A pré-programação do 45º Arraial de Belo Horizonte teve neste sábado (13/7) a final da 5ª edição do Concurso Prato Junino, realizado no Mercado Central, com a presença do prefeito da capital, Fuad Noman (PSD). Foram selecionadas cinco receitas inéditas, elaboradas por universitários do curso de gastronomia das faculdades Estácio de Sá, Senac Minas, Promove, Arnaldo e Una. Cada faculdade participou com dois grupos de competidores.
Os cinco vencedores, um por instituição, terão seus pratos comercializados na Vila Gastronômica, um espaço de alimentação no Arraial de Belo Horizonte deste ano, que será realizado nos dias 20, 21, 27 e 28 de julho, no Mineirinho. As melhores equipes ainda recebem dólmãs personalizadas e um prêmio de R$ 500 em compras no Mart Minas, que podem usar para adquirir os insumos para preparar as receitas para o dias oficiais da festa .
Nesta edição, a temática da disputa é os 95 anos do Mercado Central, importante ponto turístico de Belo Horizonte e um dos locais mais queridos da cidade. Entre receitas doces e salgadas, o ingrediente obrigatório foi o queijo, produto mais vendido no centro de compras e lazer da capital, e pelo menos mais dois insumos característicos da culinária mineira. As receitas foram avaliadas levando em consideração aspectos como harmonia de sabor e textura, apresentação do prato, originalidade e economicidade.
“Minha relação com o mercado é de amor. Venho aqui desde criança. O mercado não tinha cobertura, quando chovia era uma confusão para andar aqui, mas já tinha as barracas. Vinha fazer compra para o almoço no restaurante do meu pai, que ficava na Espírito Santo com Augusto de Lima. Verdura, fruta, carne. Vinha sempre, feliz da vida", lembrou Fuad Noman.
Depois as coisas mudaram, e o prefeito passou a frequentar como um consumidor normal, relatou. "Saí de BH, quando voltei, voltei para o mercado. É um lugar que atrai a gente, onde se encontra de tudo. Você se apaixona quando entra aqui. E recebe muita gente de fora que vem conhecer o mercado que é o terceiro melhor do tipo do mundo", disse.
Para Fuad, o evento desse sábado só engrandece essa identidade, com a parceria fundamental da gastronomia mineira. "Quando uma escola se dispõe a pegar os ingredientes da cidade e transformar em produtos novos é um desafio para eles. E para os jurados, para escolher o melhor", disse o prefeito, que compareceu ao encontro com a esposa Mônica, o filho Gustavo e o neto Rafael e fez um convite especial à população de BH. "Que o Arraial seja um evento do povo, das escolas, dos restaurantes, das quadrilhas, de cada um dos belo-horizontinos. Vamos lotar o Mineirinho", convidou.
Para a presidente da Belotur Bárbara Menucci, o Mercado Central é um lugar de memória afetiva. Ela elege o concurso gastronômico como uma "das ações mais gostosas do pré arraial. Os concorrentes vivem a experiência real, da produção dos pratos à venda", pontuou. Bárbara salienta que o arraial de BH é parte de uma programação junina, em que são trabalhados três eixos: das quadrilhas, de shows e da gastronomia. "O concurso do prato junino é super importante nessa programação porque é onde a gastronomia entra como elemento central. E começa muito antes. Os alunos já estavam participando da curadoria dos pratos que vieram para o concurso hoje", disse.
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Fazendo a ligação com a potência da gastronomia de BH, Bárbara lembra da comida saboreada nas casas de vó, das tias, brinca. "É uma cozinha que traduz muito afeto, hospitalidade e criatividade. Em BH tudo começa meio que ao redor da mesa. Nós recebemos as pessoas e fazemos amigos. E a chancela da Unesco vem como um reconhecimento do que já vem acontecendo há muito tempo", lembrou a presidente da Belotur sobre o título de cidade criativa da gastronomia, recebido por Belo Horizonte em 2019, que fez a capital membro da rede mundial de cidades criativas.
