Mas sua obra segue moderna e popular em pleno século XXI não só no teatro como em outras manifestações artísticas, como cinema e literatura.
Um exemplo desse fenômeno é a comédia romântica “Todos Menos Você”, que entrou em cartaz nos cinemas no início de 2024 e tornou-se a maior bilheteria até hoje de uma adaptação cinematográfica live-action de Shakespeare. Ela é baseada na peça “Muito Barulho por Nada”, escrita pelo autor entre 1598 e 1599.
A arrecadação do longa-metragem protagonizado por Sydney Sweeney e Glen Powell superou “Romeu + Julieta” (1996), com Leonardo DiCaprio, que foi líder no quesito por quase três décadas.
Nascido e morto na cidade inglesa de Stratford-Upon-Avon, o poeta e dramaturgo escreveu 39 peças de teatro. Alguns desses textos se tornaram clássicos da literatura mundial.
Um dos aspectos ressaltados por estudiosos da obra de Shakespeare que dão atemporalidade a ela é o caráter universal. Em “Shakespeare - a invenção do humano”, o crítico Harold Bloom afirma que o autor “inventou o humano como o conhecemos hoje”.
Conhecido como “O Bardo de Avon”, Shakespeare foi popular em sua época, o século XVI, ao encenar peças que se comunicassem com os mais diferentes tipos de pessoas, de nobres a populares.
Peças como “Romeu e Julieta”, “Hamlet”, Macbeth” e “Otelo” já foram adaptadas para o cinema e são reencenadas exaustivamente por companhias de teatro mundo afora.
Em 2015, um trabalho organizado Biblioteca Britânica e o Conselho de Pesquisa em Artes e Humanidades da Inglaterra considerou a obra completa de Shakespeare a terceira mais influente da história - atrás apenas de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, e “O Manifesto do Partido Comunista”, de Karl Marx e Friedrich Engels.
Um dos aspectos que costuma ser destacado por especialistas em Shakespeare é a influência que o autor teve na língua inglesa. Suas peças agregaram novas palavras e expressões ao vocabulário corrente, como “addiction” (vício) e “lonely” (solitário).
No cinema, muitas adaptações de obras de Shakespeare fizeram sucesso, desde o “Hamlet” escrito e dirigido por Laurence Olivier, em 1948, até o já citado “Romeu + Julieta”, de Baz Luhrmann, nos anos 90.
Em 2004, o astro de Hollywood Al Pacino estrelou uma adaptação do “Mercador de Veneza”, um dos textos mais importantes de Shakespeare.
Outros atores festejados do cinema, como Anthony Hopkins (“Titus”), Denzel Washington (“A Tragédia de Macbeth”) e Christian Bale (“Sonho de Uma Noite de Verão’) atuaram em filmes inspirados na obra do bardo inglês.
“O Rei Leão”, um dos longas-metragens de animação mais célebres da história, vencedor do Oscar de Melhor Canção Original em 1995, teve a história livremente inspirada em “Hamlet”, conforme admitiram os próprios roteiristas do filme.
Quarto fillme mais lucrativo da história, â??Titanicâ? também tem inspiração shakespeareana.
O diretor James Cameron reafirmou isso em uma conferência de imprensa antes do relançamento do longa-metragem nos cinemas em 2023: “Pensei em fazer uma espécie de Romeu e Julieta no mar”.
“Hamlet” é uma das obras mais estudadas e adaptadas de Shakespeare. Frases de monólogos da peça, como “ser ou não ser, eis a questão” e “há algo de podre no reino da Dinamarca”, se tornaram de uso corrente.
A peça, escrita entre 1599 e 1601, influenciou a psicanálise, com citações em obras de Freud, e é a mais extensa da obra de Shakespeare e também mais encenada até hoje no mundo.
A obra de Shakespeare também inspirou criações musicais. O italiano Giuseppe Verdi, por exemplo, compôs três de suas óperas baseadas em textos do dramaturgo: “Macbeth”, “Otello” e “Falstaff” (esta com cenas de “Henrique IV”).
Shakespeare foi casado com Anne Hathaway (o nome da atriz nova-iorquina de “O Diabo Veste Prada” foi inspirado nela) e teve três filhos, Susana e os gêmeos Hamnet e Judith.