'Agnaldo Rayol deixa um legado inestimável para a música brasileira, com uma carreira que atravessou décadas e tocou os corações de milhões de fãs. A família agradece as manifestações de carinho e apoio. Informações sobre o velório e cerimônia de despedida serão divulgadas em breve', publicou a assessoria do artista.
De acordo com informações do portal UOL, o artista sofreu uma queda enquanto ia em direção ao banheiro durante a madrugada. A ambulância, porém, demorou cerca de 40 minutos para chegar ao local e o atendimento prévio aconteceu pelo telefone.
O artista morava em Santana, na zona norte de São Paulo, com uma cuidadora e uma pessoa da família. Com a queda, ele teve um corte na cabeça e foi levado ao hospital ainda lúcido. Contudo, no local, foi diagnosticado um traumatismo craniano, que o fez ser intubado, porém não resistiu.
'Administrar a emoção na perda de um amigo é muito difícil, mas quando esse amigo é seu irmão, a coisa fica muito mais complicada. Eu devo muito ao Agnaldo.', disse o cantor e apresentador Ronnie Von.
Nascido em 3 de maio de 1938, em Niterói, no Rio de Janeiro, Agnaldo Coniglio Rayol sempre teve o dom musical. Quando criança, chegou a participar de um programa de rádio, intitulado 'Papel carbono', de Renato Murce na Rádio Nacional, aos cinco anos.
Com uma voz potente, Rayol fez sua estreia no cinema com o filme 'Também Somos Irmãos'. Ao longo da carreira, ele participou de quatorze obras cinematográficas.
Em 'Também Somos Irmãos', filmado nos estúdios da Atlântida Cinematográfica, Agnaldo era, Hélio, um dos filhos brancos, enquanto Grande Otelo viveu Miro, um dos irmãos negros. Assim, a obra abordava o racismo com um enredo voltado a irmãos brancos e negros adotados por um viúvo cinquentão.
No entanto, foi na música que se consolidou e conquistou o público brasileiro. Com um repertório romântico, cheio de lirismo e carisma, Agnaldo se tornou uma referência neste universo, sobretudo na época do rádio.
Teve que parar de cantar, entre 1952 e 1954, por causa de mudanças hormonais próprias da adolescência, que afetaram a voz. Mas a partir do fim da década, levou a carreira musical adiante, seguindo o estilo de Vicente Celestino e Francisco Alves.
Entre suas interpretações mais aclamadas, está a magistral 'Ave Maria'. Com ela, fez diversas cerimônias de casamento entoando a brilhante obra religiosa.
Em 1956, Rayol foi contratado pela Rádio Tupi e dois anos depois gravou o primeiro disco pela gravadora Copacabana. Contudo, seu auge foi na década seguinte, quando conquistou espaço na TV e chegou a comandar programas na TV Record. O maior foi o Corte Rayol Show, ao lado de Renato Corte Real.
Além disso, foi uma das atrações da edição de estreia do programa Jovem Guarda. No cinema, protagonizou 'Agnaldo, 'Perigo à Vista' em 1969 e, ainda como ator, esteve no elenco das telenovelas: 'Mãe' (1964), 'O Caminho das Estrelas' (1965), 'A Última Testemunha (1968), 'As Pupilas do Senhor Reitor' (1970) e 'Os Imigrantes' (1981).
Nos anos 1980, o cantor comandou por oito anos o 'Festa Baile', programa musical produzido pela TV Cultura. Em 1981, no Uruguai, ganhou o Festival Internacional da Canção, onde participaram cantores de todo o mundo. Ele cantou também na Argentina, México, Estados Unidos, Portugal e Itália.
Na década seguinte, fez sucesso ao interpretar músicas italianas. Entre elas, 'Mia Gioconda' na novela O Rei do Gado (ao lado da dupla Chrystian e Ralf), e 'Tormento d'Amore', tema de abertura da novela Terra Nostra gravada em Londres em dueto com a soprano Charlotte Church.
No Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), o consagrado artista participou de “Meu Cunhado”, comédia de Ronald Golias que ficou no ar de 2004 a 2006.
No dia 30 de abril de 2006, Agnaldo acabara de vir de um concerto e estava pronto para embarcar no aeroporto de Porto Alegre quando tropeçou e caiu no chão por osteoporose, fraturando o fêmur da perna direita.
Em 11 de maio de 2007, cantou durante a missa de canonização de Frei Galvão pelo então Papa Bento XVI na pista de aviação do Aeroporto Campo de Marte, no bairro paulistano de Santana.
Em novembro de 2009, Agnaldo participou do Livro/CD Mensagens Positivas nas vozes dos grandes nomes do rádio brasileiro cantando a música 'Esperança'.
Agnaldo Rayol participou de uma entrevista no programa 'Face à Face', de João Doria Jr, em 2015. Durante a conversa, o cantor revelou que foi pai muito jovem, com 18 anos. A criança foi fruto de um relacionamento na época, porém não sobreviveu.
'Ele não conseguiu sobreviver já nos primeiros meses de vida. Nesta época, eu era muito novo, imaturo, tinha apenas 18 anos. Depois superei tudo isso', disse o cantor, que não teve mais nenhum filho.
Rayol era casado com Maria Gomes, que chamava carinhosamente de 'minha Maria', há mais de 50 anos. Vale lembrar que os dois se conheceram nos tempos em que ele participava de um programa de auditório da Record. Atualmente, ela foi diagnosticada com Alzheimer e encontra-se acompanhada por uma cuidadora.
Ao longo da aclamada e brilhante carreira, Agnaldo Rayol lançou 56 discos, sendo 'O Amor É Tudo', de 2011, o último de sua discografia.
Na Globo, Agnaldo fez sua última participação atuando em “Mister Brau”, série estrelada por Taís Araújo e Lázaro Ramos, que ficou três anos no ar, de 2015 a 2018.