba é um dos maiores desfiles e sambas da história do Carnaval carioca. Infelizmente, devido a um grave temporal, que deixou a cidade do Rio de Janeiro em estado de calamidade pública, o Desfile das Campeãs não foi realizado em 1988.
Após a vitória no ano de 1988, a escola ainda conseguiu uma boa colocação com 'Direito é Direito', em 1989 (4º lugar). Nesse ano, foi marcante a comissão de frente formada por mulheres grávidas.
Ao longo dos anos 90, a Vila Isabel teve um desempenho irregular, bem longe da disputa do título. Em 2000, então, a agremiação amargou a 13ª colocação, com o rebaixamento. O retorno só aconteceu com o título do Acesso, em 2004, com um enredo sobre a cidade de Paraty.
No ano seguinte, teve Joãosinho Trinta, que vítima de um derrame cerebral não pôde continuar os trabalhos. A Vila, então, trouxe um enredo sobre navios (10ª colocação). Em 2006, a agremiação levou para a avenida o enredo 'Soy loco por ti América - A vila canta a latinidade', de Alexandre Louzada, e conseguiu seu segundo título.
Em 2009, o carnavalesco Paulo Barros, em parceria com Alex de Souza, desenvolveu o enredo sobre o centenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ficando na 4ª colocação. No ano seguinte, homenageou ninguém menos que Noel Rosa, com samba de Martinho da Vila, e repetiu o desempenho (ao ficar em quarto).
A saudosa carnavalesca Rosa Magalhães chegou em 2011, com um enredo sobre cabelo, ficando com o quarto lugar. No ano seguinte, fez um excelente trabalho, com um carnaval sobre Angola, ocupando a terceira posição.
No entanto, foi em 2013 que a Vila Isabel voltou a figurar no topo da tabela. A agremiação homenageou o agricultor com o enredo 'A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo - Água no feijão que chegou mais um'. e se consagrou, com um samba extremamente popular.
Em junho de 2022, Luiz Guimarães, filho do Capitão Guimarães, assumiu a presidência da Vila, aos 24 anos de idade, se tornando o dirigente mais novo a assumir uma escola de samba. No ano seguinte, com um enredo sobre festas religiosas, Paulo Barros surpreendeu com uma alegoria sobre o São Jorge, muito premiada.
A Vila apostou na reedição, mas não obteve um resultado satisfatório ao ficar somente em sexto. Para 2025, a escola segue firme na busca pelo tetra e terá um enredo mais leve, para Paulo Barros usar e abusar da criatividade e tentar surpreender o público e os jurados.