Natural de Salvador, capital da Bahia, na adolescência Raul era fã de Elvis Presley, sua primeira grande influência musical. “Ouvia os discos dele até estragar os sulcos”, declarou em entrevista.

No início dos anos 60, Raul formou suas primeiras bandas, Relâmpagos do Rock, The Panters e, por fim, Raulzito e os Panteras.

Com os Panteras, o artista iniciante foi para o Rio de Janeiro a convite do amigo Jerry Adriani, um dos ídolos da Jovem Guarda, movimento liderado por nomes como Roberto e Erasmo Carlos.

Em 1968, Raul Seixas gravou seu primeiro LP, “Raulzito e os Panteras”, que trazia uma versão em português de “Lucy in The Sky With Diamonds”, faixa presente no icônico álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles.

Pouco tempo depois, Raul Seixas voltou ao Rio de Janeiro para trabalhar como produtor de discos, após conhecer um diretor da gravadora CBS.

Em 1971, Raul lançou o seu segundo álbum, “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”, ao lado de Miriam Batucada, Edy Star e Sérgio Sampaio. Apesar da curta permanência no mercado, o álbum hoje é considerado um artigo cult.

No ano seguinte, a carreira de Raul Seixas começou a engrenar com sua participação na sétima edição do Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro.

O artista baiano teve duas canções classificadas para a final, “Eu Sou Eu, Nícuri É o Diabo”, interpretada por Lena Rios e Os Lobos, e “Let Me Sing, Let Me Sing”, em que Raul contagiou a plateia com sua performance no Maracanãzinho.

Nesse mesmo período, Raul Seixas conheceu Paulo Coelho, com quem firmaria uma das parcerias mais famosas da música brasileira.

Em 1973, Raul lançou seu primeiro álbum solo, “Krig-ha, Bandolo”. O disco apareceu em 12º lugar na lista dos 100 maiores discos da música brasileira da revista Rolling Stone e se tornou o primeiro de uma série de álbuns famosos do artista.

“Krig-ha, Bandolo” traz clássicos definitivos de Raul Seixas, como “Al Capone” (uma das cinco parcerias com Paulo Coelho presentes nesse disco), “Ouro de Tolo” e “Metamorfose Ambulante”.

Na mira da Ditadura Militar por suas canções libertárias e com mensagens “cifradas”, Raul e Paulo passaram um tempo longe do Brasil - o futuro escritor inclusive, foi submetido a sessões de tortura. Um gibi chamado “Krig-Ha” chegou a ser apreendido e queimado por agentes do governo.

A música â??Sociedade Alternativaâ? foi incluída como uma das faixas do álbum â??Gitaâ?. Lançada em 1974, a obra deu a Raul seu primeiro disco de ouro, com mais de 600 mil cópias vendidas.

Após ver seu disco seguinte, “Novo Aeon”, não prosperar em termos comerciais, Raul Seixas voltou a obter sucesso com “Há 10 Mil Anos Atrás”.

Os álbuns seguintes de Raul Seixas quase não teriam participações de Paulo Coelho, que se transformaria mais tarde em um dos escritores brasileiros de maior sucesso internacional.

Em 1977, Raul lançou o álbum “O Dia Em que a Terra Parou”, que traz “Maluco Beleza”, uma das músicas mais regravadas do artista.

â??Maluco Belezaâ? foi composta com Cláudio Roberto, músico que passaria a ser o principal parceiro de Raul Seixas a partir de então.

Nos anos 80, gravou mais seis discos, entre eles “Abre-te Sésamo” e “Raul Seixas”, e cativou o público infantil ao interpretar a canção “O Carimbador Maluco” no especial da TV Globo “Plunct Plact Zuum” (1983).

Nessa época, Raul começou a ter a saúde seriamente afetada pelo consumo excessivo de álcool. O cantor passou a sofrer de pancreatite aguda, que o levaria à morte precoce em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos.

Nos últimos anos de vida, Raul Seixas se aproximou do cantor e compositor Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus. Eles fizeram uma turnê juntos pelo Brasil e gravaram o álbum “Panela do Diabo”, o último da carreira do artista baiano.