O novo espaço tem 200m² e comporta até 90 pessoas  -  (crédito: Bruno Werneck/Divulgação)

O novo espaço tem 200m² e comporta até 90 pessoas

crédito: Bruno Werneck/Divulgação

 

Tradição está na identidade do mineiro. Não tem escapatória. Ele gosta e enaltece. Mas também tem abertura para mudanças. Nada como festejar um patrimônio gastronômico do Prado, o Agosto Butiquim, que chega aos 18 anos fazendo festa em um novo espaço, uma casarão charmoso, um pouco abaixo do antigo imóvel, na Rua Esmeralda, na altura do nº 162, Região Noroeste de Belo Horizonte, e, claro, sem perder sua personalidade. Agora, o espaço de 200m² é capaz de comportar até 90 pessoas e oferece mais conforto para os quase mil comensais que frequentam a casa todos os meses.

 

 

 

O Agosto Butiquim chega à maioridade preservando um ar de casa avó, sem perder o trem da novidade. A festa dos 18 anos na casa nova abraça um simpático casarão no qual os clientes vão encontrar preciosidades da cozinha mineira com toque contemporâneo, dado pela chef Joana Castro, que divide a sociedade do negócio com o primo e empresário Lucas Brandão. 

 

Lucas revela que o desejo pela mudança surgiu não apenas da necessidade de mais espaço – o antigo imóvel tinha cerca de 130m²: "O novo espaço nos chamou a atenção, justamente, pelo charme: é uma casa com cara de casa, cujo alpendre lembra bastante as casinhas antigas do interior de Minas com suas charmosas e icônicas varandinhas".


Quintal e mexeriqueira

 

A construção tem ainda um quintal lateral coberto e uma mexeriqueira na área externa, cartão-postal que traz mais delicadeza para o lugar. Pé direito alto e forro de madeira em todos os ambientes são os outros destaques da edificação, além de um grande painel do artista visual Binho Barreto, o quarto dele no bar (os outros três foram feitos no antigo endereço).

 

A chef Joana Castro divide a sociedade do Agosto Butiquim com o primo e empresário Lucas Brandão

A chef Joana Castro divide a sociedade do Agosto Butiquim com o primo e empresário Lucas Brandão

Bruno Werneck/Divulgação

 

Mas o maior motivo de orgulho de Brandão, ao rememorar a trajetória de quase duas décadas à frente do Agosto, é perceber o volumoso número de clientes fiéis, muitos deles – segundo ele – frequentando a casa desde a abertura, em 2006. “Mesmo com a mudança de endereço, conseguimos mantê-los e conquistamos também outras possibilidades. Temos sido bastante procurados, por exemplo, para eventos. Acredito que aqui as pessoas, de fato, têm se sentido mais acolhidas e em um ambiente menos hermético ou pasteurizado”.

 

Como administrar um negócio de sucesso em 18 anos?

 

Não é fácil, então qual seria o segredo de ter sucesso com uma casa de 18 anos em um segmento tão competitivo? Em primeiro lugar, Lucas Brandão aponta que é fundamental gostar muito do que faz e sempre buscar se renovar, conhecer e buscar coisas novas: "Às vezes, temos a noção de quando conseguimos algo, a gente chegou lá. Mas, na realidade, a gente nunca chega onde queremos chegar. O chegar precisa sempre ser o lá na frente, no horizonte, para não ficar no meio do caminho e perder a vontade".

 


Lucas avisa que há momentos bons e ruins. Nos últimos anos, tiveram pandemia, crise econômica e diversos outros fatores que fazem muitas pessoas desistirem. Ele enfatiza que a maioria dos negócios de gastronomia dura, no máximo, entre dois e quatro anos: "A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) tem uma estimativa que aponta que apenas 3% dos bares duram mais de 10 anos, no mesmo lugar, sob a mesma direção e com o mesmo nome. Às vezes, podem até durar mais, no entanto, com mudanças em um destes pontos".

 

De olho nas novidades e tendências, mas sem perder a identidade

 

Para o empresário, é preciso sempre fazer uma avaliação, ter tudo na ponto do lápis, todo o controle: "Os clichês, ou seja, primar pela excelência do serviço, buscar bons produtos, tentar reduzir custos, mas sem reduzir a qualidade tanto do produto quanto dos serviços. E estar em sintonia com o que aparece no mercado de novidade, tanto de tendência quanto de equipamentos, enfim, tudo. É isso que vai te fazer seguir em frente, estar atual. Saber o que quer, onde chegar e de que forma vai chegar neste lugar. Isso é muito importante. E no mais é trabalho".

 

Sereno do Serro: campeão do Bar em Bar 2017: carne de sereno coberta com queijo do Serro, tomatinho grelhado, alho conflitado e farofa crocante: R$ 72,90

Sereno do Serro: campeão do Bar em Bar 2017: carne de sereno coberta com queijo do Serro, tomatinho grelhado, alho conflitado e farofa crocante: R$ 72,90

Bruno Werneck/Divulgação


Diante deste cenário, que é complexo e com mudanças constantes, Lucas Brandão faz suas recomendações para quem está ou sonha empreender no segmento da gastronomia: "Primeiro, ter um plano de negócio, conhecer o setor antes de entrar, procurar saber como funciona, os pontos positivos e negativos, se preparar. O Sebrae e Senac oferecem bons cursos, há outras opções também. Conversar com quem é da área para ter uma noção, de como as coisas podem funcionar, ver o que dá certo e o que dá errado, saber das experiências", aconselha.

