Esse número configura um aumento significativo em relação ao mesmo período de 2023 e 2022. Principalmente aqueles que buscam ser empreendedores e ter um negócio próprio, fugindo assim de ser um empregado.
No mesmo período, em 2022, o número de pedidos de demissão girou em torno de 5,3 milhões, enquanto no ano seguinte, foram 5,6 milhões.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), de cada 100 pedidos de demissão feitos em 2024, 30 foram de jovens entre 18 e 24 anos.
'O jovem tem característica de buscar empregos com melhores oportunidades. Então, eles migram entre os trabalhos de forma mais fácil do que outras faixas etárias. Há um aumento dessa demissão voluntária e também uma elevação dos salários médios do Brasil', disse Janaina Feijó.
'Então, esses dois fatores conjuntamente influenciam para que o nosso mercado de trabalho esteja aquecido”, completou a pesquisadora do FGV Ibre ao Jornal Nacional.
Além disso, na comparação com 2023, há 15% a mais de jovens se demitindo em 2024. Números que refletem uma crescente insatisfação e uma busca por novas oportunidades, especialmente entre os indivíduos desta faixa etária.
'Eu trabalhava horário normal, nove, dez horas por dia. Fazia faculdade à noite, ganhava salário mínimo”, contou o empresário Caio Ramos Vasconcelos ao Jornal Nacional.
O jovem, de 26 anos, foi ascensorista para pagar a faculdade de marketing. Contudo, agora tem uma agência de marketing e vive uma outra realidade dentro do mercado de trabalho.
'Quando eu cheguei na faculdade, eu ficava seis horas dentro de um elevador fechado. E ainda era um elevador velho. Inclusive, eu usava chave de fenda para apertar os botões', disse.
Mas foram quatro meses assim, dentro do elevador, trabalhando seis horas por dia e ganhando R$ 800 por mês. Tenho três anos e meio de formado. Hoje, eu tenho uma agência de marketing e tenho três clínicas de medicina masculina. Eu perseverei e hoje, graças a Deus, está dando certo” completou Caio.
A taxa de rotatividade no mercado é de impressionantes 34,74%, algo que indica uma busca constante por melhores oportunidades, sobretudo na nova geração (de 18 a 24 anos).
O cenário mostra que 87,4% das negociações salariais realizadas até julho de 2024 superaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Isso indica também a insatisfação salarial como uma das razões para o aumento nos pedidos de demissão.
Os setores mais afetados foram serviços, tecnologia da informação e saúde. Isso gerou impactos relevantes nas estratégias de recursos humanos das empresas.
Existe, no atual mercado, uma insatisfação com a cultura organizacional e o desejo de crescimento. Motivações que impulsionaram as demissões entre os jovens, assim como o alto custo de vida.
Entre as demissões, se destacam jovens com ensino superior, que buscam novas oportunidades de trabalho, melhor formação e comprometimento dentro deste mercado.
Em um ambiente de trabalho em transformação, a mudança de carreira se torna uma estratégia acertada. Outro ponto de destaque é a popularização do do trabalho remoto, sobretudo após o período da pandemia.
Os números também mostram que a falta de valorização e de um ambiente acolhedor tem incentivado esses jovens a se desligarem de suas posições atuais. O foco é em um ambiente positivo que foque na retenção de talentos.
No atual panorama, empresas que não oferecem práticas mais flexíveis podem ver um aumento significativo nos pedidos de demissão, assim como na desmotivação de seus empregados.
Além da busca por novas oportunidades, a insatisfação no trabalho também resulta em pedidos de demissão, sobretudo por causa de baixos salários e falta de reconhecimento.
Outra razão significativa é o efeito da pressão excessiva na saúde mental. Muitos trabalhadores adoecem devido ao estresse no ambiente de trabalho, o que também resulta em pedido de desligamento.
Dessa forma, a busca por um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, associada à qualidade de vida, leva muitos a procurar novas oportunidades.
Ao pedir demissão, os trabalhadores possuem certos direitos que devem ser respeitados, porém não recebem a mesma compensação que alguém que é demitido sem justa causa.
O processo é coberto pela legislação trabalhista, que estabelece mecanismos para proteger os direitos do trabalhador. Entre eles, escolha do aviso prévio, saldo de salário e férias proporcionais.