A postagem, que bombou entre os seguidores brasileiros da estrela do pop, trazia versão instrumental de “A Morte do Vaqueiro”, composição do artista pernambucano em parceria com Nelson Barbalho. O Flipar mostrou na época a vida e obra de Luiz Gonzaga. Relembre agora esse genial compositor.
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezembro de 1912 em Exu, município do sertão de Pernambuco, na divisa com o Ceará. A data foi batizada “Dia Nacional do Forró” em homenagem ao artista nordestino.
Seu pai, Januário dos Santos, foi um sanfoneiro muito famoso em Exu. Ele é personagem da canção “Respeita Januário”, uma de muitas parcerias de Luiz Gonzaga com o advogado cearense Humberto Teixeira.
É considerado uma das personalidades artísticas brasileiras mais importantes por ter difundido a cultura nordestina pelo país. Além de Humberto Teixeira, outro fecundo parceiro de Luiz Gonzaga foi o poeta Zé Dantas.
A sua figura de gibão, chapéu de couro e sanfona tornou-se famosa para além dos estados do nordeste, conquistando popularidade nacional.
Em meio século de carreira, o Rei do Baião, como ficou conhecido, construiu uma discografia de 44 álbuns e mais de 50 compactos.
Luiz Gonzaga é considerado o criador do formato de trio sanfona-zabumba-triângulo que forjou o gênero musical baião, um dos mais importantes do país.
De acordo com pesquisadores da música brasileira, antes de Luiz Gonzaga o forró não tinha uma padronização. Alguns grupos utilizavam instrumentos como o melê (artesanal) e o pandeiro, hoje muito mais vinculado ao samba.
Após deixar o sertão do Cariri e servir o exército, Luiz Gonzaga migrou para o sudeste e iniciou carreira artística no início dos anos 40.
Foi nessa época que lançou seus primeiros discos em 78 rotações, inicialmente instrumentais. Mais tarde, passou às gravações em que também cantava.
No dia 3 de março de 1947 lançou “Asa Branca”, canção que se tornaria um hino do homem sertanejo. Outra parceria com Humberto Teixeira, é uma das composições mais regravadas da história da música popular brasileira.
“Asa Branca” descreve o drama da seca no Nordeste, que leva os habitantes a deixarem a região em busca de condições melhores. O pássaro que dá título à canção simboliza as dificuldades locais ao também abandonar o sertão.
O sanfoneiro é criador de outros clássico do cancioneiro nacional, como “O Xote das Meninas”, “A Vida de Viajante”, “”Olha pro Céu”, “Que nem Jiló”, “Vem Morena” e “A Morte do Vaqueiro”, canção que Madonna utilizou como trilha de sua postagem no TikTok.
Composições de Luiz Gonzaga são trilha essencial das festas de São João, fazendo com que o músico reine nos chamados arraiais.
Luiz Gonzaga foi influência decisiva na carreira de importantes músicos do Brasil, especialmente nordestinos, como Dominguinhos, Gilberto Gil, Moraes Moreira, Alceu Valença e Elba Ramalho.
O músico era pai de criação do também consagrado compositor e cantor Gonzaguinha (Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior), morto em acidente automobilístico em 1991, aos 45 anos.
A relação conturbada entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha foi tema do livro “Gonzaguinha e Gonzagão”, da jornalista Regina Echeverria. A obra inspirou o roteiro do filme “Gonzaga: de Pai para Filho” (2012), dirigido por Breno Silveira.
Luiz Gonzaga, conhecido também como Gonzagão, viveu no Rio de Janeiro entre o fim dos anos 30 até 1980, quando decidiu retornar para Exu. Ele morreu em 2 de agosto de 1989, aos 76 anos de idade, em um hospital de Pernambuco.
Em 2022, por ocasião do seu centenário de nascimento, Luiz Gonzaga recebeu em memória o título Doutor Honoris Causa da Universidade Federal Rural de Pernambuco por ter sido um “autêntico representante da cultura nordestina”.