Em 2018, por conta de dificuldades financeiras, o homem anunciou sua réplica da Ferrari por R$ 80 mil em uma plataforma online, mas retirou o anúncio após duas semanas.

O caso chamou a atenção da Ferrari, que logo contratou um advogado brasileiro para representá-la.

A montadora denunciou o dentista por violação da lei de patentes, alegando que ele usou o design do carro, protegido como propriedade intelectual, para fins lucrativos.

A denúncia também solicitava a apreensão do veículo para perícia e, caso o crime fosse comprovado, sua destruição (o que aconteceu).

José Vitor Estevam Siqueira foi condenado a parar de fabricar ou vender réplicas e a pagar indenização por danos materiais e lucros cessantes.

Na época, Vitor justificou a venda como uma tentativa de superar problemas financeiros enfrentados após o furto de todos os equipamentos de seu consultório odontológico, o que o impediu de continuar trabalhando.

Inicialmente, ele decidiu vender o carro, mas acabou optando por negociar a clínica e apagou o anúncio pouco depois.

Até o momento, sua dívida judicial acumulada é de R$ 42,5 mil. As contas do dentista revelaram ser de apenas R$ 887,74, que foram bloqueados e convertidos em penhora.

José Vitor chegou a processar a Ferrari por danos morais. Ele pediu R$ 100 mil, alegando impactos psicológicos e exposição pública, mas teve o pedido negado.

O protótipo foi apreendido para passar por uma perícia. José Vitor chegou a usar as redes sociais para expressar sua preocupação, temendo que o carro pudesse ser destruído.

O caso segue em disputa judicial e, até o momento (20/11/24), as partes ainda não se manifestaram sobre o desfecho.

Segundo a Ferrari, a empresa tem feito esforços no Brasil para identificar e combater a fabricação de réplicas e o uso indevido de sua marca.

Desde criança, José Vitor nutre uma paixão pela Ferrari, o que o motivou a começar a construir a réplica de forma artesanal, ainda em 2017.

Embora seja dentista, ele se considera um entusiasta de ciência e tecnologia e utilizou máquinas que ele mesmo desenvolveu, aperfeiçoando o processo de construção por meio de tentativa e erro.

Lançada em 1987, a Ferrari F40 foi o último modelo supervisionado por Enzo Ferrari, fundador da marca.

Com velocidade máxima de 300 km/h, o carro é uma raridade, com pouco mais de mil unidades no mundo, e seu preço chega a ultrapassar R$ 4 milhões.

Já a réplica criada por José Vitor foi construída a partir de materiais simples comprados em ferragens e lojas de construção.

Ele fabricou as chapas e moldou o automóvel em um laboratório improvisado nos fundos de sua casa, que fica em Cachoeira Paulista.

“Era um sonho infantil, inocente, eu não imaginei que poderia isso. Eu aceitei como um desafio para mim mesmo e comecei a estudar, investir tempo e dinheiro para que saísse do papel”, contou, em entrevista ao g1.

A Ferrari é uma icônica fabricante italiana de carros esportivos, fundada por Enzo Ferrari (foto) em 1939 e oficialmente lançada como marca em 1947.

Reconhecida mundialmente pelo alto desempenho, design exclusivo e luxo, a empresa tem forte presença no automobilismo, especialmente na Fórmula 1, onde é a equipe mais vitoriosa da história.

A marca é um símbolo de exclusividade, inovação e potência, com carros de produção limitada e valores que ultrapassam milhões de reais.