Pinga e Frita, restaurante da chef Paolla Stockler, valoriza a comida mineira com um toque de sofisticação.
       -  (crédito: Tulio Santos/EM/D.A.Press)

Pinga e Frita, restaurante da chef Paolla Stockler, valoriza a comida mineira com um toque de sofisticação

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“Belo Horizonte não é mais feita só de bares, agora é também a capital dos mercados”, afirma Elias Tergilene, presidente da Fundação Doimo e Grupo Uai e idealizador do Mercado de Origem Olhos D’Água, novo espaço da capital mineira, que será inaugurado oficialmente no dia 14, com o objetivo de exaltar a cultura e os sabores de Minas Gerais.


O empreendimento fica às margens da BR-356, no Bairro Olhos D'Água, Região Oeste de Belo Horizonte, e, apesar de não ter sido inaugurado oficialmente, está de portas abertas para o público desde 31 de outubro do ano passado. Com capacidade para receber 250 espaços comerciais, já tem mais de 50% das lojas em funcionamento, onde os visitantes conseguem degustar delícias da gastronomia mineira e até acompanhar o processo de produção de cerveja e cachaça.


Paolla Stockler considerou o espaço do Mercado ideal para a abertura da primeira unidade do Pinga e Frita, depois de 10 anos trabalhando como personal chef. Nomeado em homenagem a uma das técnicas mais conhecidas da cozinha mineira, o restaurante é focado na culinária tradicional, com a utilização de ingredientes típicos de Minas Gerais. “Pinga e frita é a técnica de cozinha que consiste em cozinhar uma carne lentamente, apenas colocando água fervente e deixando que ela cozinhe no próprio suco e gordura. É algo bem típico”, explica Paolla.


Apesar do foco na tradição, o restaurante tem como proposta valorizar a comida regional de uma maneira diferente, acrescentando um toque de sofisticação. “Nós fazemos pratos clássicos e utilizamos ingredientes mineiros, mas de uma maneira mais elaborada na construção e apresentação”, explica.


O Pinga e Frita abriu praticamente junto com o Mercado de Origem, em novembro do ano passado. Mesmo com pouco tempo de funcionamento, Paolla afirma que os frequentadores já têm um prato favorito: o tropeiro com barriga de porco. “A barriga demora três dias para ser preparada para estar com a pururuca perfeita, com a crocância no ponto certo”, conta.


Além do tropeiro com barriga de porco pururucada (R$ 30), outros pratos típicos presentes no menu são o “Baião de Minas” (R$ 35), releitura do famoso prato do Norte de Minas, que leva linguiça caipira e queijo coalho, e o pastel de angu (R$ 29) recheado de rabada com queijo minas. Para quem busca uma opção doce tipicamente mineira, o queijo com goiabada está presente na sobremesa “Sorvete das Gerais” (R$ 18), que traz sorvete de requeijão de raspa feito na casa com coulis de goiabada.


“A gente trabalha com os melhores ingredientes e técnicas para oferecer a melhor experiência gastronômica possível aos nossos clientes. Além de tudo, o espaço do Mercado está bem bacana e vale a pena conferir”, convida a chef.

Tem queijo também, uai

De Araxá para BH: a loja da Queijaria Senzala, onde os queijos são maturados, funciona como uma extensão da produção na fazenda.

De Araxá para BH: a loja da Queijaria Senzala, onde os queijos são maturados, funciona como uma extensão da produção na fazenda

Túlio Santos/EM/D.A Press


Já que o Mercado de Origem funciona como um espaço de valorização das mineiridades, o queijo não poderia faltar. Joel Urias Leite é o responsável por trazer o ingrediente emblemático, utilizado em inúmeros pratos e que também funciona muito bem sozinho. O pecuarista é proprietário da Fazenda Caxambu, localizada em Araxá, na Zona da Mata mineira, onde produz o Queijo Senzala, o primeiro queijo brasileiro a ser premiado no Mundial de Queijos da França, em 2017.


A iguaria se faz presente no Mercado através da Queijaria Senzala, que funciona como uma extensão do trabalho realizado na fazenda. “Na loja, acontece a maturação do queijo, então é uma continuidade da produção. Sempre tive vontade de ter uma vitrine na capital para mostrar os produtos que a gente faz e o Mercado foi essa oportunidade”, afirma.


