Esse tipo de opção surgiu devido à densidade populacional de cidades grandes, como Tóquio, em que milhares de pessoas convivem diariamente e o contato social pode se tornar exaustivo.
Embora os japoneses tenham uma cultura de organização e respeito, os espaços públicos das metrópoles vivem lotados, o que gera muito ruído.
Capital japonesa, Tóquio é a cidade mais populosa do mundo, com 14 milhões de habitantes.
Para minimizar o contato excessivo com outras pessoas, japoneses de grandes centros urbanos podem pagar valores para não serem incomodados.
Em lojas, restaurantes e táxis, por exemplo, é oferecida a possibilidade de pagar para evitar conversas e desfrutar do desejado silêncio.
Essa possibilidade dá ao cliente a paz que procura sem que ele precise ser grosseiro, algo que não é muito típico dos japoneses.
Segundo o site “Minha Vida”, o salão de beleza Hair Works Credo foi um dos primeiros a oferecer esse serviço.
Localizado no bairro de Setagaya, em Tóquio, o salão oferece três níveis de conversa: normal, reduzida ou nenhuma (silêncio total).
Os japoneses valorizam muito o silêncio. Nos transportes públicos lotados, como trens e ônibus, esse comportamento é presente.
No entanto, mesmo com essa cultura que preza pelo silêncio, os centros urbanos japoneses têm na poluição sonora um de seus problemas crônicos.
Em parques públicos, por exemplo, queixas recorrentes de moradores sobre barulhos de crianças brincando geraram debate em 2023 sobre lei para liberar a gritaria dos pequenos. Os espaços chegaram a ser fechados como resposta às constantes reclamações.
Um aspecto que colabora decisivamente para a poluição sonora no Japão é o excesso de tecnologia e informação. Pelas ruas, vários equipamentos falam, para orientar as pessoas, até mesmo elevadores e escadas rolantes.
A presença de pessoas munidas de alto-falantes para orientar os transeuntes soma-se ao barulho perturbador do trânsito.
Cidades japonesas já registraram elevado número de episódios de briga entre vizinhos por causa de barulho.
Em 2017, a TV Asahi divulgou enquete com 400 famílias das cidades de Tóquio, Osaka e Nagoya para apontar os barulhos que mais irritavam vizinhos.
Entre eles estavam ruídos de crianças brincando ou chorando. Outros tópicos que apareceram foram os latidos de cachorros, barulho de máquina de lavar roupa e música em volume alto.
No país, as leis estabelecem limite de poluição sonora apenas para empresas e fábricas, não determinando faixas para moradias ou nas relações urbanas.
Curiosamente, em um país que valoriza tanto o silêncio a legislação japonesa permite até 70 decibéis nas ruas, acima do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera recomendável (até 53 decibéis).