Millôr, que foi registrado em cartório apenas no dia 27 de maio de 1924, fez fama em diversas áreas de atuação: das artes plásticas ao teatro. O nome artístico foi adotado por ele a partir de um erro de grafia na certidão (foto).
Ainda na adolescência, Millôr começou a trabalhar como office-boy na redação da revista “O Cruzeiro”, fundada pelo empresário da comunicação Assis Chateaubriand.
Nos anos seguintes, o jovem profissional passou a atuar como jornalista na publicação semanal, principal revista do país à época. Em 1945, lançou em “O Cruzeiro” a seção Pif-Paf, que o faria conhecido.
Ainda no fim dos anos 40, fez sua primeira incursão no universo literário com a publicação de “Eva sem Costela - Um Livro em Defesa do Homem”. O livro foi assinado com o pseudônimo Adão Júnior.
Em 1948, Millôr fez uma viagem aos Estados Unidos a serviço de “O Cruzeiro” e conheceu o empresário Walt Disney, criador da mais famosa companhia de entretenimento do mundo.
Nos anos 50, expandiu sua atuação para a dramaturgia ao lançar sua primeira peça de teatro, “Uma Mulher em Três Atos”.
No teatro, Millôr se destacaria também como tradutor de obras clássicas, como “Hamlet” e “Rei Lear”, de William Shakespeare.
Nessa mesma década, Millôr também expôs seus desenhos em um mostra de Buenos Aires e no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro.
Após 25 anos em “O Cruzeiro”, em 1963 o jornalista foi demitido da revista como uma resposta da direção ao protesto de leitores contra ironias bíblicas feitas por Millôr em desenhos na série “Esta É a Verdadeira História do Paraíso”.
Em maio de 1964, pouco depois de ocorrer o golpe militar no Brasil, Millôr lançou a revista Pif-Paf (ampliação de sua seção homônima em “O Cruzeiro”). Porém, a publicação, repleta de humor e ilustrações, durou apenas oito edições.
No auge da Ditadura Militar, foi uma das personalidades à frente de “O Pasquim”, semanário que marcou época no jornalismo brasileiro pelo sarcasmo e críticas ao governo e aos costumes da época.
Em “O Pasquim”, ele dividiu espaço com outras personalidades famosas da cultura brasileira no século 20, como os cartunistas Jaguar, Henfil e Ziraldo e os jornalistas Paulo Francis e Tarso de Castro.
Em 1977, dois anos após deixar de escrever em “O Pasquim”, Millôr estreou sua peça de teatro mais bem sucedida. Intitulada “É”, ela foi encenada pelo casal Fernanda Montenegro e Fernando Torres.
Entre os anos 80 e 90, Millôr trabalhou para diversos veículos de imprensa de prestígio, como “Veja” e “Jornal do Brasil”.
Outra qualidade do jornalista MillÎr Fernandes foi a de frasista, com expressões carregadas de sarcasmo.
São dele, por exemplo, sentenças como “o preço da fidelidade é a eterna vigilância” e “como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem”.
Seu livro de maior sucesso foi “Millôr Definitivo - A Bíblia do Caos”, que reúne textos e as inúmeras frases geniais do jornalista.
Millôr Fernandes morreu no dia 27 de março de 2012, aos 88 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. À época, ele era casado com a jornalista Cora Rónai.