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Morte assistida: poeta Antonio Cicero deixou uma carta de despedida


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Reprodução do instagram @gduvivier

Membro da Academia Brasileira de Letras, Cicero havia sido diagnosticado com Alzheimer e se submeteu a suicídio assistido no país europeu.

Reprodução de vídeo TV Globo

Ele deixou uma carta de despedida onde explica a decisão. O texto foi repassado a amigos do poeta pelo marido de Antonio Cicero, o figurinista Marcelo Pies.

Eucanaã Ferraz/Arquivo pessoal

De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, antes de distribuir as cartas Pies enviou mensagem comunicando que Cicero vinha planejando a morte assistida há algum tempo e que pediu para ser cremado.

Reprodução do Youtube

“Fomos a Paris por uns dias nos despedir da cidade que ele tanto admirava”, completou o figurinista.

No início da carta de despedida, Antonio Cicero diz: 'Queridos amigos, encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem. Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi…”

Reprodução de Twitter @_tanare

No texto, Cicero revela que já não conseguia mais escrever poemas e nem mais se concentrar nas leituras. “Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los”, diz em um trecho, referindo-se aos amigos.

Reprodução do Youtube

“Como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade. Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!', diz a parte final da carta.

Reprodução de vídeo TV Globo

Cicero submeteu-se à morte assistida na Associação Dignitas, na cidade de Zurique. O procedimento auxilia pessoas que padecem de problemas sérios de saúde ou doença terminal e estejam em condições de decidirem sobre cuidados e tratamentos.

Ikiwaner/Wikimédia Commons

A legislação da Suíça permite o suicídio assistido desde 1942 para qualquer cidadão, nascido ou não no país.

Imagem Freepik

No procedimento, é entregue à pessoa uma substância letal, que ela ingere ou aplica nela mesma com uma seringa.

pixabay

A morte assistida é diferente da eutanásia. Nesta última, o médico aplica a dose de medicamentos que levam à morte do paciente. A eutanásia (“assassinato a pedido da vítima”) não é permitida pela legislação da Suíça.

Ola Ivashenko Unsplash

Outros países permitem a morte assistida e até mesmo a eutanásia. Colômbia e Canadá, por exemplo, admitem ambas desde que o paciente sofra de uma doença terminal.

freepik

Bélgica, Holanda e Luxemburgo são países europeus que também autorizam as duas formas de suicídio.

No Brasil, tanto a eutanásia quanta a morte assistida são proibidas, aparecendo como práticas ilegais pelo Código Penal.

Divulgação Amazon

Nascido no dia 06/10/1945, no Rio de Janeiro, Antonio Cicero foi uma importante personalidade da cultura brasileira. Com atuação em diversas áreas, da crítica literária e poesia à música, ele ocupava a cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2018.

Reprodução do Youtube

Formado em filosofia, ele terminou o curso na Universidade de Londres, na Inglaterra, quando estava exilado no fim dos anos 60 por conta da Ditadura Militar.

Reprodução do instagram adrianacalcanhotto

Antonio Cicero começou a escrever poesias na juventude, mas sua criação passou a ficar conhecida pelas parcerias musicais com a irmã Marina Lima, importante cantora da MPB.

Instagram @marinalimax1

Sucessos de Marina, como “Fullgás”, “À Francesa”, “Deixe Estar” e “Pra Começar” têm letra de Antonio Cicero.

Reprodução do Instagram

O poeta foi parceiro de outros ícones da música brasileira, como João Bosco, Lulu Santos (“O Último Romântico”) e Adriana Calcanhoto.

Reprodução do instagram adrianacalcanhotto

“Cicero foi meu melhor amigo, a pessoa mais correta que conheci. O afeto de amizade mais límpido que se possa imaginar. E uma inteligência luminosa”, escreveu o compositor e cantor Caetano Veloso em seu perfil no Instagram.

Reprodução do instagram @caetanoveloso

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