Pão de queijo da Dona Lucinha, que agora pode ser comprado no Mercado Central -  (crédito: Divulgação/FERNANDA NEVES)

Pão de queijo da Dona Lucinha, que agora pode ser comprado no Mercado Central

crédito: Divulgação/FERNANDA NEVES

Dona Lucinha, matriarca da gastronomia mineira, foi uma mulher de muitos feitos e, mesmo depois de partir, sua história ganha uma homenagem muito desejada por ela. Seus produtos chegam nesta quinta-feira (16/11) ao Mercado Central de Belo Horizonte, onde há uma estátua da cozinheira.  

     Leia também: Drinques enlatados produzidos em Minas unem praticidade e sabor; conheça alguns 

O legado de Dona Lucinha é gerenciado pela família. A filha dela, Heloisa Nunes, é quem vai cuidar do armazém no mercado. Antes, o armazém ficava na "BH Outlet" e Heloisa conta que todo o planejamento da mudança durou 15 dias. “Entrei chorando no mercado, pois é um sonho da minha mãe, ela sempre quis uma loja aqui e a agora a caçulinha conseguiu”, diz a filha. 

 

A loja vai reunir produtos licenciados com a marca Dona Lucinha, incluindo arroz, feijão, cerveja, cachaça, doces e outros quitutes mineiros. O foco é a venda de produtos que possibilitem a degustação em casa das receitas da Dona Lucinha. O local também terá um balcão e uma seleção de lanches e pratos feitos disponíveis. O pão de queijo da Dona Lucinha custa R$ 4 e o tropeiro, R$ 25.

 

Pão de queijo da Dona Lucinha, que agora pode ser comprado no Mercado Central

Pão de queijo da Dona Lucinha, que agora pode ser comprado no Mercado Central

Divulgação/FERNANDA NEVES

 

Os itens que podem ser levados para casa ainda não possuem preço tabelado, mas a lista completa já está disponível. No armazém, pode-se comprar o livro da Dona Lucinha, linguiça em parceria com a Matuto, Pão de queijo em parceria com a Trigo e Arte, broa de fubá de canjica, bolos (de fubá, fubá com queijo, banana com castanha), rosca da rainha, pastel de angu (queijo, carne serenada e banana da terra), biscoito de polvilho, mel, arroz e feijão da Dona Lucinha. Até bebidas da marca são encontradas no armazém, como a cachaça, a cerveja, vinho e suco de uva. 

Heloisa Nunes conta que a oportunidade de integrar o Mercado Central apareceu em um evento beneficente, onde também firmou a parceria com a Matuto. Ela e uma representante da marca de alimentos foram até o mercado para tentar impulsionar a venda da linguiça. Quando parecia que o sucesso não chegaria, um rapaz ofereceu não somente a disponibilidade da venda mas, também, um local para o armazém.

 

 

“Eu dormi durante a noite pedindo ajuda à mãezinha. Sonhei com ela, pedi uma luz, um lugar para o nome dela no mercado e não deixar o trabalho maravilhoso dela ser perdido, trazer comida simples, raiz”, diz Heloisa.

 

A ideia de começar uma linha de produtos da Dona Lucinha veio do filho, José Marcílio Nunes Filho, depois que a mãe morreu, em 9 de abril de 2018. A irmã diz que se esforçaram para seguir fielmente os pratos da mãe e que para alcançar algumas das receitas de Dona Lucinha foram necessário três anos de pesquisa.


SERVIÇO:
Armazém Dona Lucinha
Inauguração: Quinta-feira, 16 de novembro, às 8h
Mercado Central de BH
Instagram: @armazemdonalucinha

 

Quem foi Dona Lucinha?

 

Maria Lúcia Clementino Nunes nasceu no dia 21 de novembro de 1932, no Serro, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Durante as décadas de 1970 e 1980 ela reuniu um grande acervo gastronômico de raiz mineira, com viagens, conversas com gerações mais antigas, aprendendo com a bisavó, entre outros métodos.

 

Em 20 de junho de 1990, inaugurou o seu primeiro restaurante, localizado em uma casa na Rua Padre Odorico, número 38. O lançamento foi um sucesso e a influência de Dona Lucinha foi um grande fator na repercussão da comida mineira. Antes disso, trabalhou em um estabelecimento no prédio Itacolomi. Uma das suas frases mais famosas é “encontrar, em tudo e em todos, motivo de alegria”.

 

Dona Lucinha cozinhando comidas mineiras em um fogão à lenha

Dona Lucinha cozinhando comidas mineiras em um fogão à lenha

Arquivos Pessoais

 

As ações de Maria Lúcia transbordaram os limites das panelas, com atuações sociais, negociações políticas e ativismo. Alguns de seus feitos incluem programas de alimentação e aulas de culinária e costura em comunidades, incentivo ao consumo de alimentos típicos em uma escola que foi diretora e criação de ongs.

 

Uma das homenagens mais recentes feitas a ela foi no próprio Mercado Central, com uma estátua em tamanho real, de 1,70m de altura, inaugurada em 8 de julho de 2023. A cozinheira, que humildemente se recusava a ser chamada de chef, chegou a ser tema vivo de samba enredo no sambódromo do Rio de Janeiro, pelo Salgueiro, no desfile de 2015.