A cada fim de semana, o Gran Batata, de Phillipe Fonseca, pode estar em uma cidade -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A cada fim de semana, o Gran Batata, de Phillipe Fonseca, pode estar em uma cidade

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Como anda o mercado de food truck? Viveu o boom a partir de 2015 em Belo Horizonte, lidou com a perda de fôlego em meados de 2019 e enfrentou o choque da pandemia da COVID-19 em 2020. Alguns desistiram, outros resistiram e se reinventaram. Como estes empreendedores gastronômicos sobreviveram e seguem com seus negócios sobre rodas? Como anda a oferta e a procura de comidas e bebidas nos caminhões-restaurantes estilizados? Ainda vale investir? Qual o melhor caminho?


 

 

Felipe Corrêa Borba, presidente da Associação Mineira de Food Trucks (AMOFT) e dono da Food Truck BH Oficial, empresa que reúne um grupo de food trucks que trabalham em eventos, largou a publicidade para imergir no mundo da cozinha. Tornou-se cozinheiro autodidata e montou o Dip’s Fine Burger, em 2015, preparando hambúrgueres artesanais.

 

Desde o início, Felipe acreditou no food truck. Tanto que, ainda em 2009, fechou suas duas hamburguerias, uma em Lagoa Santa e outra em BH, para montar seu caminhão e está vivo na cena. “O mais legal e importante é que não esperamos pelo cliente, vamos até ele. Vivi o auge e, agora, veio outro momento, com foco em novo formato, o de eventos”.

 

"O mais legal é que não esperamos pelo cliente, vamos até ele", destaca Felipe Borba, que dirige o Dip’s Fine Burger desde 2015

"O mais legal é que não esperamos pelo cliente, vamos até ele", destaca Felipe Borba, que dirige o Dip’s Fine Burger desde 2015

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

 

O empresário também credita a mudança de funcionamento do setor ao perfil do mineiro, já que o food truck no formato original permanece em alta em outras cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro. “Por aqui caiu porque o consumidor mineiro gosta de novidade. Sempre quer algo novo. É como um bar, que fecha, reaparece com outro nome, lota e depois vê o movimento cair. E tiveram ainda aqueles que quebraram na pandemia e não conseguiram retornar, afetando o mercado como um todo”.

 

Por isso, o novo filão para os food trucks é trabalhar em eventos fechados, shows, fazer parcerias com estádios, como Mineirão e Arena MRV, e ir para feiras e rodeios. “É o caminho. Fechar parcerias com produtores e participar destas programações, em que só os melhores são selecionados, aqueles que conseguem atender grande público e sem autuação sanitária”, destaca o presidente da AMOFT.

 

 

 

Felipe consegue fechar essas parcerias por meio da sua empresa, incluindo seus filiados. Eles fazem eventos, não só em BH, mas em cidades como Itaúna, Divinópolis, Contagem e Pará de Minas. Além de participar dos eventos, o fundador do Dip’s Fine Burger ministra cursos e fomenta ideias, tudo para o segmento não se perder e evoluir.

 

"O melhor dos mundos"

 

Quem não gosta de batata frita? E por que não viver o sonho de empreender a partir de um produto que é quase unanimidade? A resposta para essas questões levou o ferramenteiro Phillipe Brenno Fonseca a abandonar o ofício de 13 anos e montar seu food truck, o Gran Batata, há seis anos. Um desejo alimentado desde criança. Ser um empresário e vender o que mais gosta: batatas. Assim, ele montou um cardápio variado, mas sem exagero: filé de tilápia com fritas, costela com molho barbecue e fritas, batata ribs com costela desfiada e cream cheese, espetos e o carro-chefe, fritas no cone.

 

Filé de tilápia com fritas: o cardápio é variado, mas, como o nome diz, no Gran Batata tudo tem batata

Filé de tilápia com fritas: o cardápio é variado, mas, como o nome diz, no Gran Batata tudo tem batata

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


Phillipe começou quando muitos estavam desistindo do mundo dos trucks. Apostou, investiu e já chegou surfando na onda dos eventos, seja em BH ou no interior. “Era um sonho de criança. Imaginava ter um carro pequeno e vender batatas na porta de escolas. Mas um amigo produtor me convidou para trabalhar com ele, o que exigia melhor estrutura. Então, veio o trailer e depois o truck. É raro alguém não gostar de batata, eu como todos os dias, de todas as formas, e a ideia do cone veio de uma viagem a São Paulo. Foi o start. Oferecer um produto diferenciado.”


Para entrar no mundo da gastronomia, Phillipe se preparou. Se antes não sabia cozinhar, aprendeu com a namorada, agora sua mulher, Paula, com quem tem a pequena Beatriz, que chegou junto com o nascimento do Gran Batata. Agora ele é expert: “A Paula me ensinou o básico, comida do dia a dia e, quando decidi viver meu sonho, fui estudar gastronomia.”


Tem dado tão certo que Phillipe chegou a abrir ponto físico do Gran Batata no Bairro do Riacho, em Contagem. Funcionou por um ano e meio, mas o volume de festas e eventos cresceu tanto que ele passou o ponto e, agora, investe só no food truck: “É perfeito. Não tenho fins de semana, mas de segunda a sexta estou com a minha família. O melhor dos mundos.”

