Segundo a polícia, o óculos-espião foi utilizado para que ela e outros eleitores comprovassem o voto no candidato a vereador Edivaldo Borges Gomes, conhecido como Irmão Edivaldo (MDB).
A descoberta do artifício se deu pela desconfiança de uma mesária. Ela afirmou à polícia ter percebido que um dos eleitores portava óculos atípicos, mais grossos que o normal.
A mesária notou que outro eleitora entrou na seção eleitoral com um óculos idêntico no bolso, o que aumentou sua desconfiança.
O óculos-espião é um equipamento dotado de uma microcâmera interna, o que permite que a pessoa filme o que está vendo.
Com uma câmera integrada, os óculos podem não apenas tirar fotos, mas também gravar vídeos. O usuário consegue, via USB, carregar o dispositivo e transferir os arquivos gerados pelos óculos.
Em alguns modelos, o cartão de memória é inserido na dobradura de uma das asas dos óculos. De um lado fica a câmera e do outro a entrada USB.
Os óculos vêm com manuel de utilização e tutorial sobre como ligar a câmera e transferir as imagens para um celular ou computador.
O artefato é facilmente encontrado à venda na internet. São vários anúncios de óculos com câmera integrada, com valores que variam de acordo com os recursos que fazem parte dos óculos. Há óculos a partir de R$ 300 até R$ 1.200.
A tecnologia da produção desses equipamentos garante que as fotos e os vídeos tenham boa resolução. E essa resolução também afeta o preço. Quanto maior a definição das imagens, mais caros os óculos. E existe até modelo de óculos escuros com câmera.
Alguns modelos incluem a função Bluetooth. A estrutura do artefato também varia, com diferentes espessuras de armação - que às vezes chamam atenção, como aconteceu na seção eleitoral - e locais em que a câmera é instalada.
Sobre o caso da eleitora, fiscais da Justiça Eleitoral do Pará foram chamados e encontraram a câmera dentro do óculos-espião. Ao ser descoberta com o dispositivo de filmagem, a eleitora confessou à Polícia Civil do Pará ter vendido seu votos.
Vender ou comprar votos é crime no Brasil. Segundo a Lei 9.504/97, 'a doação, oferecimento, promessa, ou entrega pelo candidato ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, de bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição.' implica cassação do registro ou multa.
A eleitora revelou que um desconhecido a abordou oferecendo R$ 200 para ela votar no candidato Irmão Edivaldo. O Código Eleitoral, no artigo 229, considera crime e prevê pena de reclusão de até quatro anos e pagamento de multa.
A eleitora explicou que para receber o dinheiro precisaria comprovar pela filmagem do óculos-espião que votou no candidato a vereador pelo MDB. A polícia do Pará prendeu em flagrante Irmão Edivaldo. Ele negou qualquer envolvimento no caso.