 

Modismos na gastronomia 


Para Lucas, ter o controle do negócio é essencial. "É lógico que um empreendimento pequeno não é igual ao grande, mas da forma que você conseguir, sendo com planilhas, fazendo suas anotações e cálculos, CNV (comunicação não-violenta) e de tudo mais. É fundamental estar de olho nos números, são bem importantes. E, claro, oferecer bons produtos, ter uma equipe treinada, que saiba receber o cliente, que saiba vender, que saiba fazer as coisas girarem", ensina.

 


Enfim, entre tantas orientação de ouro de Lucas, ela avisa que é necessário ser antenado com o que está ocorrendo agora no mundo.

 

"Mas tomar cuidado em seguir modas que acabam surgindo na gastronomia. Não quer dizer que elas são ruins. É preciso ver o que está acontecendo e tirar daquilo o que é interessante dentro da sua realidade e de seu negócio, da sua proposta. Não é qualquer coisa que vai implantar. Tem de ser algo que vai trazer melhoria, agregar valor no que faz, já que vende um produto agregado ao serviço que, às vezes, é mais relevante, no sentido de percepção, do que o próprio produto. Já vi casos de lugares e exemplos de que um bom serviço pode se transformar um negócio em um bom negócio, mesmo não tendo o melhor produto".

 

Cozinha contemporânea com sabor de terroir

 

Chef do Agosto Butiquim, Joana Castro afirma que a proposta da casa, desde que chegou ao mercado, foi sempre oferecer uma culinária contemporânea/moderna, concomitantemente à valorização dos ingredientes do nosso terroir. "O foco é mostrar o que Minas tem de bom na cozinha, nossos ingredientes afetivos de quintal, entre eles a abóbora, o quiabo, o jiló, mas sempre com uma roupagem moderna”.

 

E a congruência entre o tradicional e o moderno aparece a todo instante no cardápio, a começar pelo Palmito da Mata (R$ 48,90), um dos pratos preferidos de Joana, cuja estrela da receita, vem - como diz o próprio nome - da Zona da Mata mineira. Ele é servido assado e grelhado na manteiga de limão com pimenta do reino, além de ser acompanhado de pesto fresco de coentro com castanha e crocante de queijo.

 

Pecado Original: conserva no azeite de lagarto desfiado e maça condimentada (R$ 43,90)

Pecado Original: conserva no azeite de lagarto desfiado e maça condimentada (R$ 43,90)

Bruno Werneck/Divulgação

 

Outra região mineira reverenciada no menu é o Vale do Jequitinhonha por meio do Sereno do Serro (R$ 72,90), carne serenada no próprio Agosto Butiquim, coberta com queijo do Serro, tomatinho grelhado, alho confitado e farofa crocante. O prato, aliás, foi campeão do Festival Bar em Bar, em 2017.

 

“Importantes conquistas em festivais gastronômicos, inclusive, marcam a nossa trajetória. Um dos nossos campeões de vendas, o Poesia Mineira, foi eleito o melhor na edição de 2007 do Comida di Buteco, quando ainda tínhamos apenas um ano de mercado. A delícia, que permanece no cardápio até hoje, leva torresmo de barriga, quiabo na manteiga e polenta frita.

 

Drinques repaginados

 

Uma variedade de drinques autorais e clássicos também faz parte da carta da casa, todos feitos por Lucas Brandão, que atua ainda como bartender. “Com a mudança de endereço, me deu vontade de repaginar alguns drinques da carta e trocar outros deles”, conta Lucas.


 

Destaque para o Vento de Maio (R$ 30,90), feito com licor de tangerina, vinho branco, bitter angostura, limão siciliano e citrus; Demodê (R$ 28,90), com Aguardente Flor de Cheiro (infusionada com casca de laranja e canela), vermute rosso, bitter da casa, cynar, xarope de cranberry e água com gás; e Pagu (R$ 29,90), receita com rum defumado Lamas, aperol, limão e suco de abacaxi.

 

Os vinhos

 

Rótulos de vinhos do velho e do novo mundo, além de cidades do Sul de Minas, cuja produção vitivinícola vem crescendo, também podem ser experimentados. “De terças às sextas, sempre das 18h às 21h, e aos sábados, das 12h às 16h, temos happy-hour de chope por R$ 9,90 a taça. Às terças, trabalhamos com promoção de drinques e às quartas não cobramos taxa de rolha para clientes que levarem até duas garrafas de vinho”, completa Castro.

 

Ainda de acordo com Joana, ela e o sócio estudam a possibilidade de lançar um cardápio de almoço aos sábados com pratos autorais. “Na casa antiga já oferecíamos (almoço) aos sábados, mas de forma modesta com os nossos clássicos, como feijoada e galinhada, mas agora, no novo endereço, a ideia é expandir com mais opções que valorizem a nossa excepcional cozinha mineira”.

 

Serviço

  • Agosto Butiquim
  • Endereço: Rua Esmeralda, 162, Bairro Prado
  • (31) 3337-6825
  • @agostobutiquim