A arquiteta fez o relato ao comentar sobre o documentário “Kubrusly: mistério sempre há de pintar por aí” (foto), que irá estrear dia 4 de dezembro, na Globoplay. Beatriz Goulart, de 63 anos, disse que na época das gravações, no fim de 2023, o jornalista já não conseguia ler e escrever. Com o tempo, ele passou a falar ainda menos e reconhece apenas a esposa.
“Ele já desligou de saber onde está. Antes a gente andava quilômetros, agora caminhamos uns 500 metros porque ele se cansa”, afirmou Goulart. O jornalista não se recorda da carreira de repórter ou do período em que foi crítico musical.
No dia 22/11, Kubrusly, de 79 anos, foi homenageado na sessão de abertura da 11ª Mostra de Cinema de Gostoso, em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. O documentário foi exibido em uma sala lotada de cinema ao ar livre, e Kubrusly foi aplaudido de pé pelo público.
Maurício Kubrusly trabalhou por 34 anos na TV Globo. A doença neurodegenerativa o obrigou se aposentar.
A doença é a mesma que afeta o premiado ator norte-americano Bruce Willis, aposentado da carreira cinematográfica desde 2022.
'E chega um tempo onde a precariedade do instante e a imensidão da eternidade viram uma coisa só', escreveu Beatriz Goulart na legenda da foto.
A revelação de que Maurício Kubrusly convive com a demência frontotemporal foi feita em um quadro de série especial sobre os 50 anos do Fantástico, dominical da Globo, em agosto de 2023.
'Maurício Kubrusly deixou para trás São Paulo para mergulhar na natureza, o que tem sido um bom remédio para lidar com a Demência Fronto Temporal (DFT), que foi diagnosticada há alguns anos. A memória se foi mas, como ele sempre diz, permanece sua enorme paixão pela vida e pela gente brasileira', diz o texto do Fantástico.
Os lobos frontais e temporais laterais são as áreas cerebrais mais afetadas pela doença degenerativa.
A DFT é uma condição mais rara que outros tipos de demência e a hereditariedade é um fator muito influente.
A faixa etária em que a doença neurodegenerativa costuma se manifestar é entre entre 45 e 65 anos. A DFT não tem cura, mas seus sintomas podem ser abrandados com uma série de medidas acompanhadas de especialistas de áreas como psicologia, fonoaudiologia e fisioterapia.
Os sintomas mais comuns se manifestam em comportamentos e na linguagem. Alterações de personalidade, dificuldade para controlar impulsos e perda de memória são outros efeitos.
Além da avaliação dos sintomas, o diagnóstico requer exames complementares como tomografia e ressonância.
Maurício Kubrusly foi contratado pela Globo em 1985 e estreou participando da cobertura da primeira edição do Rock in Rio.
No Fantástico, Kubrusly comandou o quadro 'Me Leva, Brasil', no Fantástico, entre os anos de 2000 e 2016.
Para essas reportagens, Kubrusly viajava pelo Brasil em busca de histórias curiosas e contadas com uma irreverência peculiar.
Em 2016, o jornalista sofreu um infarto e passou por cirurgia para colocação de dois stents - dispositivo para evitar a obstrução de uma artéria.
Antes de receber o diagnóstico e deixar a Globo, Kubrusly fez participações ocasionais até o fim de 2017.