O Bar Pirex, na movimentada Praça Raul Soares, no Centro de Belo Horizonte, foi tomada nessa segunda-feira (8/7) por um clima típico de animação e acolhimento. Entre risadas e conversas, o chef japonês Go Shukuguchi foi o centro das atenções. O detalhe é que ele é apaixonado pela cultura mineira. Por isso, pela quinta vez no Brasil e primeira em BH, Go desembarca na cidade para transformar a mistura de Minas com o Japão em três pratos que enchem os olhos.
Do Japão à Raul Soares
Go conheceu Minas Gerais por meio de seu amigo Eduardo Maya, um dos criadores do Comida di Buteco. "Ele morou por quatro anos em Tokyo para estudar e me apresentou a cultura mineira", explica Go. Sua admiração pelo estado o motivou a abrir um bar no Japão. "Quando eu era estudante universitário, trabalhei em um bar. Nessa época, decidi abrir um próprio", relembra. O japonês decidiu então fazer de sua paixão um negócio, e hoje é dono de um bar brasileiro em seu país.
Por lá, ele prepara famosos petiscos mineiros. "A coxinha é a mais famosa, todo mundo pede. Mas também tem quibe e bolinho de bacalhau", destaca. Os pratos feitos também marcam presença e agradam o paladar dos nativos, dentre eles o strogonoff, frango com quiabo, tropeiro e o Kaol, sigla para o icônico prato do Café Palhares. Go diz que os sabores brasileiros agradam a todos. "Os japoneses gostam muito, falam que é muito gostosa a comida brasileira", conta Go.
O estabelecimento chama atenção pelas ruas japonesas, e foi assim que o sócio do Pirex, Vitor Veloso, descobriu o chef Go. Ele conta que ano passado foi a Tokyo para uma ampla pesquisa de bares, para um novo projeto que está prestes a finalizar em BH. "Em um dia, procurei por um lugar para ver o jogo do Galo e descobri que havia um bar de um japonês atleticano apaixonado pelo Brasil e pelo Clube da Esquina em Shibuya, justo o bairro onde me hospedei. É óbvio que tive que ir lá. Conheci o Go e fiquei encantado com o bar e o carisma dele", relembra o sócio.
A partir disso, Go foi convidado a cozinhar no Pirex quando viesse para a cidade novamente. O momento chegou antes que pudesse esperar. Go e o chef do bar mineiro, Daniel Duarte, resolveram unir a mineiridade com a tradição japonesa. O resultado foram três pratos distintos: Frango com quiabo frito, com cogumelo shitake e molho secreto japonês; sushi de língua com tarê de cerveja preta e o "sushicha". Tudo isso acompanhado de uma versão brasileira do drink mais tradicional do Japão, o High Ball de Guaraná.
Mineiridade
Conforme anoitecia, o Pirex ficava cada vez mais cheio de clientes, muitos que vieram prestigiar o chef japonês. Com um sorriso no rosto, Go vai de mesa em mesa, compartilhando histórias, trocando experiência e tirando fotos. Natural de Ota, cidade japonesa localizada na província de Gunma, ele conta que Minas entrou em sua vida por meio da música. "Eu amo Skank, Pato Fu, Milton Nascimento. O Clube da Esquina é muito famoso no Japão, todo mundo conhece e gosta de música mineira", diz.
Foi a partir disso que ele desenvolveu seu amor pelo estado. Mas esse amor não se restringe às músicas e artistas, Go também é apaixonado pela culinária. "Meu prato favorito é tropeiro e torresmo. Sempre estudo comida mineira e cachaça", afirma. A bebida, inclusive, motivou seu retorno a BH. "Vim para passear e ir no Festival da Cachaça". A festa aconteceu no Expominas de 4 a 7 de julho.
O chef também fala com entusiasmo sobre o Atlético, seu time do coração. "Meu amigo Eduardo Maya é atleticano e ele me disse para nós trocarmos. Enquanto ele torceria para um time japonês, eu viraria torcedor do Atlético. Quando venho aqui sempre vou aos jogos, seja no Independência ou Mineirão, mas, lá no Japão eu também acompanho os resultados", explica. Agora, Go está ansioso para conhecer a nova Arena MRV e entoar "Aqui é Galo" junto a massa alvinegra.
Em BH, ele também foi conquistado pelo Mercado Central e claro, não deixou de experimentar o clássico fígado com jiló, acompanhado de uma cervejinha gelada. "Sempre vou à Savassi e à Praça da Liberdade também. É minha primeira vez em BH, então quero conhecer muitos botecos, cultura, comida e cachaça mineira", planeja.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos