Di Cavalcanti, nome artístico de Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo, nasceu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1897.
Desde a infância, Di Cavalcanti demonstrou uma forte inclinação para as artes. Recebeu aulas de piano e, aos 11 anos, começou a tomar aulas, que viriam a lhe ajudar em seu dom com os pincéis.
Esse ambiente artístico, especialmente o contato com seu tio José do Patrocínio, um abolicionista proeminente, moldou sua sensibilidade artística.
Inicialmente, ele cursou Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, mas logo se voltou completamente para a carreira nas artes.
Em 1917, Di Cavalcanti teve sua primeira exposição, que foi um marco em sua trajetória, apresentando caricaturas que capturavam a vida cotidiana e os costumes brasileiros.
Sua habilidade como ilustrador foi reconhecida, e ele começou a trabalhar na revista Fon-Fon, ganhando notoriedade na cena cultural de São Paulo.
A participação de Di Cavalcanti na Semana de Arte Moderna de 1922 foi fundamental para consolidar sua posição no cenário artístico brasileiro.
O evento, que buscava romper com as tradições acadêmicas e valorizar a cultura nacional, contou com a presença de outros artistas renomados, como Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
Durante a semana, Di Cavalcanti expôs 11 obras, que refletiam sua visão inovadora e seu compromisso com a arte moderna.
Em 1923, Di Cavalcanti viajou para a Europa, onde teve a oportunidade de conhecer importantes vanguardas artísticas e artistas renomados, como Pablo Picasso e Georges Braque.
Essa experiência transformadora influenciou profundamente sua obra, levando-o a incorporar elementos cubistas e surrealistas em seu trabalho.
Quando retornou ao Brasil em 1926, trouxe consigo novas perspectivas artísticas que enriqueceram sua produção. Assim, começou a abordar temas mais próximos à cultura brasileira, como o samba e a vida nas favelas.
Sua capacidade de capturar a essência do povo brasileiro e suas vivências fez com que suas obras se tornassem muito populares.
Na década de 1930, sua fama estava consolidada. Ele participou de exposições internacionais e fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM) em 1932, ao lado de outros artistas proeminentes.
A década de 1930 também foi marcada por desafios políticos para Di Cavalcanti. Ele foi preso duas vezes: a primeira em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, e a segunda em 1935, por sua filiação ao Partido Comunista do Brasil.
Essas experiências de perseguição política o levaram a deixar o Brasil em 1935 e residir na Europa por cinco anos. Mesmo no exílio, continuou a produzir obras significativas.
Ao retornar ao Brasil em 1940, trouxe consigo novas influências e continuou a explorar a condição humana e as questões sociais em suas gravuras. Sua obra nesse período é caracterizada pela forte presença de figuras femininas e pela crítica à arte abstrata, que começava a ganhar destaque.
A longa carreira de Di Cavalcanti resultou em uma vasta produção artística, com centenas de obras que são consideradas pilares da cultura brasileira.
Faleceu aos 79 anos no Hospital da Beneficência Portuguesa, no Rio de Janeiro, enquanto estava internado tratando de uma crise renal.
Seu trabalho, que mistura traços precisos e cores vibrantes, trouxe à tona temas da cultura popular, do samba e das tradições brasileiras, tornando-o um dos mais importantes artistas do modernismo.
Entre suas criações mais conhecidas estão 'Samba' (1925), 'Vênus' (1938) e 'Ciganos' (1940), que expressam a vívida cultura nacional.
Di Cavalcanti recebeu diversos prêmios e reconhecimentos ao longo de sua vida, incluindo menções em exposições internacionais.
Seu legado é celebrado até hoje, com suas obras expostas em importantes galerias e museus ao redor do mundo, como em Bruxelas, Paris, Londres e Amsterdã.