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'Odor insuportável' e dedicação à reciclagem: conheça a 'cidade do lixo', no Egito


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wikimedia commons Vyacheslav Argenberg

Por lá, os Zabbaleen, um povo de cerca de 70 mil pessoas, se dedica exclusivamente à coleta e reciclagem de lixo.

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Eles se concentram principalmente em Manshiyat Naser, conhecida como 'Cidade do Lixo', e desenvolvem essa atividade desde a década de 1940.

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Juntos, eles desenvolveram um sistema que recicla até 80% dos resíduos coletados, tido como um dos mais eficientes do mundo.

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Segundo o documentário 'Zabbaleen: Cidade do Lixo' (2016), a coleta é realizada principalmente por homens e crianças, que recolhem o lixo com carroças e caminhonetes.

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Além de coletar e separar lixo em 16 categorias diferentes, os Zabbaleen investem até 12 horas diárias na triagem desses materiais.

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Cada item pode ser classificado em papel branco, papel amarelo, papel grosso, jornal, papel fino, etc. Após a separação detalhada, os materiais são vendidos a indústrias e empresas.

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Diferente de outros grupos de coleta , os Zabbaleen utilizam equipamentos para transformar resíduos em materiais de maior valor, como granuladores de plástico, compactadores de papel e moedores de tecidos.

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Antes, a triagem inicial do lixo na comunidade era realizada com a ajuda dos porcos, que consumiam os resíduos orgânicos.

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Quando atingiam o tamanho adequado, esses animais eram vendidos para resorts e destinos turísticos.

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Por serem cristãos coptas, os Zabbaleen não podem criar, alimentar ou viver perto de porcos, um animal considerado 'sujo', 'impuro'.

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No entanto, esse método foi abolido em 2009, quando o governo egípcio, preocupado com a propagação da gripe H1N1, ordenou o abate de todos os porcos no país.

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Cerca de 300 mil porcos foram sacrificados, o que ameaçou a estrutura de coleta e separação de lixo dos Zabbaleen.

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Depois dos abates, restos de comida e muito lixo se acumularam nas ruas do Cairo, já que o sistema de coleta não conseguiu atender à demanda sem o auxílio dos Zabbaleen.

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Ainda que a criação de porcos tenha sido proibida no bairro, a economia local continua fundamentada na reciclagem até os dias atuais.

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Segundo um relato da jornalista Evelyn Koch, dona do blog Vida no Egito, 'a região tem um odor característico e insuportável, mas muitas famílias vivem lá por gerações e estão acostumados'.

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'A polícia não vai, táxi e Uber também se recusam a fazer o trajeto. A comunidade tem suas próprias regras', contou a jornalista.

wikimedia commons Diego Delso

Evelyn explica que, para conhecer a comunidade, é necessário planejar a visita com antecedência e encontrar alguém que possa guiar o percurso.

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Além das atividades de reciclagem, Manshiyat Naser também abriga uma das atrações turísticas mais singulares do Egito: a Igreja Suspensa de Mokattam, ou Igreja de São Simão, que foi escavada diretamente na rocha das colinas locais.

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