A associação, conhecida também como Hibakusha, reúne sobreviventes dos ataques nucleares americanos às cidades de Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial.
Hibakusha é a expressão utilizada no Japão para se referir às pessoas que sobreviveram aos ataques nucleares do maior conflito armado do século 20.
No anúncio, o comitê do Nobel declarou que a premiação é “um lembrete ao mundo atual de que essas armas não devem ser usadas nunca mais”.
A organização observou que o prêmio também serve de alerta para todos os conflitos que tomam o mundo atualmente, como a guerra entre Ucrânia e Rússia e as tensões no Oriente Médio.
'O prêmio foi um reconhecimento à Nihon Hidankyo por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar por meio de depoimentos de testemunhas que armas nucleares nunca devem ser usadas novamente', acrescentou o comitê.
Toshiyuki Mimaki, diretor da Nihon Hidankyo e sobrevivente do lançamento da bomba em Hiroshima, pronunciou-se emocionado à imprensa após saber da premiação.
“É uma grande força (o prêmio) para lembrar ao mundo que a abolição das armas nucleares pode ser alcançada”, declarou Mimaki em Hiroshima, cidade em que a organização está sediada.
Shigeru Ishiba, primeiro-ministro do Japão, também se manifestou sobre a premiação. O governante definiu como “extremamente significativa” a decisão do comitê do Nobel.
O laureado com o Nobel da Paz recebe premiação de 1,1 milhão de dólares (R$ 6,2 milhões na cotação atual), um diploma e uma medalha de ouro.
O Comitê do Nobel é formado por cinco integrantes nomeados pelo Parlamento da Noruega. Neste ano, foram indicadas 286 pessoas para a premiação, entre elas o Papa Francisco.
Em 1945, os Estados Unidos alvejaram Hiroshima e Nagasaki com as bombas atômicas. As cidades são as únicas até hoje no mundo que foram atacadas por armas nucleares.
No dia 6 de agosto de 1945, a bomba atômica apelidado de “Little Boy” (garotinho, em português) foi lançada sobre Hiroshima pelo bombardeiro Enola Gay.
A explosão atômica na cidade localizada no oeste do Japão matou cerca de 120 mil pessoas - entre vítimas instantâneas e outras que não resistiram aos ferimentos e doenças causados pela bomba com o passar dos anos.
No dia 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos promoveram o segundo ataque nuclear ao Japão. Batizada de “Fat Man” (Homem Gordo|), a segunda bomba foi lançada sobre Nagasaki e deixou mais de 74 mil mortos.
Após os ataques a Hiroshima e Nagasaki, o Japão anunciou sua rendição, no que é considerado o capítulo final da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945).
A radiação emitida nas duas explosões atômicas no Japão não só provocou milhares de mortes instantâneas como gerou efeitos a longo prazo na saúde de sobreviventes.
Muitos que resistiram inicialmente acabaram padecendo tempos depois com doenças relacionadas aos efeitos das bombas.
Já os sobreviventes de longo prazo, alguns deles fundadores da Nihon Hidankyo, conviveram com riscos acentuados de enfermidades, como o câncer.
Nos últimos anos, a possibilidade de uso de arsenais nucleares gerou tensão mundial. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou a ameaçar fazer uso desse tipo de armamento em algumas ocasiões.