Em 26 de julho de 2022, uma explosão de gás natural veicular (GNV) matou um homem num posto de combustível do Rio de Janeiro. Ele foi hospitalizado, mas morreu na madrugada seguinte. O FLIPAR mostrou na ocasião, alertando para o perigo.
Uma câmera de monitoramento gravou tudo. O motorista Mario Magalhães, de 67 anos, vai até a traseira do carro e abre o porta-malas, onde ficam armazenados os cilindros de gás.
Assim que ele abre, uma grande explosão acontece e uma nuvem de fumaça se espalha. As imagens, divulgadas pela imprensa e pelas mídias sociais, impressionaram pela violência do impacto.
O homem foi arremessado a alguns metros e ficou no chão, ferido. Veja que ele está sem camisa. Parte da roupa foi arrancada pela força da explosão.
Pelo estado do carro dá pra ter a ideia da dimensão do incidente. O veículo foi totalmente destruído, tornando-se um monte de ferro amassado e retorcido. Sem chance de recuperação.
Técnicos do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea), da Naturgy (Concessionária de Gás), representantes da Prefeitura e peritos da Polícia Civil foram ao posto para analisar o caso.
Eles verificaram que os equipamentos do posto estavam em boas condições e com a licença em dia. Já os cilindros de gás do carro estavam em péssimo estado, enferrujados.
A Associação dos Organismos de Inspeção Veicular do Rio de Janeiro (Assinsp-RJ) fez um alerta sobre a importância da instalação de GNV de forma correta, por empresas credenciadas.
Uma das exigências é que os cilindros de gás tenham o selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), responsável por verificar se os produtos estão de acordo com as normas.
Além do selo de qualidade, outras medidas de prevenção de acidentes devem ser tomadas. Veja a lista fornecida pelos especialistas.
Desligar o motor do veículo sempre que for abastecer. Apagar as luzes e desligar o sistema de som.
Sair do carro e permanecer à distância enquanto o abastecimento estiver sendo feito. Deixar o capô do carro e o porta-malas abertos.
Verificar se o frentista colocou o dispositivo de aterramento da bomba no carro antes de começar o abastecimento. O aterramento serve para evitar descargas.
A pressão máxima de GNV oferecida pelo posto deve ser de 220 quilograma-força por centímetro - limite de segurança determinado pela AFP. Os motoristas não têm como verificar isso, mas os frentistas devem ter atenção.
Na época da explosão, a Associação dos Organismos de Inspeção Veicular do Rio de Janeiro divulgou que, só no Rio de Janeiro, 60% dos veículos a gás estavam circulando com alguma irregularidade.
Dos veículos avaliados na pesquisa, 40% não tinham o documento em dia, 40% estavam com a vistoria vencida e 20% não fizeram a inspeção no Inmetro.
O GNV, se for usado com segurança, é uma boa forma de economia. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Gás Canalizado (Abegás), o gás natural é de 43% a 58% mais econômico que a gasolina e de 44% a 66% mais eficiente que o etanol.
O GNV é menos poluente. Emite cerca de 20% menos dióxido de carbono (CO2) na atmosfera em relação à gasolina e 15% em comparação com o etanol.
O sistema de injeção fica sempre mais preservado. Por ser um combustível mais limpo, o gás não deixa acumular resíduos nos bicos injetores.
O óleo dura mais. O GNV não se mistura e não contamina o óleo lubrificante do motor, aumentando a vida útil do líquido.
A vida útil do escapamento também aumenta. Já que não há acúmulo de água proveniente da gasolina e do álcool, o sistema pode durar até 20% a mais .
Por outro lado, há desvantagens no GNV. O cabeçote do motor pode trincar, já que o sistema recebe maior pressão e corre risco de pequenas fissuras.
Outra desvantagem é o maior desgaste dos cabos de vela. A vida útil desses componentes pode cair de 30.000 quilômetros para praticamente a metade.
Além disso, as válvulas podem travar. Como os cilindros trabalham com um combustível seco, a falta de lubrificação pode causar avaria. O ideal é usar gasolina ou o álcool por 5 km todos os dias.
E há perda de potência de cerca de 3% em relação ao motor movido a combustão. Pesando os prós e os contras, é só decidir o que você prefere. Mas cumprindo o principal: tomando as medidas de segurança!