Uma marca carioca de cookies recheados vem dando o que falar nas redes sociais. É o Cookie Pisca, marca do casal carioca Gabriel Carvalho e Felipe Almeida que vende biscoitos para o Brasil inteiro via internet. Ao todo, são seis sabores: nutella, brigadeiro, paçoca, red nutella, red velvet de chocolate branco e brownie chocolate.
Mais que um docinho gostoso, a Cookie Pisca é uma empresa que vende alegria, já que é impossível passar batido pelo duplo sentido do nome ou não dar uma risadinha ao ver a logomarca – um biscoito de costas lançando uma piscadela de um olho só.
A marca existe há mais ou menos um ano e surgiu como uma forma de bancar os estudos de Gabriel, que, na época, cursava moda. “Acho que o cookie é meio que tudo que deu errado na minha vida”, contou ao Estado de Minas. Ele, que já tinha tentado outros cursos anteriormente, precisava de dinheiro para pagar as mensalidades da faculdade. Ao mesmo tempo, Gabriel resolveu criar uma marca de roupas. O negócio até estava indo bem, mas ele resolveu fechar por conta da pandemia.
Foi então que ele resolveu levar os biscoitos mais a sério. A escolha do nome surgiu. “Todo mundo vai amar e não tem como a pessoa esquecer”, explicou. A ideia era criar um cookie neon, que tinha a ver com a ideia de piscar, mas isso acabou não acontecendo. Como queria criar uma identidade visual, Gabriel criou o cookie dando uma piscadinha e acabou pegando.
Apesar do duplo sentido ser algo muito carioca e a empresa ter nascido no Rio de Janeiro, a Cookie Pisca faz mais sucesso em outras partes do país. “A gente vende muito mais para São Paulo do que para o Rio. Muita gente acha que a gente nem é daqui”, apontou. Os cookies também ganharam uma embalagem personalizada que, no início, era impressa em casa em um papel A4, cortada e colada manualmente.
Foi então que um vídeo da página viralizou. E o número de pedidos aumentou vertiginosamente. Gabriel não dava conta sozinho da demanda e precisou recorrer ao auxílio da família. Mesmo assim, ainda era muito trabalho. Foi então que ele resolveu contratar um ajudante.
Humor e sabor
É nessa parte da história que entra Felipe. Ele tinha sido demitido e resolveu abrir um estúdio de tatuagem, só que os negócios não deram certo. Até que ele viu uma vaga para ajudante de confeiteiro na Cookie Pisca resolveu se candidatar, mesmo sem nenhuma experiência na área. No princípio, ele não conseguiu o emprego, mas Gabriel o convidou para gravar vídeos para a marca. “Quando eu vi, eu já tinha saído de casa e estava morando junto”, disse.
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Foi Felipe quem insistiu para que a dupla, uma vez por semana, montasse um estande na feira da Praça XV. No primeiro sábado, eles levaram 200 biscoitos e já venderam todos.
“Até faltou cookie porque a galera falou que era muito engraçado. Hoje, a gente leva 1000 cookies. Na primeira vez, a gente pensou ‘vendeu por causa do nome, que é bom’. Só que aí, depois de 3 meses, você vê que não é hype, o negócio é bom de verdade”, avaliou Felipe.
Felipe também convenceu Gabriel a mudar o foco dos conteúdos na internet e começar a colocar a cara nas postagens para fazer dos cookies um símbolo carioca. E como o humor já faz parte da marca desde a origem, as publicações não podiam ficar de fora. “Tem que levar com humor, as pessoas gostam disso, elas interagem muito com isso. Acho que a galera gosta de saber de onde a gente tá surgindo. A gente mora no último bairro da cidade do Rio de Janeiro, em Santa Cruz, então, para chegar na feira, a gente cruza a cidade”, revelou o novo membro da Cookie Pisca, que está há sete meses no negócio.
Crescimento
Com a Cookie Pisca em expansão, ainda não dá para estimar uma média de faturamento. Mas Gabriel e Felipe contam que já venderam mais de R$ 100 mil em um mês. Por isso, agora eles planejam os próximos passos. O casal está de mudança para uma casa maior, em que vai ser possível separar o local de produção do cantinho de descanso dos dois. Com isso, vai ser possível trazer mais pessoas para trabalhar na produção.