De acordo com Joel, o Senzala é uma herança de quatro gerações de família. “Ele é um queijo minas artesanal, produzido com leite cru de vaca, coalho, pingo e sal”, conta. O tipo mais vendido é justamente o queijo premiado: o que possui mofo branco, conferindo crocância à casca, enquanto o interior é macio. O quilo custa R$ 120.


Além do Senzala, a queijaria vende outros diversos tipos de queijos de outras regiões do estado. Os valores variam de R$ 50 a R$ 200 o quilo, dependendo do tempo de maturação.

Degustação e aprendizado

Com alambique, escola e restaurante, a Cava Zé Ribeiro promete uma experiência diferente para os fãs de cachaça.

Com alambique, escola e restaurante, Cava Zé Ribeiro promete uma experiência diferente para os fãs de cachaça

Túlio Santos/EM/D.A Press


Já para quem é fã de cachaça, a Cava Zé Ribeiro promete proporcionar uma experiência bem diferente. Além de vender seis rótulos diferentes, o espaço funciona como escola, oferecendo cursos de harmonização, degustação e produção da bebida que é querida entre os mineiros.


Adair da Rosa, um dos sócios do empreendimento, explica: “Nós temos aqui alambique, escola e restaurante. Um dos nossos serviços são cursos rápidos, como degustação guiada ou o Cachaça Experience, no qual, em três horas, passamos pelo mundo da cachaça, abordando a história, os processos e a degustação”. O espaço ainda tem como proposta receber eventos e workshops.


Segundo Adair, o objetivo é aproximar o consumidor final da cachaça e desconstruir alguns dos preconceitos que giram em torno da bebida. “Queremos difundir a cachaça como uma bebida nobre e que é hoje um patrimônio histórico e cultural brasileiro, já reconhecido”, afirma.


O nome do espaço, inclusive, homenageia uma das principais figuras mineiras na produção da cachaça de alambique: José Carlos Ribeiro, um dos fundadores da Associação Nacional de Produtores de Cachaça (Anpaq). “Achamos uma justa homenagem nomear a cava em homenagem a ele”, conta.


Os preços das cachaças, produzidas de maneira artesanal em alambiques, variam de R$ 80 a R$ 250. Todos os rótulos pertencem aos sócios-proprietários da cava. A cachaça própria da loja já está sendo produzida e envelhecida nos 33 tonéis de carvalho europeu e quatro de madeiras brasileiras existentes no espaço. “Em breve, a gente deve lançar essa cachaça na loja, com o nome da Cava Zé Ribeiro, em blends especiais e no formato de madeira pura também”, adianta.


Além da bebida, o espaço oferece um menu de pratos típicos, todos voltados para o universo da cachaça. “Nós colocamos no menu pratos que harmonizam bem com a cachaça. Alguns utilizam a bebida, que é um ingrediente muito versátil, no processo de preparo”, afirma. Adair conta que o preferido dos fregueses tem sido o arroz de pé de porco (R$ 38). Outras opções bem mineiras são o feijão-tropeiro (R$ 35) e o frango com quiabo (R$ 35).

Cervejas “diferentonas”

O público tem acesso a 15 torneiras de chope e pratos para harmonizar com a bebida na Cervejaria 3 Orelhas.

O público tem acesso a 15 torneiras de chope e pratos para harmonizar com a bebida na Cervejaria 3 Orelhas

Túlio Santos/EM/D.A Press


Entre as opções de bebida, a cerveja também está presente. Considerada a atração principal da cidade de Gonçalves, no Sul de Minas, a Cervejaria 3 Orelhas trouxe para o Mercado de Origem a sua segunda fábrica.


Bruno Faria, mestre cervejeiro e sócio-fundador, explica: “A fábrica que trouxemos para cá é menor que a de Gonçalves, então vai ser utilizada exclusivamente para a produção de cervejas especiais, sazonais, com ingredientes diferentes, e colaborativas com outras cervejarias aqui da região. Vai ser como um laboratório de teste para complementar os rótulos que já produzimos”.


