Fazenda Samambaia, patrimônio de Lagoa Santa do século 19, sedia o primeiro festival de Comida de Roça da cidade  -  (crédito: Rota das Doceiras/Divulgação)

Fazenda Samambaia, patrimônio de Lagoa Santa do século 19, sedia o primeiro festival de Comida de Roça da cidade

crédito: Rota das Doceiras/Divulgação

Na panela de ferro quente, sobre o fogão a lenha improvisado, a banha de porco chamusca a cebola, o alho e o sal. Aos poucos, os pedaços da galinha caipira, que horas antes ciscava pelo terreiro, são colocados nesta fervura. Enquanto doura, talos de ervas como coentro, cebolinha e cansanção, são adicionados à receita.  Quanto o prato está no ponto, entra a canjiquinha amarela do fubá socado no pilão. Acrescenta a água e espera até dar a liga. Está pronto o mais genuíno prato mineiro – a canjiquinha com galinha da roça. Mas esta receita que acabou de ler não é de agora, ela faz parte do modo de fazer dos primeiros habitantes que desbravaram a região de Lagoa Santa, no século 19. Esta é uma das diversas comidas chamadas tropeira – simples e saborosa – que viajam no tempo e alimentam com sabor e história os dias atuais.

 


E para reviver a ancestralidade da culinária mineira, um encontro de cozinheiras e cozinheiros vai transformar uma fazenda histórica em Lagoa Santa em um local de grande banquete, com o que há de mais saboroso e verdadeiro quando se fala dos sabores e saberes da gastronomia feita em Minas. Vem aí o 1º Festival de Cultura de Roça, que acontece neste sábado, 15 de junho, na Fazenda Samambaia – testemunho histórico do desenvolvimento econômico, cultural e social da região. 


 

 

Por isso, a Fazenda Samambaia foi escolhida como palco para o primeiro festival de comida de roça da Lapinha. O evento está sendo organizado pela Associação Rota das Doceiras da Região da Lapinha de Lagoa Santa e reunirá o patrimônio cultural da região num evento de valorização da cultura de roça. A proposta do evento é divulgar a cultura mineira, em especial, as tradições rurais regionais. O evento contará com: artes (artesanato, quadros, literatura), comida típica, doces, venda de plantas ornamentais e condimentares, bebidas e pescaria.

 

No fogão de lenha, as rainhas do sabores vão preparar pratos que resgatam o melhor das culinária mineira

No fogão de lenha, as rainhas do sabores vão preparar pratos que resgatam o melhor das culinária mineira

Rota das Doceiras


“Eu estava pesquisando sobre a gastronomia,  porque que tem essas pancs aqui na região da alimentação, né? Quando a bandeira paulista chefiada por Fernão Dias Paes Leme chega à região, ele descobre a região aurífera de Minas, tem uma corrida de muita gente para cá, para a região, e alimentação naquela era difícil. Aí começa a faltar provisão. E as escravizadas indígenas e as escravizadas negras, elas dominavam o uso das pancs na alimentação como: cansanção com costelinha, mamão com carne de porco. As carnes eram conservadas em latas, porque antigamente não existia geladeiras. A gente tinha que fazer as carnes e deixar na lata, na gordura, para não perder. Tinha a técnica que você tem que tirar toda a água da carne. E também a questão do quiabo de figueira, o quiabo de palma. Então, esse festival vem para contemplar isso, fazer um resgate da mineiridade, dessa gastronomia, lá do início do povoamento de Minas”, admira Marta Machado Soares, organizadora do Evento.

 

Cardápio

Prepare-se: tem galinhada saborosa te esperando no cardápio de sábado

Prepare-se: tem galinhada saborosa te esperando no cardápio de sábado

Rota das Doceiras/Divulgação

No cardápio do festival, o visitante vai encontrar também: paçoca de carne, farofa de banana, feijão tropeiro com couve, mandioca frita e torresmo. Galinhada, mamão com costelinha, ora-pro-nóbis com costelinha, suã com cansanção, quiabo de figueira ou palma com carne de panela (porco). Além dos deliciosos doces caseiros da Rota das Doceiras. E pra beber: cerveja artesanal e cachaça.

 


O evento contará com exposição de artesanatos, quadros, literatura, comida típica, doces, venda de plantas ornamentais e condimentares, bebidas, pescaria e muito mais! O evento reunirá o patrimônio cultural da região num evento de valorização da cultura de roça.


1º Festival de Cultura de Roça

Sábado, 15 de junho

Horário: das 10h às 17h.

Local: Histórica Fazenda Samambaia - Rua do Engenho, S/n, entorno do Parque Estadual do Sumidouro

 

Contato: Marta Machado - 31 99608-4600

 

Instagram: @rotadasdoceiras_lapinha




Programação do Festival de Cultura de Roça


Apresentações Musicais


 11h – 12h: Banda de Sopro – Corporação Musical São José – São José da

Lapa/MG.

 13h – 15h: Moda de Viola – Ivan Viola e Fábio.

 15h30 – 17h: Banda – Oseias Ávila e o sanfoneiro Geraldinho - participação

especial do violinista Marcelo Fonseca.


Exposições de Artes


 Exposição de fotos antigas da Fazenda Samambaia e livros – Alda Maria escritora.

 Quadros em 3D – Van Guedes – Exposições de Quadros.

 Presença das Ceramistas Bumba na Caneca.

 Artesanato da Casa de Cultura Rota Rupestre.

 Peças em madeira – Uai Sô.

 HQ – Evandro Alves – Cerrado em Quadrinhos e Lund nas Grutas do Cerrado

(Venda de livros e sessão de autógrafos).

 Érika Bányai – Arte feita à mão – Cultura Primitiva de Minas Gerais.

 Desenho a lápis e Canecas decoradas com casarões históricos da região –

Jucilene – Martins Artes.

 Plantas e Orquídeas – Suzana Barbi.


Gastronomia Típica


 Doces artesanais – Rota das Doceiras da Lapinha.

 Paçoca de Carne – comitiva Protegidos de São Benedito de Lagoa Santa/MG.

 Culinária mineira – pancs - plantas alimentícias não convencionais - ora-pronóbis, quiabo figueira(palma), cansanção, entre outros; fubá de moinho (o moinho d’água estará funcionando).

 

 

 




Fazenda Samambaia


A construção da Fazenda Samambaia ocorreu no final do século 19 e início do século 20. Em 2017, ela foi restaurada por meio de um acordo firmado entre a Vale Mineração, o Ministério Público de Minas Gerais (MP), o IEF – Instituto Estadual de Florestas e o IEPHA - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico Artístico de Minas Gerais. Hoje restaurada, a fazenda integra o Parque Estadual do Sumidouro, e a construção ainda expressa, em sua arquitetura, as funções sociais e o modo de vida rural típico da região na época.