O filme brasileiro irá concorrer à premiação com outras cinco produções: “Tudo Que Imaginamos Como Luz” (Payal Kapadia/Índia), “Emilia Pérez” (Jacques Audiard/França-México), “A Garota da Agulha” (Magnus von Horn/Dinamarca-Polônia), “The Seed of the Sacred Fig” (Mohammad Rasoulof/Irã) e “Vermiglio” (Maura Delpero/Itália).
Fernanda Torres terá como concorrentes ao prêmio de Melhor Atriz nomes conhecidos de Hollywood: Angelina Jolie, Nicole Kidman, Tilda Swinton, Kate Winslet e Pamela Anderson. A cerimônia da 82ª edição do Globo de Ouro acontece no dia 5 de janeiro.
Um dia antes da indicação ao Globo de Ouro, Fernanda Torres ficou em segundo lugar no prêmio de melhor atuação da Associação de Críticos do Cinema de Los Angeles. A brasileira apareceu ao lado de Demi Moore ('A Substância') nesse posto.
'Ainda Estou Aqui' já foi o escolhido para tentar disputar uma vaga no Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. A lista completa dos indicados será anunciada no dia 17 de janeiro de 2025.
No início de setembro, o filme estreou com momentos de emoção no Festival de Cinema de Veneza. Selton Mello e Fernanda Torres não conseguiram conter as lágrimas com a recepção calorosa do público após a exibição do longa.
Após o término da sessão, a produção brasileira foi aplaudida de pé por 10 minutos.
O filme chegou a concorrer ao cobiçado Leão de Ouro, principal prêmio do Festival, mas acabou perdendo o prêmio para 'O Quarto ao Lado', do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
Apesar disso, o longa levou para casa o prêmio de Melhor Roteiro. O filme estreou nos cinemas brasileiros em 7/11/2024 e já passou de 2 milhões de espectadores no país.
'Ainda Estou Aqui' conta a história de Eunice Paiva, mãe do jornalista Marcelo Rubens Paiva, que passou 40 anos procurando a verdade sobre o marido desaparecido, Rubens Paiva.
A história se baseia no livro homônimo escrito pelo jornalista Marcelo Rubens Paiva (filho de Eunice). 'Ela virou a grande militante ativista da ditadura e da redemocratização brasileira e do chamado Brasil novo', disse ele.
Na trama, Eunice é vivida em fases diferentes da vida pelas atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro (foto).
O filme conta com um elenco de peso. Além das Fernandas Montenegro e Torres, estrelam o longa Selton Mello, Marjore Estiano, Humberto Carrão e Dan Stulbach.
O processo de realização do filme levou cerca de sete anos. O diretor Walter Salles chegou a frequentar a casa onde Rubens Paiva vivia antes de ser levado pelos militares e fez questão de conhecer sua família.
Além disso, o filme recebeu inúmeros elogios da imprensa internacional. Um deles foi direcionado à atuação de Fernanda Torres.
'É uma atuação que deve catapultar ela para a temporada de premiações, 25 anos depois de sua mãe ser indicada ao Oscar por Central do Brasil', disse uma crítica do Deadline, um dos maiores sites de entretenimento dos EUA.
'Salles nunca se excede nas batidas emocionais do filme, confiando na atuação magnífica e excepcionalmente detalhada de Torres para dirigir a história', destacou o ScreenDaily.
Além de 'Central do Brasil', que foi indicado ao Oscar de 1999 nas categorias Melhor Filme e Melhor Atriz, Walter Salles dirigiu os elogiados 'Abril Despedaçado' (2001), com Rodrigo Santoro, 'Diários de Motocicleta' (2004) e 'Paris, Te Amo' (2006).
Tema central de 'Ainda Estou Aqui', Rubens Paiva foi um engenheiro civil, empresário e político brasileiro, conhecido principalmente por sua luta contra a ditadura militar no Brasil e por ser uma das vítimas mais emblemáticas do regime.
Ele nasceu em 26 de dezembro de 1929, em Santos, São Paulo, e desapareceu em janeiro de 1971, após ser preso por agentes da repressão.
Rubens Paiva era deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e se destacou como um dos opositores do golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart.
Com a implantação do regime militar, ele teve seu mandato cassado e foi exilado no exterior por um período. Ao retornar ao Brasil, continuou a se posicionar contra o governo militar.
Em janeiro de 1971, Paiva foi preso em sua casa no Rio de Janeiro por agentes do DOI-CODI, um órgão de repressão da ditadura.
Após sua prisão, ele desapareceu, e as autoridades nunca admitiram oficialmente seu paradeiro ou destino. Anos depois, investigações apontaram que ele foi torturado e morto nas dependências militares.
Seu corpo nunca foi encontrado, e seu caso permanece como um símbolo das atrocidades cometidas durante a ditadura militar no Brasil.