Ao todo, são 15 torneiras com diferentes chopes. “Nós produzimos desde cervejas mais leves até cervejas mais ácidas, com frutas, e temos cervejas um pouco mais 'diferentonas' também”, conta. Entre as mais diferentes, encontram-se a cerveja com cenoura e especiarias e, uma das mais procuradas, a de abóbora, nomeada carinhosamente de “Abróba”, o jeitinho mineiro de se pronunciar. Os preços variam de R$ 16 a R$ 34 e o cliente pode escolher entre os copos de 284ml e 568ml ou a garrafa de 500ml.


Para não beber de barriga vazia, a Cervejaria 3 Orelhas conta com um restaurante que segue a proposta do mercado de servir comidas tipicamente mineiras. Todos os pratos são pensados para harmonizar com a cerveja e os preços variam de R$ 30 a R$ 89.


De acordo com o sócio, uma boa pedida são os pratos elaborados com truta, trazida da Serra da Mantiqueira. “Temos ela empanada no fubá e frita, em formato de ceviche e grelhada com arroz cremoso e cogumelo”, conta. O menu possui também petiscos, sobremesas e drinques. “Buscamos fazer um atendimento exclusivo e descontraído para que a pessoa tenha vontade de voltar”, finaliza Bruno.

Doce internacional

Na vitrine da Happy Fudge, os tradicionais doces da Inglaterra são vendidos em 12 sabores, entre eles caramelo salgado e limão siciliano.

Na vitrine da Happy Fudge, os tradicionais doces da Inglaterra são vendidos em 12 sabores, entre eles caramelo salgado e limão siciliano.

Túlio Santos/EM/D.A Press


Mesmo tendo como um dos principais objetivos a valorização da cultura mineira, também sobra espaço para culinária internacional no Mercado de Origem. A Happy Fudge leva para o lugar a mistura de leite, açúcar e manteiga que compõe os fudges, tradicionais doces da Inglaterra.


A geóloga e doceira Taís Castro é a responsável por disponibilizar a iguaria aos mineiros. “Conheci o doce em uma viagem que fiz à Londres. Depois de alguns anos, acabei encontrando a receita e, por causa dessa memória afetiva, fiz para minhas filhas, que amaram”, conta.


A venda dos doces começou em 2021, on-line e em feiras, sempre bem recebidos pelo público. Taís continua: “Queria ter um ponto fixo e o Mercado surgiu como essa oportunidade para mim. Visitei e gostei da proposta de diversidade e sofisticação que ele tem. Além da diversidade de experiências.”


A Happy Fudge oferece 12 sabores do doce inglês e, segundo a doceira, os preferidos são caramelo salgado e limão siciliano. Outros sabores favoritos são cereja, duo de chocolate e Nutella. “Até hoje não teve nenhum que eu pensei em tirar ou mudar porque todo mundo tem o seu preferido, todos são amados”, brinca. Os quadradinhos são vendidos em caixas com tamanhos variados. O cliente escolhe os sabores e monta a combinação que preferir.

Circuito de mercados

Com cinco andares e 20 mil metros quadrados de área construída, o espaço é totalmente dedicado aos produtos mineiros.

Com cinco andares e 20 mil metros quadrados de área construída, o espaço é totalmente dedicado aos produtos mineiros

Túlio Santos/EM/D.A Press


De acordo com o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 70% dos alimentos que compõem a mesa dos brasileiros vêm da agricultura familiar. Foi com isso em mente que Elias Tergilene idealizou o projeto Mercado de Origem, em 2018, que tem o objetivo de empoderar os agricultores, fornecendo um espaço onde os produtos tradicionais são comercializados diretamente para o consumidor final.


“Nós nos deparamos com a questão de que, na maioria das vezes, a venda desses produtos cultivados em propriedades familiares e feitos de maneira artesanal possui atravessadores, o que diminui o preço do produto e não empodera as famílias”, explica.


O espaço localizado no Bairro Olhos D’Água não é o único que compõe o projeto. O Mercado de Santa Tereza e a Feira Coberta do Padre Eustáquio também foram adquiridos pela Fundação Doimo e Grupo Uai para fazerem parte da iniciativa. A ideia é reformar os espaços completamente e criar um circuito de mercados de origem em Belo Horizonte.


A unidade localizada na Região Oeste, com cinco andares e 20 mil metros quadrados de área construída em um espaço adquirido através de concessão com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), é a única que já está com as intervenções finalizadas. O espaço é totalmente dedicado aos produtos mineiros e à gastronomia local, unindo a comercialização dos produtos tradicionais com experiências gastronômicas modernas.


