Isso mesmo. Assim como os homens podem ter pedras nos rins, os bois podem ficar com cálculos biliares na vesícula. E, quando isso acontece, o dono do gado pode ganhar muito dinheiro.
É que a pedra da vesícula de boi, também conhecida como pedra de fel ou cálculo biliar bovino, pode valer milhões de reais, dependendo da quantidade.
Bandidos que sabem disso planejam ações para roubar as tais pedras. Foi o que ocorreu, por exemplo, em setembro de 2023, quando criminosos renderam funcionários de uma empresa de exportação de pedras de boi em Barretos (SP) e levaram o produto, avaliado em R$ 2 milhões.
Especialistas explicam que os bois ficam com essas pedras na vesícula quando ocorre um acúmulo de sais no órgão do animal.
Vale ressaltar que, mesmo que o boi esteja com esse problema de saúde, sua carne pode ser consumida sem risco. Ou seja, isso não afeta os seres humanos.
A pedra de boi tem alto valor porque é muito utilizada na medicina tradicional asiática como ingrediente para a produção de remédios.
A China é líder na utilização de pedras de boi no setor farmacêutico. Dezenas de medicamentos produzidos no país levam a pedra de boi na composição.
Mas a pedra de vesícula de boi também é bastante usada para fins medicinais no Japão e na Coreia do Sul. Preparados que unem alguns elementos levam o cálculo biliar bovino na composição.
Esses remédios que incluem a pedra de boi são prescritos para pacientes que sofrem de convulsões , desmaios e febres, entre outros problemas.
Por serem pedras difíceis de conseguir - já que nem todos os bois desenvolvem esse excesso de sais que resulta na formação das pedras - o seu valor é elevado no mercado. O preço varia conforme o tamanho, a cor, o formato e a condição da pedra (inteira ou quebrada).
Nos frigoríficos, no processo de abate, as vesículas são retiradas do animal e furadas para a verificação da presença (ou não) dos cálculos biliares.
Na peneira, quando as pedras são encontradas, o empresário 'ganha na loteria'.
Depois de encontradas e lavadas, as pedras de vesícula de boi são levadas para conservação na geladeira, que fica com uma tranca. Um funcionário é encarregado de zelar pela segurança do local evitando furtos.
Em entrevista à TV Globo, um empresário disse que, em média, são encontrados entre 13 e 16 gramas por dia.
1 grama vale em torno de R$ 1 mil. Então, em média, 15 mil reais por dia. No fim do mês, apenas nos dias úteis, o dono do gado consegue algo na faixa de R$ 300 mil.
E o Brasil é uma potência na pecuária. Segundo o IBGE, o país alcançou novo recorde em 2022 (último censo) com 234,4 milhões de bovinos.
Um crescimento de 4,3% no rebanho em relação ao ano anterior.
O estado de Mato Grosso lidera o ranking do rebanho bovino com 34,2 milhões de cabeças de gado. Isso representa 14,6% do total nacional.
Em seguida aparecem o Pará com 10,6% e Goiás com 10,4%. Na lista das cidades, São Félix do Xingu , no Pará, é a cidade com maior número de cabeças de gado: 2,5 milhões.