O presidente do Mercado Central Ricardo Campos Vasconcelos lembrou a origem do espaço, criado em 1929 na gestão do então prefeito Cristiano Machado. Segundo ele, o mercado foi criado para ser um centro abastecedor da cidade. "Hoje vai além dos muros do mercado. A gastronomia é elevada, chega às pessoas onde estão."
Os vencedores
Da Universidade Estácio de Sá, venceu o Pão de Queijo Central, de Alex Voloch, Isabela Moreira e Laís Viera. Os estudantes descrevem o prato como a junção de tudo que é bom e gostoso do Mercado Central: pão de queijo, linguiça, a goiabada, as frutas e verduras e o queijo. "Com esse prato, nós tentamos trazer a memória de um simples pão de queijo com linguiça, mas de uma forma diferente e com um toque especial. Não dá nem para explicar. Ganhar foi muito gratificante, pelo nosso esforço, e agora vamos ter que trabalhar bastante para servir todo mundo lá no Arraial", pontuaram.
Da Faculdade Promove, o ganhador foi a Bombinha de Minas, preparação de Patrícia Pereira Lima, Gabrielle Cristine, Lívia Reis dos Santos e Anny Etiene. O bolinho de canjiquinha com costelinha suína recheado com queijo minas artesanal, servido com molho de tomates rústico picante, conquistou os jurados. "Estamos muito felizes. É gratificante para gente, no primeiro período, já começar ganhando o concurso com essa grandiosidade. Sem preço", declararam.
O Sanduíche do Mercadão, de Carlos Eduardo Caminhas Peixoto e Ícaro Roosevelt Faria Xavier, foi o campeão pela Faculdade Arnaldo. Um sanduíche que abraça o paladar mineiro, carregado de processos e ingredientes típicos, pensado para não só homenagear, mas também para fazer parte do dia a dia de quem vive o Mercado Central. "O coração ainda está acelerado, mas valeu a pena. Foi muito bacana", disseram Carlos e Ícaro.
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O brigadeiro de colher de pamonha com queijo Canastra, acompanhado de farofa de pipoca caramelizada com canela, de Camila Silva de Paula, do Senac Minas, foi outro campeão. O inovador Brigadeiro Ô Balancê é uma celebração dos sabores tradicionais brasileiros, transformando ingredientes clássicos em uma sobremesa junina sofisticada e irresistível, segundo a criadora. "Estou muito feliz, superou todas as expectativas. Agora é arrasar na Vila Gastronômica e preparar para esse grande momento, afinal, conseguimos, ganhamos", comemorou Camila.
Do Centro Universitário Una, o vencedor é o prato de Ana Luiza Drumond Lima, Denilson Castilho e Yasmim Juliana Oliveira Santos. O grupo se inspirou na cidade de Jenipapo de Minas, no interior do estado, para criar o Caminho da Roça. "Um dos pratos típicos da cidade é a canjiquinha com costelinha tradicional, servido como um caldo. Resolvemos fazer uma releitura do prato, e criamos o Caminho da Roça, nome que também é um dos comandos da quadrilha", descrevem. O resultado é um bolinho de canjiquinha com costelinha recheado com queijo canastra, acompanhado de dois molhos - maionese verde de alho regada com limão e molho barbecue com goiabada apimentado.
"Esse concurso é muito importante para mim. Sou quadrilheiro desde que nasci. Meus avós são criadores do primeiro festival de quadrilha de BH, esse concurso é a minha cara. Antes de ser cozinheiro, eu sou artista da cultura popular, quadrilheiro junino. É uma satisfação muito grande", declarou Denilson, que também foi campeão do concurso no ano passado.
O júri técnico foi formado pelos chefs de cozinha Maria do Carmo Trevisan (vencedora do MasterChef+ em 2023), Pedro Barbosa (Uaiê Sorvetes) e por Carolina Daher, jornalista, gastrônoma, colunista da Revista Encontro e curadora do Fartura, plataforma digital de produção de conteúdos e experiências gastronômicas. Os influenciadores com foco em gastronomia Dudu Pônzio, proprietário da Dona Torta BH, e Maria Clara Magalhães, apresentadora na Rede 98 FM, também participaram da comissão julgadora.
Para Dudu Pônzio, tudo o que celebra a regionalidade e a cidade é maravilhoso, em suas palavras. "E você vê isso nos ingredientes, como o queijo, o mais vendido no mercado, outros itens como o jiló e doce de leite. É muito bom celebrar com essa coerência de ingredientes. Muito legal ver que eles estudaram, se dedicaram, entenderam a representação da culinária na cultura", destacou. Para Maria do Carmo, também foi maravilhoso. "A organização impecável, os pratos deliciosos. Isso eleva Minas Gerais. E a comida mineira, para mim, é a melhor do Brasil. Fiquei honrada em participar, adorei provar os pratos."
A apresentação do grupo de quadrilha Pé Rachado abrilhantou o evento, parte das blitze juninas que estão acontecendo em diversos lugares de BH.
BH: um destino
Fuad Noman também falou sobre o potencial de Belo Horizonte para sediar grandes eventos e movimentar o turismo e toda a cadeia da economia relacionada ao setor, e reverter os impactos da pandemia, que castigou o segmento na cidade. Belo Horizonte se abriu mais uma vez para importantes acontecimentos, menores ou maiores, que mostram a cidade para o resto do Brasil e do mundo, salientou o prefeito. "Segundo especialistas, depois que isso acontece, há entre 5% e 10% de incremento de turistas estrangeiros que vêm para conhecer a cidade. Estamos de olho nesses turistas que vêm para cá trazer dólar para nós. O trabalho da prefeitura é esse."
Ele citou o sucesso do Carnaval, que nesse ano movimentou R$ 1 bilhão, o Arraial de Belo Horizonte, e a Stock Car, prevista para agosto, como a oportunidades para a capital ser vista por 150 países. “Somos a maior festa junina do Sul e Sudeste. Ainda não do Brasil. Campina Grande (PB) que nos aguarde”.
O chefe do executivo municipal falou ainda sobre outras atrações culturais realizadas na cidade, como os shows do Beatle Paul McCartney, Andrea Bocelli, e Bruno Mars, lembrando a importância de trazer acontecimentos relevantes para a capital.
Carreta tombada
Questionado sobre o tombamento de uma carreta bitrem, que transportava combustível, no Anel Rodoviário, na manhã deste sábado, que causou mais um transtorno para os motoristas, Fuad Noman falou sobre a luta de 20 anos para ter o Anel Rodoviário sob comando da prefeitura.
"Hoje para a Prefeitura cortar um mato que acessa o Anel precisa de autorização do Dnit. Tentamos de todos os jeitos e não conseguimos. Tomei uma decisão. Fui para o Dnit e disse que quero o Anel, vou atrás de dinheiro emprestado e faço o Anel. Está bem encaminhado. Temos oito viadutos que precisam ser totalmente reformulados e já temos projeto para dois. Só precisa da assinatura do Dnit. Vamos tomar conta do Anel, transformá-lo em uma via absolutamente trafegável", assegurou.
Saúde
Sobre o anúncio recente de que está enfrentando um problema de saúde, ele reforçou que está bem, fazendo o tratamento, e citou três desafios. "Primeiro gerir a prefeitura, segundo gerenciar uma campanha - estou montando uma equipe de altíssimo nível -, terceiro enfrentar essa doença. Estou com uma equipe de gabarito. Acho que Deus escolhe as pessoas certas. Quando me escolheu para ter esse tipo de dor, disse, 'você vai', mas vou te dar todos os instrumentos para melhorar. Acho que melhorei, estou mais disposto", disse.