Apesar de ser um passo importante, isso ainda é motivo para preocupação. “Enquanto der para a gente fazer, a gente vai fazendo porque é importante para manter o nível de qualidade. Porque, para botar outras pessoas para fazer, a gente tem que treinar essas pessoas para ficar sempre a mesma coisa. A gente tem muito medo disso, só que a gente vem estudando como migrar para isso, né? Porque a gente tá crescendo de uma forma que a gente tenha confiança no que tá fazendo, sem cair a qualidade e dando mais liberdade para produzir mais conteúdo”, observou Felipe.
A nova casa também terá mais espaço para a gráfica que montaram. Isso porque Gabriel e Felipe nunca encontraram um local que produzisse a embalagem do jeito que queriam. Por isso, eles continuam fabricando os rótulos, mas de um jeito mais profissional.
Vendendo para todo o país
Para conseguir vender biscoitos pelos Correios, o casal tem um grande desafio: fazer os cookies chegarem com qualidade e dentro da validade para os clientes. Como já tinha estudado parte da faculdade de Nutrição, Gabriel foi aprimorar a receita, buscando conservantes que não alterasse o sabor nem a textura do cookies. Foram vários testes até chegar ao resultado perfeito. Hoje, os cookies têm validade de 30 dias após serem assados.
“Hoje, já tem a receita certinha, tem toda a tabela nutricional certinha, tudo é pesado com muita precisão”, contou Gabriel. Os equipamentos também foram aprimorados e, hoje, a batedeira e forno caseiros deram lugar para batedeira e forno industriais.
E se o negócio começou por conta da faculdade de Gabriel, hoje, ele não continua mais com os estudos e nem pretende voltar. Mas isso não significa que ele parou de estudar. Pelo contrário. Toda mudança na marca é pensada com muito cuidado e preparo. Por isso, eles pensam em ajudar novos empreendedores.
“Ele já quebrou muito a cara e aprendeu muita coisa. Então, se a gente puder ensinar o caminho e facilitar esse processo para as pessoas não terem medo de empreender, para entender a burocracia e o vocabulário. Daqui para frente, a gente quer estruturar isso e conseguir mostrar que é super possível empreender numa cidade grande e fazer seu negócio deslanchar”, apontou Felipe, ao contar da intenção de lançar um curso. Outra ideia é ensinar as pessoas a fazerem cookies.
Mais que um doce, é felicidade
O que não falta para Gabriel e Felipe são histórias de clientes para conseguir entender o sucesso do Cookie Pisca. Eles acreditam que o nome se vende muito, mas é a alegria das pessoas que faz as pessoas comprarem. “Uma senhorinha, tipo sete horas da manhã, foi na feira e falou assim: ‘O que vocês estão fazendo é muito bom. Vocês levam felicidade para as pessoas’. É muito legal ouvir isso porque a gente nem imaginava que uma senhora saiu de casa, falou que veio de longe para comer o Cookie Pisca”, destacaram.
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Gabriel confessa que ainda bate uma vergonha de mostrar a cara na internet, mas que aconselha a todo mundo fazer isso para conseguir sucesso nos negócios. “Qualquer pessoa que tiver alguma coisa e tem vergonha cara, mostra porque assim como mudou nossa vida, pode mudar a de qualquer um”, aconselhou.
Onde encontrar
O Cookie Pisca é vendido para todo Brasil em cookiepisca.com.br. Para quem está no Rio de Janeiro, é possível encontrar no iFood, na Zona Sul e Centro do Rio de Janeiro, ou presencialmente na feira da Praça XV todo sábado de 6h às 15h. Também há um ponto de revenda na Banca do André, que fica na praça da Cinelândia ao lado da saída C do metrô.
Em São Paulo, os cookies são vendidos no La Gota Cafeteria, que fica no Shopping Miller Boulevard, no Brás. Cada cookie custa R$ 13. No site, há combos que acabam com um desconto no valor unitário.
Para os fãs da marca, há também uma camiseta personalizada, vendida a R$ 119,90, na internet.