O registro foi feito em trecho da Baía de Guanabara próximo ao bairro de Neves, no município de São Gonçalo. No vídeo é possível ver a barbatana dorsal do suposto tubarão se movendo enquanto o pescador demonstra espanto: “Tubarão grande, hein?”
De acordo com o portal “O São Gonçalo”, apesar de sugerir ser um tubarão, é provável que se trate de um boto (foto). 'O tubarão tem movimentos mais lateralizados. A [barbatana] caudal dele é em pé. Então, nessa hora que ele expõe a dorsal, era para a gente ver também a ponta da caudal ou, pelo menos, um redemoinho na água causado por ela, e a gente não vê isso. A cauda do boto e do golfinho é horizontal e costuma não ser exposta na hora que ele mostra o dorso', explicou o biólogo marinho Rodrigo
Uma curiosidade sobre tubarões no Brasil: segundo a BBC Brasil, dados de um estudo de 2021 conduzido por brasileiros indicam que cerca de sete em cada dez pessoas no país (69%) não sabem que a carne de cação é, na verdade, feita a partir de tubarões.
Sem conhecimento, as pessoas estão consumindo tubarão, um peixe com níveis elevados de substâncias tóxicas e cuja população tem diminuído globalmente nas últimas décadas.
E o impacto é grande, afinal o Brasil é o maior importador e consumidor de carne de tubarão em todo o mundo.
Segundo a reportagem, a maioria dos brasileiros desconhece essa situação devido à falta de etiquetagem apropriada.
Além disso, os preços atrativos e a ausência de políticas públicas eficazes tornam o Brasil uma ameaça para a preservação dos tubarões.
A população de tubarões e arraias no mundo diminuiu em 71% desde 1970, enquanto a pesca predatória desses animais aumentou 18 vezes.
Segundo Bianca Rangel, do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), é necessária uma maior conscientização da população acerca do tema.
'Em vez de ser embalada com rotulagem adequada, a carne de tubarão é vendida no Brasil normalmente como cação, um nome ambíguo usado para várias espécies', disse Gil, da Sea Shepherd Brasil, ONG de conservação da vida marinha.
A pesquisa foi conduzida pela agência independente de pesquisa Blend e encomendada pela Sea Shepherd Brasil, entrevistando 5 mil brasileiros em todo o país.
Em um artigo, os pesquisadores alertam sobre essa situação e propõem maneiras pelas quais o Brasil pode ajudar a preservar a população de tubarões.
O Brasil se tornou o principal destino para carcaças de tubarão sem as barbatanas, de acordo com os pesquisadores.
A cada ano, os brasileiros consomem cerca de 45 mil toneladas desse tipo de carne. Consideradas iguarias no mercado asiático, as barbatanas de tubarão podem atingir preços extremamente elevados, chegando a custar mais de US$ 1,5 mil por quilo (aproximadamente R$ 8 mil)
A técnica para obtenção de nadadeiras é conhecida como 'finning' e a maioria dos países proíbe essa prática.
No “finning”, na maioria das vezes as nadadeiras são retiradas e o restante do corpo é descartado no mar.
Surpreendentemente, o Brasil foi o primeiro país a concordar com um tratado que proíbe essa prática. O artigo afirma que o país adquire carcaças e cortes do animal sem as nadadeiras de nações como China e Espanha, além do Uruguai, que exporta carne processada de tubarão.
No Brasil, tubarões podem ser importados sem restrições, apesar da comercialização por pescadores ou empresários locais ser legalmente proibida.
De acordo com os cientistas, mesmo que haja discussões sobre a etiquetagem errônea de tubarões por parte das ONGs e instituições acadêmicas, nenhum passo foi tomado pelo governo até agora.
Eles acrescentam que, como resultado, os compradores no Brasil continuam a adquirir carne de tubarão sem consciência disso, o que está impactando negativamente as espécies vulneráveis.