Silvio morreu no dia 17/8. Delfim, em 12/8. Em um texto publicado na sua página no Instagram, o ator classificou os dois como “empregados da ditadura militar” e “abusadores do Brasil”.
Na publicação, feita em 17 de agosto, Pedro Cardoso observou que “toda dor merece ser respeitada”, em referência aos familiares em luto, mas disse se sentir ofendido pelo enaltecimento das duas personalidades.
“Quando a morte parece redimir automaticamente abusadores do Brasil, tais esses dois funcionários da ditadura recente, e um bando de 'celebridades' - alguns que ontem diziam lutar pela democracia quando do ataque de bolsonarista - vem enaltecê-los as proezas, sinto-me ofendido”, escreveu o ator.
“A verdade tem que ser dita. Silvio e Delfim foram empregados da ditadura militar. Enriqueceram porque serviram a ela, e jamais por conta de possuírem dotes intelectuais excepcionais. Talvez os tivessem, mas o que os fez ricos e poderosos não foram suas qualidades, mas os seus defeitos, suas fraquezas éticas”, argumentou.
Nos comentários, muitos seguidores apoiaram o posicionamento de Pedro Cardoso, mas também houve quem criticasse o texto, especialmente pela menção a Silvio Santos.
“Ninguém é só vilão ou só heróí. Repense”, escreveu uma seguidora. “Como comparar Silvio Santos a Delfim Netto? Apagam-se, então, as memórias coletivas que Silvio trouxe a todos, inclusive crianças e adultos de baixa renda?”, questionou outro.
O economista e político Delfim Netto, que estava internado no Hospital Albert Einstein, morreu no dia 12 de agosto de 2024 aos 96 anos.
Ele ocupou diversos ministérios durante a ditadura militar, com especial destaque para o período em que esteve à frente da Fazenda, entre 1967 e 1974, quando ocorreu o chamado “Milagre Econômico” e o Brasil viveu os “anos de chumbo”, com o auge da repressão aos opositores.
Definido por muitos como o maior comunicador da história do Brasil, Silvio Santos morreu no dia 17 de agosto, aos 93 anos, em decorrência de uma broncopneumonia após ser infectado pelo vírus Influenza A (H1N1). Ele também estava internado no Albert Einstein.
Dono do SBT, o apresentador, que foi camelô e locutor na juventude, tornou-se famoso pelo programa dominical que comandou a partir de 1963.
Aos 61 anos, Pedro Cardoso está longe da TV aberta no país desde 2014. Nos últimos anos, o ator tem se dividido entre Brasil e Portugal e se dedicado a trabalhos no teatro.
Atualmente, o ator está em cartaz em São Paulo (Teatro Renaissance) e Rio de Janeiro (Teatro das Artes) com a comédia “O Recém-Nascido”. Pedro Cardoso é o autor do texto da peça e também dirige o espetáculo, que será encenado até 22 de dezembro.
Em julho, Pedro Cardoso desabafou em seu Instagram sobre as dificuldades dos atores no mercado atual. “O trabalho vale cada dia menos. Eu faço teatro - sempre fiz! - porque teatro é o único emprego que consigo oferecer a mim mesmo. Mas não sei até quando. Os teatros, os prédios, quase todos, estão sendo administrados para o lucro dos seus donos”, afirmou.
Famoso por interpretar o personagem Agostinho Carrara no seriado 'A Grande Família', que foi ao ar entre 2001 e 2014, Pedro Cardoso costuma ser bastante ativo nas redes sociais e é tido como alguém sem papas na língua.
Em maio de 2023, o ator relatou no Instagram que foi expulso do Consulado do Brasil em Lisboa, Portugal. Ele se queixou com veemência do tratamento recebido, declarando ter sido humilhado no local pelo vice-cônsul.
Nascido e criado na zona sul do Rio de Janeiro, Pedro Cardoso começou a carreira em 1982 e, três anos depois, estreou na TV com uma participação especial na série “Armação Limitada”. Mas foi em 1988 que se destacou, ao trabalhar como roteirista no programa “TV Pirata”.
Pedro Cardoso também atuou em diversos outros projetos na televisão, como novelas e minisséries, incluindo 'A Comédia da Vida Privada' e 'O Auto da Compadecida'.
No cinema, ele participou de filmes como 'O que Ã? Isso Companheiro' (1997), Bossa Nova' (2000) e 'O Homem que Copiava' (2003).
Pedro recebeu vários prêmios, incluindo um Grande Otelo, quatro Qualidade Brasil e um Prêmio Shell, além de indicações para um Emmy Internacional e três Prêmios Guarani