De acordo com o governador Jean Jacques Purisi, da província de Kivu, a embarcação teria afundado devido à superlotação. O acidente aconteceu na quinta-feira (3/10).
Vídeos gravados por passageiros de um outro barco que estava nas proximidades capturaram o momento em que a embarcação começa a inclinar, até virar completamente e afundar, ficando de ponta-cabeça.
'Levará pelo menos três dias para obter os números exatos, porque nem todos os corpos foram encontrados ainda', declarou o governador.
Até o início da tarde desta segunda-feira (07/10), cerca de 60 pessoas haviam sido resgatadas com vida; o restante segue desaparecido.
Segundo a agência de notícias Reuters, o incidente gerou muita comoção dos familiares enquanto os corpos das vítimas eram levados em sacos.
A embarcação virou quando estava a cerca de 700 metros do porto local. As causas ainda serão investigadas, segundo as autoridades.
Um dos sobreviventes relatou que as condições do mar estavam calmas quando o barco começou a virar. O homem contou que lutou para ficar vivo até ser resgatado pelos socorristas.
'Eu vi pessoas afundando, muitos foram para o fundo. Eu vi mulheres e crianças afundando na água, e eu mesmo estava à beira de me afogar', contou Alfani Buroko Byamungu, de 51 anos.
Um morador de Goma, onde o barco deveria atracar, disse que por 'consequências da guerra', não existe 'um esforço para eliminar os inimigos da estrada para que ela possa se tornar operacional novamente'. Ele perdeu três parentes no acidente.
O Lago Kivu, onde aconteceu o incidente, é um dos Grandes Lagos Africanos, localizado na fronteira entre a República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda, na região dos vales do Rift Africano.
Ele faz fronteira ao oeste com a República Democrática do Congo, próximo à cidade de Goma, e ao leste com Ruanda, perto de Gisenyi.
Com uma profundidade máxima de cerca de 485 metros, o Lago Kivu é considerado um dos mais profundos do mundo.
O Lago Kivu está em uma região de intensa atividade tectônica e vulcânica, com o vulcão Nyiragongo, um dos mais ativos do mundo, nas proximidades da cidade de Goma.
A atividade vulcânica na área influencia a composição química do lago, que tem uma alta concentração de gases dissolvidos, principalmente metano e dióxido de carbono.
Localizada na África Central, a República Democrática do Congo (RDC) é um país conhecido por sua riqueza em recursos naturais e por sua história marcada por conflitos e desafios socioeconômicos.
É o segundo maior país da África em termos de área, abrangendo cerca de 2,3 milhões de quilômetros quadrados, e com uma população diversificada com quase 100 milhões de habitantes.
A RDC foi colonizada pela Bélgica por décadas, ganhando sua independência em 1960. Desde então, o país vem lidando com instabilidade política, conflitos armados e crises humanitárias constantes.
A exploração de seus vastos recursos minerais, como cobre, cobalto e diamantes, tem sido um fator central em muitos desses conflitos.
A capital e maior cidade do país é Brazzaville, que se encontra às margens do rio Congo, um dos mais longos e importantes da África.
Além da instabilidade política e militar, a República Democrática do Congo também enfrenta desafios econômicos e sociais profundos. O país tem uma das menores rendas per capita do mundo, e grande parte da população vive na pobreza extrema.
A infraestrutura básica, como estradas, eletricidade e serviços de saúde, é extremamente limitada, especialmente em áreas rurais.
A presença de missões de paz da ONU, como a MONUSCO, tem ajudado a conter a violência em algumas áreas, embora a situação permaneça frágil até hoje.