Aclamada pelo álbum 'The Rise and Fall of a Midwest Princess', Roan falou sobre o 'lado sombrio da fama', a artista pediu para que os fãs 'respeitem seus limites'.
O desabafo veio depois de dois episódios recentes: em um deles, um fã a agarrou e a beijou em um bar; em outro, ela precisou chamar a polícia depois que um fã não aceitou sua negativa em dar um autógrafo.
A artista de 26 anos foi além e afirmou que pode largar a carreira se o assédio contra ela e pessoas próximas continuar sem controle. Em sua fala, Roan também disse que a fama tem a 'energia de um ex-marido abusivo'.
Chappell Roan é o alter ego drag de Kayleigh Amstutz, e por um tempo ela tentou manter essas duas identidades separadas.
'É um mundo tão interessante em que vivemos, onde todos querem ver quem você realmente é nas redes sociais. Mas há essa ilusão de que eles conhecem você e que podem lhe dizer qualquer coisa', disse a cantora.
Mas nem todo mundo aprovou os comentários da artista. No podcast de Perez Hilton e Chris Booker, os apresentadores apontaram que suas constantes críticas à fama a tornam alvo de acusações de ser meio 'rabugenta'.
Nas redes sociais, alguns veem seus comentários como 'ingratos', argumentando que os aspectos negativos da atenção 'fazem parte do pacote de quem é famoso'.
Em 2023, Roan contou que foi diagnosticada com depressão grave, algo que a surpreendeu, pois ela não se via nos sintomas comuns de tristeza.
Em uma entrevista ao The Guardian, publicada em 20/09/23, Roan contou que precisou procurar ajuda médica e frequentar terapia duas vezes por semana.
De acordo com a cantora, a fama repentina foi um dos principais fatores que levaram ao seu diagnóstico.
Entre os obstáculos da vida pública, Roan mencionou que atividades simples, como ir a brechós ou passear no parque, agora exigem planejamento e medidas de segurança devido ao constante medo de ser seguida ou assediada.
Além dos desafios emocionais, a cantora também tem se envolvido em polêmicas com a imprensa. No tapete vermelho do VMA, Roan se envolveu em um incidente ao dizer que um fotógrafo deveria “calar a boca”.
Por outro lado, Roan não é a única artista a fazer suas críticas em relação à fama. Hayley Williams, vocalista do Paramore, expressou apoio aos comentários da cantora.
'Isso acontece com todas as mulheres que conheço desse ramo, inclusive eu. A mídia social piorou isso. Estou muito grata que Chappell esteja disposta a abordar isso de uma forma real, em tempo real. É corajoso e infelizmente necessário', comentou.
A cantora americana Mitski também acolheu Roan, dizendo que ela agora faz parte do 'clube onde desconhecidos acreditam que você lhes pertence e passam a perseguir seus familiares.'
A cantora Billie Eilish abordou temas semelhantes de perseguição na música 'The Diner' ('O Jantar', em português).
Segundo Sarah Ditum, autora do livro 'Toxic', que explora a ascensão feminina nas últimas décadas, 2024 marcou 'um ponto de virada' em que celebridades começaram a falar abertamente sobre os fãs ultrapassarem certos limites.
Ela observa que a atual geração de estrelas tem mais facilidade em abordar esse tema, pois cresceu com uma compreensão mais ampla sobre saúde mental e a importância de estabelecer limites.
Para a autora, a trajetória de Britney Spears nos anos 2000 serve como um alerta para todos que vieram depois.
Apesar dos desafios emocionais e da dificuldade de se adaptar à fama, Chappell Roan enfatizou sua gratidão pelos fãs, deixando claro que suas críticas não se referem ao sucesso, mas sim aos abusos que vem sofrendo.
“Não estou reclamando do meu sucesso. Estou reclamando de ser abusada', esclareceu.
Natural do Missouri (EUA), Chappell Roan ganhou destaque na indústria musical com seu álbum 'The Rise and Fall of a Midwest Princess' (2023), que recebeu aclamação da crítica.
Ela é conhecida por seus visuais extravagantes e inspirados no mundo do drag. Suas músicas transmitem mensagens de empoderamento e amor próprio, além de celebrar a diversidade e a comunidade LGBTQIA+.