“O nosso objetivo é dar espaço e vender nossas mineiridades de uma maneira diferente do que o público já viu. É a união da tradição com a modernidade em um espaço que traz também a realização de eventos e feiras”, afirma.


Elias explica, ainda, que a escolha da Região Oeste da cidade não foi por acaso e que o espaço tem servido como um teste para que o projeto seja replicado em outras regiões do Brasil. “Escolhemos o local onde se concentram pessoas com maior poder aquisitivo, porque os produtos são iguarias, de alto valor agregado, artesanais e de excelente qualidade”, justifica.


A inauguração do Mercado de Origem Olhos D’Água está prevista para o dia 14 deste mês. “Para fazermos um projeto deste tamanho, é preciso de adequação das lojas e também dos produtores que estão aprendendo, afinal, o espaço funciona como uma escola para eles. Não é sobre velocidade, mas sim sobre a qualidade”, explica o idealizador. Mas, apesar de não ter sido aberto oficialmente, já está de portas abertas para quem quer conhecer o local e experimentar algumas das iguarias disponíveis por lá.


Truta grelhada com arroz cremoso de cogumelos e vinagrete de banana-da-terra com castanha de caju (Chef Vitor Rabelo - Cervejaria 3 Orelhas)

 

Truta grelhada com arroz cremoso de cogumelos e vinagrete de banana-da-terra com castanha de caju da Cervejaria 3 Orelhas.

Truta grelhada com arroz cremoso de cogumelos e vinagrete de banana-da-terra com castanha de caju da Cervejaria 3 Orelhas.

Cervejaria 3 Orelhas/Divulgação

 

Ingredientes


2 filés de truta (aproximadamente 300g); sal e pimenta branca a gosto; azeite de oliva para grelhar; 100g de arroz agulhinha; 200ml de caldo de legumes; 100g de cogumelos picados (paris ou portobello); 1 cebola pequena picada; 2 dentes de alho picados; 200ml de creme de leite fresco; sal e pimenta a gosto; queijo parmesão ralado; salsinha repicada; 1 banana-da-terra madura (aproximadamente 100g); 30g de castanhas de caju picadas; suco de 1 limão (aproximadamente 30ml); 15ml de azeite de oliva extravirgem; sal e pimenta a gosto

Modo de fazer


Tempere os filés de truta com sal e pimenta. Aqueça uma chapa ou frigideira com um pouco de azeite. Grelhe os filés de truta por cerca de 3 a 4 minutos de cada lado, ou até que estejam cozidos. Reserve. Em uma panela, refogue a cebola e o alho em um pouco de azeite, até ficarem macios. Adicione o arroz agulhinha e mexa por cerca de 1 minuto. Adicione os cogumelos picados e continue mexendo. Gradualmente, adicione o caldo de legumes, mexendo sempre, até que o arroz esteja cozido e cremoso. Misture o creme de leite fresco ao arroz e tempere com sal e pimenta a gosto. Adicione queijo parmesão ralado para dar ainda mais sabor e cremosidade. Finalize com o cheiro verde repicado. Descasque e corte a banana-da-terra em cubos pequenos. Em uma tigela, misture a banana cortada, as castanhas de caju picadas, suco de limão, azeite, sal e pimenta. Reserve. Sirva os filés de truta grelhada sobre uma porção de arroz cremoso de cogumelos e uma colher de sopa do vinagrete de banana-da-terra com castanha de caju. Finalize com basílicos roxo e verde.

Serviço


Mercado de Origem Olhos D'Água (@mercadodeorigem)
Rua Adriano Chaves Matos, 447, Olhos D’água
(31) 98421-2848

Pinga e Frita (@pingaefrita)
Piso 3 – loja 307
(31) 99890-3224

Queijaria Senzala (@queijariasenzalaoficial)
Piso 1 – loja 123/130
(34) 99944-1539

Cava Zé Ribeiro (@cavazeribeiro)
Subsolo
(31) 99612-2150

Cervejaria 3 Orelhas (@3orelhasbh)
Rooftop
(11) 94131-9899

Happy Fudge (@happyfudge)
Piso 1 – loja 179
(31) 98460-9413


*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino