A área ainda registra a presença de radiação, mesmo 38 anos depois do incidente. E tornou-se um local fechado, que só pode ser visitado por turistas mediante condições de segurança especiais.
Entretanto, recentemente, a revista Proceedings of the National Academy of Sciences publicou um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Nova York sobre a resistência de animais à radiação em Chernobyl.
Eles fizeram testes com vermes microscópicos na Zona de Exclusão de Chernobyl e descobriram que são imunes ao efeito da radiação. Isso mostra, segundo os cientistas, que esses animais devem possuir mecanismos de reparo de DNA com uma eficácia excepcional.
O desastre aconteceu durante um teste de segurança no reator número 4 da usina. Houve uma explosão seguida de um incêndio que liberou uma grande quantidade de material radioativo na atmosfera.
Já ficou comprovado que a tragédia se deu por falha humana, já que os operadores do reator não seguiram diversos procedimentos de segurança.
O incêndio durou vários dias e as chamas foram visíveis a quilômetros de distância. Milhares de pessoas foram afetadas pelo acidente, tanto na Ucrânia quanto em outros países da Europa.
Para se ter uma ideia, altos níveis de radiação foram detectados em locais como Polônia, Áustria, Suécia, Bielorrússia, além de países distantes, como Reino Unido, Estados Unidos e até Canadá.
Os suecos foram os primeiros a alertar a comunidade internacional sobre o incidente. Até então, os soviéticos estavam tentando encobrir o que havia acontecido, temendo os impactos negativos para a reputação do país.
A radiação liberada pelo acidente causou uma série de efeitos negativos à saúde humana e ao meio ambiente.
Cerca de 31 pessoas morreram imediatamente em decorrência do acidente, incluindo bombeiros que trabalharam no combate ao incêndio.
Nos anos seguintes, milhares de pessoas foram afetadas por doenças relacionadas à radiação, como câncer e problemas de tireoide. Isso sem falar das sequelas emocionais.
As consequências psicológicas do acidente foram identificadas como semelhantes às daqueles que passaram por eventos traumáticos extremos, como o bombardeio atômico em Hiroshima e Nagasaki.
O acidente também teve um impacto significativo no meio ambiente. A radiação liberada contaminou uma área de cerca de 2.600 quilômetros quadrados, afetando a fauna e a flora locais.
Apesar da gravidade do acidente, a população de Pripyat só foi evacuada 36 horas após a explosão.
A área ao redor da usina ficou conhecida como 'Zona de Exclusão', uma região em que a habitação humana é proibida por causa dos altos níveis de radiação.
O acidente de Chernobyl teve impacto duradouro na indústria nuclear em todo o mundo: levou a uma revisão das normas de segurança em usinas nucleares e a um maior controle regulatório em relação à energia nuclear.
Desde o acidente, houve um aumento no uso de fontes de energia renováveis, como a energia solar e a eólica, como alternativas à energia nuclear.
Outra consequência do acidente foi que ele contribuiu para o fim da União Soviética. O país já enfrentava uma crise econômica há tempos, agravada pela Guerra do Afeganistão.
Cientistas estimam que a região no entorno da usina permanecerá inabitável por até 20 mil anos. Apesar disso, há relatos de pessoas que voltaram a viver na 'zona de exclusão'.
Muitas pessoas que tiveram contato com a radiação receberam compensações dos governos dos países afetados e agora recebem pensões especiais, foram aposentadas por invalidez ou recebem tratamento médico especial.
Até hoje não há um consenso a respeito do número total de mortes em decorrência do acidente. Tem pesquisas que sugerem 9 mil, 16 mil, 60 mil, e até mesmo 90 mil mortes relacionadas à tragédia.
O desastre de Chernobyl ficou tão popular que já foi retratado em inúmeras obras do cinema e da TV. Uma das mais populares foi a aclamada minissérie “Chernobyl” (2019), lançada pela HBO.
São cinco episódios que mostram o antes, o durante e o depois do incidente. A série é considerada uma obra-prima da TV e foi indicada a 19 Emmy Awards tendo vencido 10.