 

 


Como todo negócio, altos e baixos ocorrem. Na sua trajetória, ele teve de encarar a pandemia e, com isso, “fiquei totalmente parado de março de 2020 a outubro de 2021. Virei Uber, fui voltando aos poucos, nas festas particulares fechadas, ainda com o resquício da COVID-19, mas agora voltaram os grandes eventos, shows, estou em todos os jogos na Arena MRV e a cada fim de semana posso estar em uma cidade. Quando não estou em eventos, tenho ponto fixo no Bairro Eldorado.”

 

Não tem do que reclamar

 

Há seis anos e meio, Gabriel Gouvea e Cristiane Mendes acreditaram no feeling de empreendedores e decidiram largar seus empregos, ela no ramo de RH e ele no de telecomunicações. Desde então, eles levam para a rua o Cabritu’s Food, especializado em calzone.

 

Apesar da queda geral no movimento, o casal Gabriel Gouvea e Cristiane Mendes não tem do que reclamar: o Cabritu’s Food, especializado em calzone, segue sólido

Apesar da queda geral no movimento, o casal Gabriel Gouvea e Cristiane Mendes não tem do que reclamar: o Cabritu’s Food, especializado em calzone, segue sólido

Marcos Vieira/EM/D.A Press


Apaixonados por pizza, Gabriel e Cris pegaram o auge o mercado de food truck, setor aquecido, clientela com fome de novidades e muitos caminhões espalhados por BH. Foram estratégicos, planejaram e fizeram cursos de pizza. Compraram um forno para casa, testaram receitas da massa e de recheios e montaram o cardápio antes mesmo de ter um caminhão.


“Decidimos pelo calzone, e não pizza, pela praticidade, pelo espaço na cozinha e por ser um lanche rápido, que a pessoa compra e sai com ele na mão, já comendo. Levamos um ano para tirar o negócio do papel e ir para a rua”, conta Gabriel, responsável pelo operacional e pela cozinha. Já Cris cuida da parte financeira e de contratos, mas um ajuda o outro no que for preciso.


O casal também decidiu que o cardápio do Cabritu’s Food seria enxuto. São oito sabores. Sete salgados, que mudam a cada quatro ou seis meses, “para sempre ter novidade.” E um único doce, de chocolate ao leite. “Os de maior saída são lombo canadense com bacon e queijo cheddar e frango desfiado com palmito, milho e requeijão”, destaca Gabriel. “Fazemos tudo, desde a massa, e com ingredientes de qualidade.”

 


Quanto ao atual mercado, o empreendedor afirma que, no geral, o movimento diminuiu porque “muita gente desistiu, não retornou e, assim, caiu tanto o número de clientes quanto de caminhões”. Mas ele não tem do que reclamar, o negócio segue sólido.


“Entramos em um bom momento, com movimento assustador, filas, ficamos em êxtase. Isso durou até 2019, quando o mercado foi perdendo fôlego. Com a pandemia, ficamos um ano e três meses fechados, mas atendemos em delivery e, assim, mantivemos nossos clientes, que são fiéis. No retorno, depois da segunda dose da vacina contra a COVID-19, voltamos com força, agregando os eventos.”

 

O Cabritu’s Food tem oito sabores de calzone, sendo sete salgados e um único doce

O Cabritu’s Food tem oito sabores de calzone, sendo sete salgados e um único doce

Marcos Vieira/EM/D.A Press


O food truck de calzone roda as praças de BH de terça a sexta e participa de eventos aos sábados e domingos. Para quem ficou curioso com o nome Cabritu’s, Gabriel revela que é “um jeito carinhoso que ele e a Cris se chamam: cabrita, cabrito...”

 

Ponto de partida


O termo food truck surgiu nos Estados Unidos por volta de 1860. Em 1866, no Texas, Charles Goodnight adaptou um caminhão militar para transportar alimentos e utensílios para refeições de colaboradores que viajavam para manejar gado. Na mesma época, na região de New England, outros tipos de caminhões foram adaptados para servir alimentos como cafés e pães. Em 1872, na cidade de Providence, surgia outro precursor dos atuais food trucks. Walter Scott era um empresário que vendia tortas e sanduíches para trabalhadores de fábricas. Os operários precisavam de comida barata e rápida e o caminhão era uma boa opção.

 

Serviço

 

Food Trucks nas praças de BH

  • Praça Leonardo Gutierrez (Bairro Gutierrez): terça e sexta, das 18h às 22h
  • Praça Manoel de Barros (Bairro Castelo): quarta, das 18h às 22h
  • Praça Guimarães Rosa (Bairro Cidade Nova): quinta, das 18h às 22h

Gran Batata (@granbatata)
Praça da Glória, no Bairro Eldorado, em Contagem
De quinta a domingo, a partir das 18h (exceto se estiver em eventos)

Dip’s Fine Burger (@dipsburger)
Só participa de eventos

Cabritu’s Food (@cabritusfood)
Gutierrez (terça e sexta), Castelo (quarta) e Cidade Nova (quinta)
Das 18h às 22h