O óculos-espião foi utilizado para que os eleitores comprovassem o voto no candidato a vereador Edivaldo Borges Gomes, conhecido como Irmão Edivaldo (MDB).
O equipamento era dotado de uma microcâmera interna, o que permitia aos eleitores que negociaram seus votos filmarem imagens da tela da urna.
A descoberta do artifício se deu pela desconfiança de uma mesária. Ela afirmou à polícia ter percebido que um dos eleitores portava óculos atípicos, mais grossos que o normal.
A mesária notou que outro eleitor, uma adolescente, entrou na seção eleitoral com um óculos idêntico no bolso, o que aumentou sua desconfiança.
Ela decidiu interrogar a eleitora e acionou fiscais da Justiça Eleitoral do Pará, que na vistoria encontraram a câmera dentro do óculos-espião.
Ao ser descoberta com o dispositivo de filmagem, a eleitora confessou à Polícia Civil do Pará ter vendido seu votos.
Ela revelou que um desconhecido a abordou oferecendo R$ 200 para ela votar no candidato Irmão Edivaldo.
A eleitoral explicou que para receber o dinheiro precisaria comprovar pela filmagem do óculos-espião que votou no candidato a vereador pelo MDB.
A polícia do Pará prendeu em flagrante Irmão Edivaldo. O político deve sofrer processo judicial pelos delitos de compra de votos e associação criminosa.
Reeleito para o seu terceiro mandato na Câmara Municipal de Ourilândia do Norte, Irmão Edivaldo usou a tribuna da casa legislativa para se defender das acusações.
“Eu desafio qualquer cidadão de Ourilândia que prove que eu, vereador Edivaldo, já prejudiquei alguém ou montei alguma ‘casinha’ para qualquer que seja o ser humano. Uma maldade sequer da minha parte”, discursou o vereador.
O candidato recebeu 848 votos, mas agora está sob suspeita de que parte deles foram comprados.
Edivaldo Borges Gomes tem 64 anos. Ele nasceu no município de Uruaçu, em Goiás, e se mudou para Ourilândia do Norte em 1986.
Além de vereador, Irmão Edivaldo atua como 1º vice-pastor da Assembleia de Deus, em Ourilândia do Norte.
Em uma cidade do Maranhão, as autoridades também descobriram um esquema de compra de votos. O caso aconteceu na disputa pela prefeitura de Nova Olinda do Maranhão.
A cidade maranhense teve a disputa mais acirrada das eleições municipais de 2024 no Brasil. Ary Menezes (PP) venceu com 50,01% contra 49,99% de Thaymara Amorim (PL).
No entanto, um grupo de eleitores confessou que recebeu ofertas para vender votos a favor de Ary Menezes (foto). A pescadora Luciane Souza Costa declarou que foi ameaçada por não ter aceitado digitar o número do candidato na urna após seu marido receber o pagamento.
O eleitor Danilo Santos afirmou que Ary Menezes foi até sua casa ao lado do candidato a vice-prefeito Ronildo da Farmácia (MDB) para saber o que ele queria receber em troca de seu voto na chapa.
Danilo disse ter pedido materiais para construir sua casa (telhas, sacos de cimento e madeira), mas que não votou no candidato porque só recebeu uma parcela do combinado. Ele afirmou que passou a receber ameaças depois disso.