Uma parceria entre o restaurante Academia da Cachaça do Rio de Janeiro e a empresa portuguesa Vista Alegre é responsável pelo desenvolvimento de um copo para garantir uma melhor degustação da cachaça. A versão comemorativa, com dois exemplares em cristal com fundo pintado a ouro, será vendida no site da Vista Alegre por R$ 1.200.
Especialistas do ramo das bebidas se reuniram por três anos até definirem as características ideais do recipiente para a cachaça. Manufaturado, o volume do copo é o dobro de uma dose, com 120ml, a largura e o comprimento são de 63mm, a altura é de 86mm e o formato é mais oval.
A cachaça pode ser produzida a partir de diferentes árvores. Há as de Amburana, Bálsamo e Jequitibá, e o copo foi planejado para melhorar a prova de todas elas. O criador do Mapa da Cachaça, Felipe Januzi, explica que uma das preocupações do projeto era manter a temperatura da bebida. O fundo mais espesso diminui a troca de calor entre as mãos do degustador e a cachaça. As paredes ajudam a observar as chamadas “lágrimas” da bebida, quando o líquido escorre por elas.
Quanto mais lenta for a movimentação, melhor a qualidade da cachaça, de acordo com o especialista. A capacidade de conter o dobro de uma dose comum (60ml) também foi escolhida para contribuir na detecção dessa característica. “O restante do volume permite movimentar o copo e ver as lágrimas, os aromas podem sobem pelas paredes, chamadas de chaminés, e vão para o nariz”, conta Felipe. O formato e diâmetro do bocal também são pensados para concentrar o aroma na abertura.
A versão comemorativa, feita de cristal, é considerada uma joia pela equipe desenvolvedora. O material escolhido tem 30% de PbO e o chumbo dá características especiais para a peça. Comparado ao vidro, o Pb é mais pesado, tem o topo azulado ao invés de verde e reflexos negros com mais brilho.
O designer sênior da unidade de Cristal de Vidro da Vista Alegre, Hugo Amado, diz que a prioridade foi a de seguir as instruções da equipe brasileira, depois, trazer o cristal em ênfase e tornar o copo tátil. “O copo tem uma forma oval, alongada, com a volta de 87mm, 25 mm de espessura do fundo, fundo pintado a ouro 20,7 quilates e é a única coleção, até então, seguindo os parâmetros dos especialistas”, diz Hugo Amado.
Outra diferença entre o vidro e o cristal não pode ser tão observada no copo, pelo tamanho, mas os sons emitidos ao serem tocados, os dois materiais emitem sons com durações diferentes. O cristal pode gerar ondas mecânicas mais longas que o vidro e também é mais macio, o que possibilita maior quantidade de detalhes na ornamentação de peças.
Uma segunda versão, mais leve e em vidro, também será produzida pela Vista Alegre, pensando na distribuição em bares, ao invés da decoração e degustação caseira. “Quase todas as bebidas têm um copo específico, portanto faz todo o sentido que o mesmo aconteça para uma bebida especial e que liga Brasil com Portugal, pelas canas de açúcar que Portugal levou ao Brasil”, diz Hugo.
E o copo americano de dose?
Comumente, quando se pede uma cachaça em bares mineiros, ela é disposta no copo americano de 45ml, criado no Brasil e inspirado no modelo russo 1943 chamado de soviet glass (copo soviético) criado pela escultora Vera Mukhina. A escolha de servir bebidas nesse modelo de copo normalmente está associada à versatilidade, resistência e baixo custo deles. O copo americano de 45ml, por exemplo, pode ser utilizado para qualquer shot (pequena dose), mas não foi pensado para um tipo de bebida, em especial.