Diante da tragédia provocada pelo excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, que gerou uma uma catástrofe no estado, o Brasil vive o movimento de maior ação social da história. A única regra é ajudar da maneira que pode, dentro da realidade de cada um. Basta ter empatia e ser solidário. Há ações por todos os cantos. Uma delas, em BH, se destaca pela atitude de empresários mineiros que envolve um alimento símbolo da cozinha mineira: o queijo.
À procura de uma ação concreta para ajudar dentro da sua área, o empresário Marcelo Nunes Coelho Jácome, do Armazém e Empório Du Carmo, unidade Santo Agostinho, espaço em que os belo-horizontinos encontram queijos artesanais, doces, biscoitos e temperos a granel, decidiu comprar queijos do Rio Grande do Sul para vender em BH.
Marcelo conta que morou por cinco anos em Porto Alegre, quando atuava como gerente comercial de uma distribuidora de combustível. A identificação foi forte. Laços criados e, agora, vendo amigos, colegas, conhecidos em apuros, sabia que devia fazer algo para aliviar o sofrimento do povo gaúcho neste momento.
"Estava agoniado de não fazer nada, além de conversar, procurar saber sobre a situação. Então, em minhas andanças pelo circuito do queijo e pesquisando pela rede social, me deparei com a proposta de uma compra coletiva do grupo Comer Queijo para ajudar os produtores do RS. Pensei, é o que faço, vendo queijos e é o que posso fazer para aliviar um pouco o que enfrentam. Ajudar efetivamente um lugar que gosto tanto", revela Marcelo.
Ele conta que, a princípio, ficou inseguro se teria uma reação negativa. Se interpretariam como uma "oportunismo", até pesquisou entre os clientes, mas só recebeu apoio e feedback de que comprariam o queijo gaúcho com prazer.
"Eu me cerquei de cuidados, como comprar o produto de queijarias certificadas, com registros de fiscalização sanitária, com selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), Selo Arte e o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi)", destaca Marcelo.
O empresário enfatiza que, apesar de estar longe de Porto Alegre há 12 anos, nunca perdeu o contato e visita sempre os amigos: "Tenho um carinho enorme por Porto Alegre, pelos conhecidos, com quem me relacionei, e pelo povo gaúcho. E o que me levou a este sentimento foi presenciar o valor que eles dão à cultura, o orgulho que sentem em serem gaúchos. O que nós ainda não demonstramos com tanta força. Fiquei tão mergulhado no mundo deles que até passei a tomar chimarrão".
A compra da primeira carga de queijos chegou nesta terça-feira (21/05) em BH. Neste primeiro pedido, foram dois fornecedores. Um deles é a Chácara dos Padres, da cidade de Bom Jesus, com inspeção do Selo Arte, peças de 1kg a 65kg, de queijo artesanal Serrano, feito com leite cru de vaca, casca florida, com seis meses de validade.
O outro lote é da queijaria Monterra Queijos Artesanais, em Caxias do Sul, inspeção Sisbi, de queijo origem, com maturação de 20 dias, casca lisa; queijo colonial, de maturação de 30 dias, casca lisa; e queijo reserva, de maturação de 12 meses.
"Todos os queijos são artesanais. O queijo Serrano é de queijo de leite cru e o de Monterra, as peças maiores, são queijos coloniais, de massa cozida, artesanais, preparados com leite da própria fazenda e tomam o cuidado de ser o leite da manhã. Enfim, todos os produtores cuidadosos e rigorosos em suas produções", destaca Marcelo.
Queijo colonial
Outro empresário que também faz parte do movimento é Guilherme Vieira, do Roça Capital, que comercializa queijos premiados e doces, no Mercado Central, Centro de BH. Ele também recebeu seu pedido nesta quarta-feira (22/05), nada menos do que 150kg de queijo colonial de leite pausterizado, da Queijaria Alvorada Missioneira, da cidade de Canela, com mais de 12 anos de história.
O queijo Yamandú representa a Queijaria Alvorada Missioneira, antes chamado queijo serrano. Em 2018, recebeu a medalha de outro do Prêmio Queijo Brasil. Os proprietários decidiram batizá-lo com o nome do seu Maestro Queijeiro, o uruguaio Yamandu (in memoriam).
Guilherme conta que é a primeira vez que compra queijo do Rio Grande do Sul e ele também se deparou com o movimento de ajuda aos produtores pela internet, liderado pelo grupo Comer Queijo - Associação dos Queijistas do Brasil, que promove essa ação em conjunto com associações e atores da cadeia do queijo artesanal gaúcho.
"Se podemos, temos de fazer nossa parte porque, se não ajudássemos com compras de maior volume, eles perderiam os queijos por conta do difícil acesso e da complicada logística", destaca Guilherme.
Guilherme lembra, ainda, que "a grande maioria dos queijos do Sul são vendidos por lá mesmo. E a maioria desses produtores não tem parceiros fora do estado. E, como o Rio Grande do Sul está parado, temos que ajudar".
O queijo comprado da Queijaria Alvorada Missioneira, na avaliação de Guilherme, é parecido com o queijo Minas tradicional, seja em textura, sabor, é leve e companhia perfeita para saborear com uma xícara de café. A ideia de Guilherme é vender no quilo e, a princípio, a preço de custo.
Serviço
Armazém e Empório du Carmo
Endereço: Rua Rodrigues Caldas, 525, Bairro Santo Agostinho, Belo Horizonte (MG)
Contato: (31) 3582-1919
Instagram: @emporioducarmosantoagostinho
Roça Capital
Endereço: Mercado Central (Avenida Augusto de Lima, 744, Centro)
Contato: (31) 3789-8669 e (31) 98472-1890
Instagram: @rocacapital