Sabores do Santa Tereza - 1º Festival de Tropeiro de Belo Horizonte encerrou neste sábado e elegeu três campeões nas categorias: sabor, apresentação e criatividade -  (crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Sabores do Santa Tereza - 1º Festival de Tropeiro de Belo Horizonte encerrou neste sábado e elegeu três campeões nas categorias: sabor, apresentação e criatividade

crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press

Minas e tropeiro se confundem, são quase sinônimos da identidade de quem nasce nesta terra. O prato símbolo do Brasil representa a miscigenação da cultura gastronômica brasileira. E o Sabores do Santa Tereza - 1º Festival de Tropeiro de Belo Horizonte, na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, se despediu neste sábado (29/06) elegendo os melhores tropeiros em três categorias entre 14 estabelecimentos. Os particpantes apresentaram uma receita exclusiva de tropeiro e um drink com cachaça. Durante o mês de junho, o público votou e escolheu os três melhores quanto a apresentação, sabor e criatividade.

 

Quem venceu na categoria Melhor Sabor foi o Sheridan; o ganhador da  Melhor Apresentação foi o The Eat; e na quem se destacou com a Melhor Criatividade, o Dom Caixeta.

 

Quanto aos drinks com cachaça, o primeiro lugar foi conquistado pelo drink Tia Maluka com a Caipirinha Maluka. O segundo lugar ficou com o Bar do Museu Clube da Esquina, com o drink  Um Gosto de Sol; e o terceir lugar foi comemorado pelo Bar do Pedro, com drink Amazonas.

 

 

 

Para Daniel Sheridan, vencedor do tropeiro mais saboroso, foi um orgulho vencer pela voto popular, especialmente, nesta categoria: “Como disse o chef Rocco, a voz de Deus é a voz do povo. São muitos anos de estrada, 28 anos no caminho, e quando nos lançamos neste festival não vou sozinho, mas com pessoas que confiamos e creio que o resultado foi um conjunto de coisas. Anos de dedicação, um restaurante de tradição familiar e, ao longo da história, coletamos aprendizado que nos faz querer atender o público e entregar sabor”.

 

Para Daniel, é vitória de todos que trabalham e participam do dia a dia Sheridan Restaurante: “As pessoas sempre são o nosso foco, pessoas de diversos lugares, pensamentos diferentes, mas tendo em comum a cordialidade, o bom atendimento e o trato com respeito. E elas nos avaliaram assim”.

 

Tropeiro de Ouro

 

E quando ao tropeiro do Sheridan, Daniel enfatiza que é um prato tradicional da casa e que seu “coração acelerou” ao saber que o Festival seria desta iguaria. Ele alerta que tropeiro bem feito precisa de cuidados essenciais: com o preparo, com a elaboração do prato, com o preparo de cada pertence separado, atenção para escorrer o gordura do porco e com a combinação de farinhas. Mas o mais importante é que “o tropeiro não pode ser seco, tem de ser fofinho, suculento. E sempre fizemos desta forma”.

 

Para concorrer no Festival, o tropeiro do Sheridan ainda teve um ingrediente secreto que Daniel revela aqui: “Acrescentamos banana da terra, que deu aquela cor amarelada, o toque especial e, para mim, foi o ‘Tropeiro de Ouro”, merece este nome”.

 

E o diferencial, exalta Daniel, além de tudo que ele já mencionou, “é que se olhar é um prato simples, mas tem a pitada invisível que é o sentimento de amor, amor pelo que fazemos. E infalível. Amor e dedicação”.

 

Cultura popular 

 

Em mais uma festa da gastronomia mineira, com música e cultura popular,  o Sabores de Santa Tereza foi uma oportunidade do público degustar 14 pratos e drinks participantes do festival. Sem falar da emoção de acompanhar a produção da maior caipirinha do mundo, de mil litros, com o objetivo de registro no  Guinness Book, preparados pelos chef Christiano Rocco e pela chef e empresária Miriam Cerutti, proprietária do restaurante Mármore 450, e dona da ideia de fazer um festival de tropeiro no bairro de Santa Tereza.

 

 

Miriam Cerutti disse que a escolha do tropeiro como razão deste Festival ocorreu porque "o feijão tropeiro é um prato típico do Brasil originário de um movimento, o tropeirismo, e não de uma região específica. E o festival se torna um palco para que os estabelecimentos participantes contem essa história de maneira reinventada por meio do prato que criaram, promovendo o resgate de saberes ancestrais e técnicas culinárias tradicionais". E, claro, no mês junino que tem tudo a ver com caipirinha e tropeiro. A segunda edição já está confirmada para 2025.

