Refrigeração também surgiu da necessidade de fermentar cervejas  -  (crédito: Reprodução/Pixabay)

Refrigeração também surgiu da necessidade de fermentar cervejas

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É fato que os brasileiros são fãs de uma cerveja gelada, tanto que parece que a geladeira foi criada só para manter a bebida no ponto perfeito. Será? Bom, ela é consequência de uma série de inovações, mas o professor da Escola Mineira de Sommelieria Henrique Dias afirma que a refrigeração também foi fruto da necessidade de fermentar as cervejas em baixas temperaturas. 

 


O especialista sobre a bebida explica que existem dois tipos de fermentação: a Ale e a Lager. A Ale fermenta temperaturas altas, já a Lager, as mais baixas, como a cerveja Pilsen, por exemplo. Ele comenta que, quando se pensa no período pré-histórico, sabe-se que o equipamento para fermentações em temperaturas frias eram blocos de gelo. “Eles pegavam grandes blocos de gelo e colocavam em cavernas para fermentar cervejas em baixas temperaturas, mas isso era pouco prático”.


O “marco da cerveja”, Henrique comenta, se deu ainda por volta de 1873, quando o engenheiro alemão Carl Von Linde criou um sistema de refrigeração para a Spaten, cervejaria alemã. Além de, posteriormente, ter sido chamado pela cervejaria irlandesa Guinness para desenvolver um sistema de refrigeração artificial, o que contribuiu diretamente para a geladeira moderna que conhecemos hoje. 

 

Nesse momento, foi criado algo mais avançado que fermentava e conservava melhor a bebida. O professor define o alemão como o “mais icônico e mais citado”, mas, antes dele, o australiano James Harrison também foi crucial para os princípios da refrigeração, inclusive, ele quem recebeu a primeira patente para a invenção.



A origem da cerveja 

 

Marcelo Magnabosco, também professor da Escola Mineira de Sommelieria, explica ainda que no período ambientado pelos sumérios na Região da Mesopotâmia, no início da revolução agrícola, os excedentes da produção de cereais se molhavam e “era essa água que fazia com que o grão germinasse e finalizasse na conversão do amido e em uma fermentação espontânea”. Ainda segundo Magnabosco, não se sabe se isso foi um fator acidental ou não, mas resultou na origem das primeiras cervejas

 


“Os primeiros rastros da escrita só aparecem cerca de 3400 a.C., assim, os documentos iniciais não indicam um caminho direto sobre as origens da cerveja. Mas o seu surgimento esteve diretamente associado com a produção doméstica dos cereais”, diz.


O código de leis mais antigo já descoberto, o Código de Hamurabi, também já citava a cerveja e estabelecia até mesmo pena de morte por afogamento para quem fosse pego vendendo cerveja ruim ou adulterada, “mas não sabemos exatamente o que era ‘ruim’ na época”, ele comenta.

 


Os cereais eram a base da economia, então, não só alimentaram os habitantes das primeiras cidades como também foram importantes moedas de troca. “A cerveja é uma relíquia líquida e está muito ligada com a própria história da origem da civilização humana”.