A apresentação compõe a turnê “Bloco na Rua”, show que Ney Matogrosso leva aos palcos brasileiros desde 2019.
Em 22/09, “Bloco na Rua” foi atração do Rock in Rio, com o artista esbanjando vitalidade em clássicos como “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, canção de Sérgio Sampaio que inspirou o nome da turnê, “Sangue Latino”, hit dos Secos e Molhados, e “Pro Dia Nascer Feliz”, de Frejat e Cazuza.
Um dos grandes intérpretes da história da música brasileira, Ney Matogrosso completou 83 anos de idade no dia 1º de agosto em plena atividade.
Ney de Souza Pereira (nome de batismo) nasceu em 1941 na cidade de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com o Paraguai.
Na adolescência, a relação conturbada com o pai, o militar Antonio Matogrosso Pereira, fez com que Ney saísse de casa aos 17 anos.
Após servir por dois anos como militar na aeronáutica, um meio de sobreviver, entre Rio de Janeiro e Brasília, Ney Matogrosso chegou a se apresentar como cantor amador e trabalhar com artesanato antes de conquistar notoriedade artística como um dos grandes nomes da música brasileira.
No início da década de 70, já passando dos 30 anos, o cantor entrou na banda Secos e Molhados, onde iniciaria a carreira de sucesso que já dura mais de meio século.
O Secos e Molhados, liderado pelo músico e produtor de origem portuguesa João Ricardo, teve em sua formação mais famosa Ney Matogrosso e também Gerson Conrad.
Em 1973, a banda dominou as paradas musicais do Brasil com o álbum homônimo - considerado pela Revista Rolling Stones o quinto melhor da história da música brasileira.
Em plena ditadura militar, os shows de Ney Matogrosso com os Secos e Molhados lotavam ginásios (como o Maracanãzinho) com visual e performances subversivas que fascinavam as plateias.
O cantor de voz aguda e com o corpo e rosto pintados, além de adereços e acessórios ousados para a época, ou muitas vezes com pouca roupa, construiu uma persona artística que o acompanharia nas décadas seguintes.
Em apenas dois meses, o primeiro disco do Secos e Molhados vendeu mais de 300 mil cópias e tornou-se um clássico da música nacional. O álbum traz hits como “Sangue Latino”, “O Vira” e “Rosa de Hiroshima” (em cima da letra do poema de Vinícius de Moraes).
O grupo teve vida curta. Logo após o lançamento do segundo álbum, “Flores Astrais”, também com muitos versos de poetas famosos musicados, a banda se desfez. Em especial por divergências de Ney com João Ricardo.
O anúncio do fim precoce do Secos e Molhados foi feito no dominical Fantástico, da Rede Globo. O programa exibiu na mesma edição um videoclipe da música “Flores Astrais”.
Ney Matogrosso iniciou, então, a sua carreira solo e lançou seu primeiro álbum solo em 1974, batizado de “Água do Céu - Pássaro”.
Em uma entrevista a Serginho Groisman, no programa Altas Horas, em 2019, Ney Matogrosso revelou que na adolescência tinha vergonha da própria voz. O embaraço só se desfez quando um maestro elogiou o seu canto durante apresentação de um coral com amigos, em 1961.
Ney Matogrosso já lançou 25 discos de estúdio em sua trajetória solo, com alguns deles considerados essenciais por especialistas, como “Pecado” (1977) e “Pescador de Pérolas” (1986).
O último disco gravado em estúdio pelo intérprete foi “Nu Com a Minha Música”, de 2021, composto por faixas de artistas diversos, como Caetano Veloso (autor da música-tema), Roberto Carlos e Herbert Viana.
Um fato da vida pessoal de Ney Matogrosso que se tornou bastante famoso foi seu namoro com Cazuza, ícone do rock nos anos 80. “A relação durou três intensos meses”, comentou em entrevista à revista Veja.
Entre as amizades que Ney Matogrosso construiu no universo musical, uma especial foi com Rita Lee, a Rainha do Rock brasileiro que morreu em 2023. O cantor revelou até que foi o responsável por apresentar a artista ao futuro marido Roberto Carvalho.
Uma faceta menos conhecida de Ney Matogrosso é como ator. Ele atuou em alguns filmes, como “Luz nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha” (2012), em que interpreta o personagem principal.
Está previsto para o fim de 2024 o lançamento da cinebiografia “Homem com H”, que narra a trajetória de Ney Matogrosso. Com direção de Esmir Filho, o longa tem Jesuíta Barbosa na pele do artista, que chegou a ler o roteiro e visitar o set de filmagens.