 

A eleição do tropeiro foi por voto popular, durante o mês de junho, entre os 14 estabelecimentos participantes do Festival

A eleição do tropeiro foi por voto popular, durante o mês de junho, entre os 14 estabelecimentos participantes do Festival

Marcos Vieira/EM/D.A Press

Míriam enfatiza o sucesso do Festival, uma supresa para ela, e que "aumentou em 50% o faturamento dos estabelecimentos participantes neste mês". Ela destacou ainda que os participantes abraçaram o evento, que ficou lotado de gente: "Hoje estão por aqui mais de 5 mil pessoas de todas as partes da cidade. Vieram até caravanas do interior, como de Pompéu e Jeçeaba. E muitos turistas também", comemora a idealizado do Festival.

 

E o bacana, lembra Míriam, que a eleição dos melhores tropeiros e driks com cachaça foram com voto popular, dos comensais: "Eleição do público, que escolheu muito bem. Teve restaurante que vendeu mais de 2 mil pratos e centenas de drinks. Sucesso total".

 

E deu tão certo, que além da segunda edição do Sabores do Santa Tereza - 1º Festival de Tropeiro de Belo Horizonte, em jumh de 2025, a festa do tropeiro e da cachaça segue agora para Araxá, em setembro, onde também será promovido o festival.

 

Ela destaca ainda que, oor meio das origens do tropeiro, "buscamos inspirar a criatividade, fomentar a diversidade gastronômica e colocar o bairro de Santa Tereza no contexto gastronômico mundial, fazendo dele o lugar de referência da comida mineira, em especial do tropeiro".

 

Rainha da comitiva de Barretos e berranteiros

 

Para celebrar o Festival, os vencedores, os participantes e o público, teve muita música em Santa Tereza. Na programação, o violeiro Beto Trem Chic;  Marcelo Liverpool e destaque para Helenice Cunha, a rainha da comitiva de Barretos, acompanhada dos berranteiros. "Helenice faz um show que remete à cultura torpeira e tivemos uma estação de cozinha tropeira ancestral, com tudo sendo preparado a fogo, ferro e brasa para que as pessoas tenham noção de como os tropeiros faziam a comida nos século 18 e 19".

 

A história por trás da receita


O feijão tropeiro é um prato típico do Brasil feito principalmente com feijão, carne seca, toucinho e farinha de mandioca ou milho. Muito popular nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, o feijão tropeiro surgiu dentro de um contexto nômade conhecido como Tropeirismo, que se resume à atividade comercial realizada pelos Tropeiros, que eram carregadores de mulas, gados, cavalos e comerciantes, que atuavam principalmente entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil durante os séculos 17 e 20.

 

Neste período, principalmente entre os séculos 17 e 18, a culinária brasileira sofria forte influência de três culturas: indígena, portuguesa e africana. Foi daí que veio a combinação da farinha de mandioca com o feijão.

 

 

Para facilitar o transporte de alimentos, os tropeiros costumavam carregar ingredientes secos e não perecíveis, como farinha de mandioca, farinha de milho, feijão, toucinho, charque, sal e café. Esses ingredientes formavam a base da dieta dos tropeiros. Os mantimentos e utensílios de preparo eram carregados dentro das bruacas, que eram caixas de couro presas nas cangaias dos animais de transporte.

 

O feijão tropeiro surgiu neste contexto: a receita era uma maneira prática e nutritiva de preparar alimentos secos e duráveis, capazes de suportar as longas jornadas dos tropeiros. O prato ganhou popularidade nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás e hoje é considerada comida típica em muitas cidades dessa região. 

 

Os estabelecimentos que participaram 

 

Os estabelecimentos participantes desta 1ª edição  foram:

 

  • Mármore 450
  • Bar do Museu Clube Da Esquina
  • The Brothers
  • Sheridan
  • The Eat restô
  • Terezinha Bar
  • Bar Du Pedro
  • Tia Maluka
  • Dom Caixeta
  • Armazém 2257
  • A Firma Gastropub
  • Dona Carola
  • Bar Sabores da Ana
  • Capitão Gastrô

 

Serviço

  • Evento: Festa de encerramento do Festival Sabores do Santa Tereza - 1º Festival de Tropeiro de Belo Horizonte
  • Local: Praça Duque de Caxias, Santa Tereza - BH