Nascido em 1909, em São Paulo, Burle Marx foi filho de Wilhelm Marx, judeu alemão comerciante de couro, e de Cecília Burle, pernambucana, descendente de franceses.
O casal, que residia no bairro da Boa Vista no Recife, mudou-se para São Paulo quando Cecília estava grávida, tendo Roberto nascido na capital paulista aos quatro dias do mês de agosto de 1909.
A mãe era uma exímia pianista e cantora e despertou nos filhos o amor pela música e pelas plantas. Roberto a acompanhava, desde muito pequeno, nos cuidados diários com as rosas, begônias, antúrios, gladíolos, tinhorões e muitas outras espécies que plantava em seu jardim.
Os negócios da família começaram a ir mal em São Paulo, o que fez com que seu pai resolvesse mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1913. Quando a nova empresa de exportação e importação de couros de Wilhelm Marx começou a ter resultados positivos, finalmente se mudaram para um casarão no Leme.
Além de paisagista, Burle Marx foi arquiteto, desenhista, pintor, gravador, litógrafo, escultor, tapeceiro, ceramista, designer de joias e decorador. Em 2023, Senado Federal reinstalou tapeçaria criada pelo artista que havia sido danificada por vândalos durante a invasão ao Congresso Nacional.
Um artista completo que mudou-se com a família para a Alemanha em 1928 e entrou em contato com obras de Vincent van Gogh (1853-1890), Pablo Picasso (1881-1973) e Paul Klee (1879-1940).
Durante a estadia na Alemanha, Burle Marx estudou pintura no ateliê de Degner Klemn. De volta ao Rio, em 1930, Lúcio Costa o incentivou a ingressar na Escola de Belas Artes, Burle Marx conviveu na universidade com nomes como Oscar Niemeyer, Hélio Uchôa, Milton Roberto, entre outros
O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, em Recife, em 1934. Nesse mesmo ano, assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco.
Nesse cargo, fez uso intenso da vegetação nativa nacional e começou a ganhar renome, sendo convidado a projetar os jardins do Edifício Gustavo Capanema (então Ministério da Educação e da Saúde).
A Praça Euclides da Cunha (conhecida como Cactário Madalena) foi ornamentada com plantas da caatinga e do sertão nordestino. Ele buscou livrar os jardins do 'cunho europeu', semeando a alma brasileira e divulgando o 'senso de brasilidade'
Participou de um grupo do movimento arquitetônico modernista (junto com Luís Nunes, da Diretoria de Arquitetura e Construção, e Attílio Corrêa Lima, responsável pelo Plano Urbanístico da cidade)
Atuou nas equipes responsáveis por diversos projetos célebres. Entre eles, o primeiro Parque Ecológico de Recife, em 1938, e o terraço-jardim do Edifício Gustavo Capanema, que é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro.
A obra é definida por vegetação nativa e formas sinuosas, visto que o jardim (com espaços contemplativos e de estar) possuía uma configuração inédita no país e no mundo.
Então, Burle Marx passou a trabalhar com uma linguagem bastante orgânica e evolutiva, identificando-a muito com vanguardas artísticas como a arte abstrata, o concretismo e o construtivismo.
O artista também desenhou os azulejos do Hall de entrada do Edifício Prudência (Rino Levi) em Higienópolis, em São Paulo, e adquiriu um sítio de 365 mil m2, em Guaratiba, RJ, onde abrigava uma grande coleção de plantas.
Burle também projetou o Parque Generalisimo Francisco de Miranda em Caracas, Venezuela, assim como os Jardins da Cidade Universitária da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro e o do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.
Nas décadas de 50 e 60, realizou projetos como o paisagismo do Balneário Municipal de Águas de Lindóia, em São Paulo, assim como o do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Além do paisagismo da Praça da Cidadania da Universidade Federal de Santa Catarina, onde situa-se o Prédio da Reitoria, em Florianópolis.
Uma de suas obras mais famosas foi o paisagismo do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Projetou também para a Embaixada do Brasil em Washington, D.C. (Estados Unidos), o Palácio Karnak, sede oficial do Governo do Piauà e o aterro da Bahia Sul, em Florianópolis.
Ao longo da carreira, recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco do Itamaraty em Brasília, assim como o título Doutor honoris causa da Academia Real de Belas Artes de Haia (Holanda). Além de Doutor honoris causa do Royal College of Art em Londres.
Doou seu sítio de Guaratiba com seu acervo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e foi homenageado pela escola de samba Independentes de Cordovil, 1988, no Grupo de Acesso do Carnaval carioca.
Burle Marx recebeu o título Doutor honoris causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por indicação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
O último grande projeto do artista foi o paisagismo do Parque Ipanema, em Ipatinga/MG. Ao longo da vida, projetou mais de 2 mil jardins e sempre foi um dos grandes nomes brasileiros na defesa da natureza. Na foto, Praça Adhemar de Barros, em Águas de Lindódia (SP).
O paisagista Roberto Burle Marx, aos 84 anos, morreu no dia 4 de junho de 1994,, em consequência de uma embolia pulmonar. Ele estava em seu sítio, em Barra de Guaratiba (zona oeste do Rio), onde morava. O artista tinha um câncer na região abdominal.
Na vida pessoal, o artista era sabidamente homossexual. Atualmente, pessoas LGBTQIA+ lembram de seu nome como uma referência e um exemplo a ser seguido.