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Comunidade japonesa recupera áreas desmatadas na Amazônia com 'florestas de comida'


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Reprodução de vídeo BBC

Grupos de imigrantes japoneses se fixaram na região florestal no fim dos anos 20 do século passado e formaram a terceira maior colônia nipônica do Brasil (atrás apenas de São Paulo e Paraná).

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Em lotes cobertos por floresta, essas famílias ergueram casas e tiravam o sustento das plantações.

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Por alguns anos, em especial na década de 50, a comunidade foi próspera graças à pujança na plantação de pimenta-do-reino.

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Antes, porém, passaram por anos aflitivos devido à Segunda Guerra Mundial, quando o governo brasileiro aderiu aos aliados contra o chamado eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão). De acordo com os relatos históricos, a comunidade japonesa foi alvo de hostilidade e viveu em uma espécie de “campo de concentração” na floresta.

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Nos anos 70, a colônia de japoneses de Tomé-Açu passou por um período dramático ao ter suas plantações de pimenta do reino arruinadas por fungos do gênero Fusarium.

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Diante da necessidade de alimentos, os nipo-brasileiros uniram o conhecimento ancestral japonês a recursos que aprenderam observando as comunidades ribeirinhas para criar uma saída revolucionária.

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O engenheiro florestal Noboru Sakaguchi, diretor da cooperativa de agricultores locais na época, foi quem despertou na comunidade a necessidade de “aprender com a natureza” e sair da monocultura, aproveitando a diversidade presente na Floresta Amazônica.

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Ele percebeu que os ribeirinhos viviam em meio a árvores frutíferas de espécies variadas, o que lhes garantia colheita e alimentação para o ano todo.

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A partir daí, as famílias desenvolveram um sistema agroflorestal voltado para a diversidade de espécies.

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As famílias nipo-brasileiras começaram a testar combinações variadas de árvores e, com o tempo, essas fazendas “múltiplas” recuperaram o caráter florestal.

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O método ajuda a recuperar áreas desmatadas e passou a atrair agricultores brasileiros e de outros países que desejam aprender as técnicas para reproduzi-las em outros lugares.

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É um modelo sustentável de manejo da floresta. A produção variada gera renda sem desmatar a área, o que tem despertado atenção de pesquisadores.

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O agricultor Michinori Konagana, que chegou com o pai ao Pará no início dos anos 60, é um dos seguidores dos ensinamentos de Sakaguchi.

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“Ele (Sakaguchi) via o ribeirinho produzindo com harmonia”, explicou o agricultor no depoimento à BBC, ilustrando como a observação do engenheiro florestal resultou na técnica de cultivo que a comunidade adota ainda hoje.

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Na fazenda em que vive Michinori Konagana, há 230 hectares de terra cultivada com produção diversa: amêndoa, açaí, cupuaçu, melancia, melão e outras frutas, além de madeira e óleos vegetais.

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'Hoje, eu me sinto culpado por ter derrubado e queimado. A degradação foi muito grande naquela época', afirmou Konaga ao referir-se ao modelo usado quando era criança. Nele, derruba-se a floresta para a monocultura (produção de apenas um alimento).

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Com mais de cinco mil agricultores, a cidade tornou-se uma grande produtora e exportadora de produtos diversos.

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O carro-chefe da produção em Tomé-Açu atualmente é o cacau, a matéria-prima do chocolate.

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Graças ao método implementado pela comunidade nipo-brasileira, a cidade é hoje a sexta maior produtora de cacau do estado do Pará, sendo quase a totalidade produzida por agrofloresta (o que faz dela uma referência em economia sustentável).

Reprodução do Youtube Canal Good New Rede TV

De acordo com o censo 2022, do IBGE, Tomé-Açu tem uma população de 67.585 habitantes.

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A cultura japonesa marca fortemente o município paraense. A cidade conta com um Museu de Histórico da Imigração Japonesa.

Divulgação

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